GP Bahrein F1: Falta de agressividade da Ferrari facilita segundo lugar de Pérez

Por a 3 Março 2024 18:14

Max Verstappen dominou completamente o Grande Prémio do Bahrein, mas assistiu-se a um duelo interessante entre Sergio Pérez e Carlos Sainz pelo segundo posto, tendo a Ferrari, talvez, sido demasiado conservadora com a corrida do espanhol.

Ambos os pilotos tinham tido uma qualificação abaixo do par – o recruta da Red Bull não ia além de quinto na grelha de partida, a quase quatro décimos de segundo do seu colega de equipa, ao passo que o homem da ‘Scuderia’ quedava-se pelo quarto posto, a um décimo de Charles Leclerc, deixando que George Russell se intrometesse entre eles.

Para piorar a situação de Sainz, no arranque, em vez de se bater por ganhar uma posição ao piloto da Mercedes, via-se suplantado por Pérez, caindo para quinto.

Enquanto Verstappen fugia no comando, estes dois pilotos tinham de se desenvencilhar de Leclerc, com problemas de travões, e de Russell, com dificuldades com o arrefecimento da unidade de potência do seu Mercedes.

O mexicano ultrapassou-os em pista, ao passo que o espanhol beneficiou das paragens madrugadoras para trocar de pneus dos dois pilotos com problemas para ascender ao terceiro posto, a menos de dois segundos do homem da Red Bull.

Pérez parava na décima segunda volta, ao passo que a Ferrari pretendia maximizar a gestão dos pneus e chamava o seu piloto apenas na décima quarta passagem pela linha de meta, o que o voltava a colocar atrás de Russell e Leclerc.

Isso, contudo, não lhe custou muito tempo, voltando ao encalço do mexicano com uma desvantagem de 2,4s. Mas a rodar consistentemente no ‘ar sujo’ do Red Bull número onze, o piloto da ‘Scuderia’ não chegava à zona de DRS de Pérez, devido à turbulência, e para dificultar ainda mais a sua situação, os seus pneus sofriam mais, o que o levava a perder um segundo para o seu rival.

No entanto, quando se esperava uma postura mais agressiva da parte da Ferrari, Sainz não tinha ameaças reais ao seu terceiro lugar e Leclerc estava no quarto posto, a formação de Maranello mantinha uma abordagem conservadora.

Sainz tinha pneus duros para o terceiro ‘stint’, ao passo que Pérez tinha macios, sabendo-se que Verstappen tinha realizado dezassete voltas sem dificuldades no início da corrida com os seus pneumáticos marcados a vermelho, seria de esperar que o mexicano conseguisse completar vinte no final da prova, com o carro mais leve e pista mais fresca e com mais borracha.

Poderia ser o momento para que a Ferrari forçasse a mão da Red Bull, antecipando a paragem do espanhol, para deixar à sua rival a decisão de reagir e parar também o seu piloto, correndo o risco de ficar sem pneus nas últimas voltas, ou manter Pérez em pista, perdendo o segundo lugar para Sainz quando parasse, o que obrigaria a forçar o andamento para o recuperar.

A Ferrari, contudo, chamaria apenas o espanhol na trigésima quinta volta, a vinte e duas da bandeira de xadrez, deixando à Red Bull a decisão fácil de responder na volta seguinte, mantendo Pérez o segundo posto.

Até ao final da corrida, Sainz perseguiu o mexicano na esperança de que os pneus deste cedessem, mas isso acabou por nunca acontecer, conseguindo a Red Bull uma dobradinha no primeiro Grande Prémio da temporada facilitada por uma abordagem estratégica demasiado conservadora da parte da Ferrari.

Charles Leclerc, apesar de ter sentido a espaços uma diferença de 100ºC entre os travões dianteiros do seu monolugar – um problema que também foi sentido, ainda que com menos intensidade, por Sainz – terminava em quarto a catorze segundos do seu colega de equipa, mostrando-se bastante desapontado com a forma como a sua corrida se desenvolveu.

Os problemas de travões dos dois Ferrari ter-se-ão devido a condutas de arrefecimento demasiado fechadas, para optimização aerodinâmica, o que criava uma um sobreaquecimento anormal, quando os dois pilotos da formação de Maranello rodavam no tráfego, algo que será mudado a tempo de Jeddah.

Apesar dos problemas, a Ferrari conseguiu bater sem dificuldades a Mercedes, que também tinha as suas próprias questões – uma configuração agressiva de arrefecimento do V6 turbohíbrido germânico, fazia com que este sobreaquecesse, obrigando os dois pilotos a fazer ‘lift and coast’ desde o início da corrida, o que tinha um custo de 0,4s por volta.

Russell ainda salvou um quinto lugar, mas Lewis Hamilton não foi além de sétimo, sendo batido por Lando Norris, no melhor dos McLaren.

A equipa de Woking não teve problemas durante a corrida, mas num circuito com muitas curvas de baixa, o MCL38 não exprime o seu potencial, tendo mostrado ser o quarto carro em pista à frente do Aston Martin AMR24.

A equipa que ostenta as cores do construtor britânico melhorou relativamente ao ano passado, mas não tanto como as quatro equipas da frente, o que significa que em vez de lutar pelos lugares do pódio, tem de se contentar, para já, com as últimas posições pontuáveis, ficando Fernando Alonso em nono e Lance Stroll em décimo.

Depois da prova de Sakhir, parece ser evidente que Verstappen está um passo à frente de toda gente, podendo a Ferrari incomodar, pelo menos, Pérez, ao passo que a Mercedes e a McLaren estão muito próximas e a Aston Martin atrás destas.

Porém, as diferenças são curtas e poderão balançar para qualquer um dos lados de circuito para circuito, com a certeza de que Verstappen será o mais forte.

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