GP Bélgica F1: O que se passou com a Ferrari?

Por a 28 Agosto 2022 20:38

Max Verstappen venceu concludentemente o Grande Prémio da Bélgica, liderando a dobradinha da Red Bull perante uma Ferrari que não tinha resposta para o andamento dos monolugares da equipa de Milton Keynes e ainda sofreu para garantir um pódio.

Até à pausa estival, os monolugares das formações que venceram até agora todos as provas da temporada têm estado separados por um ou dois décimos de segundo por volta, muitas vezes menos que isso, foi, portanto, com grande surpresa que se verificou uma diferença abissal entre as duas máquinas ao longo dos mais de sete quilómetros do circuito desenhado na floresta das Ardenas.

O motivo mais simples para justificar a súbita quebra de performance da Ferrari seria apontar a nova Directiva Técnica imposta pela FIA para minimizar os efeitos do ‘porpoising’ na saúde dos pilotos e que teve um impacto no fundo dos carros.

Não colocando de parte inteiramente esta possibilidade, na verdade o F1-75 sempre foi mais afetado que o RB18 pelo fenómeno, logo a alteração pode ter tido um impacto maior no carro italiano, poderá haver alguns fatores mitigantes que levam a que se tenha verificado a diferença que se observou entre o Red Bull e o Ferrari.

Nos circuitos já visitados este ano foi possível verificar que os dois monolugares obtêm os seus tempos de uma forma completamente diferente – quase antagónica.

O carro de Milton Keynes evidencia uma aerodinâmica que lhe permite escorregar de forma muito eficaz pelo ar ao mesmo tempo que gera ‘downforce’ através do seu fundo com túneis venturi.

Por seu lado, o monolugar de Maranello tem um coeficiente de penetração aerodinâmico mais elevado, o que implica mais arrasto, daí ser normal não conseguir alcançar a velocidade de ponta do seu rival, mas conseguir, normalmente, compensar essa desvantagem nas curvas.

Daí a vantagem que o Ferrari mostrou em Monte Carlo e Hungaroring (ainda que sem resultados palpáveis devido a erros estratégicos), onde o ‘downforce sujo’ não é um problema, ao passo que num traçado em que a eficiência aerodinâmica, como é o caso de Spa-Francorchamps, é uma característica imperativa para ser competitivo, o Red Bull estava no seu ambiente, sobretudo nas mãos de Max Verstappen, que esteve num nível estratosférico.

Na pista belga, onde a grande parte das curvas são de alta velocidade, o ‘drag’ criado pelo F1-75 não lhe permitia compensar o tempo que perdia para o RB18 nas retas, tendo o holandês sido até ligeiramente mais rápido que Charles Leclerc no segundo sector, o mais sinuoso, durante a qualificação, vantagem que se exacerbou na corrida e aqui entra o segundo fator que poderá ter deixado a Ferrari em dificuldades.

Percebendo que, em performance pura não bateria a Red Bull, os homens da formação transalpina apostaram em proteger os pneus para a corrida num fim-de-semana em que foi impossível verificar a durabilidade das borrachas da Pirelli, adotando uma maior carga aerodinâmica.

No entanto, com a subida de temperatura que se verificou de sábado para domingo em Spa-Francorchamps, mais de 15ºC, esta opção ter-se-á revelado contraproducente, uma vez que sobreaqueceu os pneus usados por Carlos Sainz e Charles Leclerc, levando ao desgaste térmico de que o espanhol se queixou no final da prova quando conversava com Verstappen e Pérez na ‘cooldown room’.

Seguramente que os alarmes soaram, mais uma vez, em Maranello após o Grande Prémio da Bélgica, mas poderá ser demasiado cedo para tirar conclusões.

Porém, se em Zandvoort, um circuito que parece ter sido talhado para o Ferrari, se voltar a verificar um domínio da Red Bull, então o F1-75 terá sido sofrido um impacto significativamente maior que o RB18 com a nova Directiva Técnica da FIA e a restante temporada poderá ser um passeio para Verstappen.

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