GP da Rússia de F1: Chuva destrói sonho de Norris, Hamilton chega à 100ª

Por a 27 Setembro 2021 18:32

Lewis Hamilton venceu o Grande Prémio da Rússia, conquistando o seu centésimo triunfo na Fórmula 1, uma corrida que parecia nas mãos de Lando Norris, mas que a chuva e a opção do inglês deixaram nas mãos do seu conterrâneo.

O piloto da Mercedes não teve um fim-de-semana fácil num circuito que é talhado para o carro de Brackley, como se verificou na sexta-feira, quando ficou claro que o W12 era a máquina mais competitiva em Sochi e nem mesmo o Red Bull RB16B Honda nas mãos de Max Verstappen parecia ser uma ameaça.

Uma dobradinha estava ao alcance dos homens da marca de Estugarda, até porque o holandês arrancava da última posição por ter montado uma nova unidade de potência, mas os responsáveis pela equipa e Hamilton pareciam interessados em complicar a situação.

Com a prevista chuva a chegar ao traçado russo na manhã de sábado, a terceira sessão de treinos-livres foi cancelada, dado a pista estar completamente alagada, mas a qualificação foi realizada à hora marcada.

O asfalto estava molhado, obrigando à utilização de pneus intermédios, mas com tendência a secar, podendo no final da Q3 estar pronta para slicks.

E foi o que se verificou. No final do derradeiro segmento da qualificação, começava a verificar-se uma trajectória seca e rapidamente a maior parte das equipas chamaram os seus pilotos às boxes, conscientes de que, face às condições, as borrachas marcadas a vermelho precisavam de duas voltas para ficarem na temperatura correcta de funcionamento.

No entanto, a Mercedes reagiu demasiado tarde, deixando os seus pilotos, que com os seus cronos de intermédios estavam confortavelmente no comando da tabela de classificação, sem tempo para realizar as duas voltas de aquecimento.

Para agravar a situação, Hamilton batia na entrada para as boxes, partindo a asa dianteira do seu Mercedes e atrasou todo processo de troca de pneus, inclusivamente, a de Bottas.

Ambos ficaram expostos aos seus adversários e Hamilton, que batia ligeiramente numa barreira de pneus durante a sua única volta lançada com slicks, via-se batido por Norris, Carlos Sainz e George Russell.

Por seu lado, Bottas caiu para sétimo, mas ao montar novos componentes da sua unidade de potência Mercedes para a corrida, dava um trambolhão para o décimo sexto posto, deixando de ser um factor na luta pela vitória.

Não era ideal, para Hamilton arrancar de quarto, mas num circuito com uma longa aceleração até à primeira travagem, com um bom cone de aspiração, o inglês poderia ganhar posições e colocar-se firmemente na luta pela vitória.

No entanto, a partida não correu da melhor forma ao piloto da Mercedes, sendo enquadrado por Norris e Carlos Sainz na aproximação à primeira travagem, perdendo lugares para Daniel Ricciardo, Lance Stroll e Fernando Alonso.

Do espanhol, que estava com pneus duros no seu Alpine, desenvencilhou-se na segunda volta, mas dos restantes a situação era diferente uma vez que Russell não tinha acesso a DRS, não conseguia acompanhar Sainz, o líder, e Norris, mas com a superior velocidade de ponta do seu Williams, não era ameaçado por Stroll, o quarto, ficando este duo juntamente com o australiano e o inglês num comboio em que ninguém conseguia atacar ninguém.

Os dois da frente aproveitavam para se distanciar dos seus perseguidores e, na sétima volta, o piloto da Ferrari tinha já uma vantagem de oito segundos para o jovem da formação de Grove e mais de dez para o heptacampeão mundial.

No entanto, tal como se verificara nos treinos-livres de sexta-feira, a granulação dos pneus dianteiro-esquerdo era um problema para algumas equipas e Sainz era um deles, assim como Russell e Stroll, parando estes na décima quarta, décima terceira e décima segunda voltas, respetivamente, deixando os dois McLaren nas duas primeiras posições. Parecia uma reminiscência de Monza, até porque Hamilton voltava a não mostrar capacidade para suplantar Ricciardo.

