GP da Arábia Saudita F1: conclusões interessantes para o resto da temporada

Por a 10 Março 2024 18:51

O Grande Prémio da Arábia Saudita não foi a corrida mais espetacular da história da Fórmula 1, mas, apesar da vitória de Max Verstappen e da dobradinha da Red Bull, talvez a prova de Jeddah nos tenha dado algumas conclusões interessantes para o resto da temporada.

Estará a Red Bull assim tão distante?

Uma vez mais, o Tricampeão Mundial de Fórmula 1 venceu, o que não é novidade, seguido de Sérgio Pérez, repetindo o desfecho do Bahrein, não sendo um resultado exaltante para os adeptos de Fórmula 1, que querem ver luta pelos triunfos e vitoriosos diferentes.

No entanto, Charles Leclerc, que ficou, no final da prova de cinquenta voltas, a 18,6s de Verstappen, poderá ter deixado algum sinal de esperança.

É evidente que o Red Bull RB20 é ainda superior ao Ferrari SF-24, mas a diferença entre os dois carros, pelo menos em Jeddah, não foi tão grande como se à primeira vista se pode perceber e como a ultrapassagem de Pérez ao monegasco deixa antever.

Ficou claro que o DRS do carro de Milton Keynes é ainda muito potente, o mexicano conseguiu desenvencilhar-se de Lewis Hamilton e Lando Norris com muito maior facilidade que Leclerc, mas depois de ambos terem ultrapassado estes dois pilotos, o que aconteceu na vigésima sétima volta, o piloto da Ferrari perdeu apenas 1,5s para o da Red Bull, tendo este beneficiado do tempo que o ‘ferrarista’ levou para chegar a terceiro, para criar uma vantagem de 8,7s, o que foi determinante para que Pérez mantivesse o segundo posto, apesar da penalização de cinco segundos que sofreu por ter sido enviado para ‘fast lane’ da boxes e para o caminho de Fernando Alonso, quando todo o pelotão parou na sétima volta – excepto Norris, Hamilton, Guanyu Zhou e Nico Hulkenberg.

Mesmo para Verstappen, Leclerc perdeu apenas 3,007s entre a vigésima sétima volta e o final da corrida, o que equivale a cerca de 0,13s por volta, uma diferença bem menor que a exagerada pelo tempo que o monegasco levou a ultrapassar Hamilton e Norris.

Igualmente interessante, foi o facto de a distância máxima entre Verstappen e Leclerc ter sido verificada na trigésima nona volta, 21,1s, passando daí para a frente o piloto da Ferrari passado a ganhar tempo aos dois pilotos da Red Bull, vendo a bandeira de xadrez 18,6s do neerlandês, tendo assinado a volta mais rápida precisamente na última volta que cruzou a linha de meta.

É claro que nenhum dos pilotos da equipa de Milton Keynes estava no máximo do potencial do seu carro nas derradeiras onze voltas da prova, mas também Leclerc não estava ameaçado e, significativamente, o piloto da Ferrari não preparou um ataque à volta mais rápida – não carregou a bateria para a descarregar totalmente numa volta – foi uma volta de corrida normal, tendo batido neste exercício Verstappen, que tentou fazer o mesmo. Ainda assim, Leclerc foi beneficiado por um DRS no segundo sector.

No entanto, ficou a ideia de que Leclerc estava mais forte na parte final da corrida que os dois pilotos da Red Bull.

Isto pode dever-se a uma postura pouco agressiva da Ferrari, que temendo problemas de pneus, como tinha no ano passado, está a adotar estratégias muito conservadoras no início da cada um dos ‘stints’ para não correr o risco de ficar sem borrachas.

No entanto, com um conhecimento maior do seu carro, talvez a ‘Scuderia’ possa arriscar mais nas próximas provas.

Fica, portanto, a certeza de que a Red Bull tem ainda uma vantagem técnica sobre a Ferrari, mas esta não está tão longe como aparenta, sendo claro que o SF-24 sofre mais no ‘ar sujo’ que o RB-20 e isso é determinante em diversas circunstâncias.

Jogada da McLaren e da Mercedes – opção ou obrigatoriedade?

Quando o Safety-Car entrou em pista na sétima volta, apenas quatro pilotos – Lando Norris, Lewis Hamilton, Nico Hulkenberg e Guanyu Zhou – não entraram nas vias das boxes para realizar a troca de pneus única que seria esperada em circunstâncias normais, tal o baixo desgaste de pneus que a pista de Jeddah provoca.

Na verdade, nenhum dos casos destes pilotos a decisão de não realizar a troca de pneus aquando da neutralização da corrida se deveu a uma opção estratégica, foi antes a proximidade aos respetivos colegas de equipa que impedia que realizassem a sua passagem pelas boxes sem perder tempo parados enquanto a sua equipa terminava a operação de mudança de pneumáticos no outro carro da mesma cor.

Num circuito em que o desgaste de pneus é muito baixo, esta era uma opção mais fácil de tomar, a de continuar em pista, até porque a possibilidade de uma nova situação de Safety-Car ou, até, o aparecimento de bandeiras vermelhas, poderia permitir que estes pilotos tivessem uma situação estratégica benéfica.

No entanto, até ao fim da corrida não voltou a haver situação para que houvesse intervenção da direção de prova, ficando Norris e Hamilton em desvantagem relativamente aos pilotos à sua volta.

Quando o piloto da McLaren e o da Mercedes passaram finalmente pelas boxes, na trigésima sexta e na trigésima sétima, respectivamente, saíram atrás de Oliver Bearman, que se estreava num Grande Prémio de Fórmula 1 aos comandos de um Ferrari.

Com uma vantagem de pneus de cerca de trinta voltas mais frescos e com borrachas macias, contra médios do jovem inglês, poder-se-ia esperar que rapidamente Norris e Hamilton apanhassem e suplantassem o piloto que foi convocado para substituir Carlos Sainz, o que ainda assim seria para o recruta da McLaren um resultado aquém do esperado, uma vez que, avaliar pelo resultado de Oscar Piastri, poderia esperar um quinto posto.

No entanto, o desgaste quase menosprezável dos pneus, e uma performance impressionante do novato Bearman, levou a que o sétimo posto deste nunca estivesse em risco, terminando Norris em oitavo e Hamilton em nono, tendo sido fatal para as aspirações ambos o Safety-Car da sétima volta.

No caso de Nico Hulkenberg, a sua paragem tardia acabou por dar resultado, mas isso deveu-se ao seu ‘guarda-costas’, Kevin Magnussen, que foi atrasando os carros que seguiam no seu encalço, permitindo criar um fosso entre si e Guanyu Zhou, que também tinha de parar, o que assegurou que o alemão da Haas regressasse ao décimo posto depois da sua troca de pneus.

Norris e Hamilton nunca poderiam esperar um ‘segurança’, como Hulkenberg teve direito…

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