O piloto da Mercedes foi perdendo tempo até que o australiano entrou nas boxes, ficando, inclusivamente, com Sérgio Pérez nos seus espelhos.

O homem da McLaren trocou de pneus na vigésima primeira volta e, com uma operação muito lenta, deixou de ser um factor na luta pelos lugares do pódio.

Hamilton estava, finalmente, com a pista livre à sua frente, podendo explorar todas as potencialidades do seu Mercedes. Apesar de estar já a quase catorze segundos de Norris, com trinta e uma voltas pela frente, a vitória era ainda uma possibilidade.

Quatro voltas mais tarde, era a vez de o inglês entrar nas boxes, tendo conseguido recuperar 2,3s ao seu conterrâneo da McLaren – provavelmente este não era o impacto que Hamilton esperava.

Com tempo para reagir, Norris parava apenas na vigésima oitava volta, estando os dois primeiros separados por oito segundos, quando o piloto da McLaren deixou as boxes.

O heptacampeão começou então uma recuperação fulgurante e quando passou pela linha de meta pela quadragésima quinta vez, estava já a menos de dois segundos do seu conterrâneo.

Contudo, uma vez mais, ultrapassar um piloto da McLaren revelava-se quase uma impossibilidade para Hamilton que não tinha como contrapor a superior velocidade de ponta do monolugar de Woking.

Norris não tinha dificuldade em manter-se ao abrigo de qualquer ataque e parecia estar a caminho da sua primeira vitória na Fórmula 1 com uma performance adulta e brilhante.

Mas o destino quis que a chuva que impediu a realização da terceira sessão de treinos-livres, voltasse a aparecer em Sochi para a ponta final da corrida.

Na quadragésima sexta volta a Curva 5 ficava molhada, dificultando a vida a todos e sobretudo aos estrategas das equipas.

Numa primeira fase, era evidente que os pneus slicks eram ainda os mais eficazes, uma vez que o resto do circuito estava ainda seco, mas a chuva intensificava-se. Com cada vez menos voltas para o final da corrida, o tempo que poder-se-ia eventualmente ganhar com intermédios, poderia não ser suficiente para ganhar tempo perdido nas boxes.

Na liderança com Norris, esta era ainda uma decisão mais difícil para a McLaren que não podia reagir às decisões da Mercedes.

A formação de Brackley chamou o seu piloto quadragésima nona volta para montar pneus intermédios, esperando que a chuva se intensificasse, ao passo que Norris permanecia em pista, esperando que as condições não piorassem.

Mas a sorte e o tempo não estavam do lado do jovem inglês e, pouco depois, o céu abriu, molhando toda a pista. Subitamente, o jovem da McLaren, com slicks duros, perdia segundos atrás de segundos para Hamilton, ficando bem claro que apostara erradamente em manter-se em pista. Para o sublinhar, na quinquagésima primeira volta, já com o piloto da Mercedes nos seus espelhos, Norris não evitou uma ligeira saída de pista, entregando o comando ao seu conterrâneo.

O piloto da McLaren, depois de uma performance notável, era obrigado a rumar às boxes para montar pneus intermédios, vendo-lhe escorregar por entre as mãos a sua primeira vitória na Fórmula 1…

Já Hamilton, com a entrada nas boxes no momento certo, garantia o seu centésimo triunfo na categoria máxima e reassumia a liderança no Campeonato de Pilotos. No entanto, nesta área, o heptacampeão mundial não deixará de ter sentido alguma frustração ao ver que o seu rival na luta pelo título terminou no segundo posto, depois de ter arrancado de último, à frente de Sainz.

Após as celebrações, merecidas, os homens da Mercedes não deixarão de ter alguns erros para analisar e a preocupação de saber que a fiabilidade das suas unidades de potência está longe do desejado, podendo ter um impacto direto na decisão do título.

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