GP Azerbaijão F1, Mattia Binotto: “ainda não estamos prontos”

Por a 13 Junho 2022 18:28

A Ferrari teve um GP para esquecer, com o abandono dos seus dois carros, tendo Mattia Binotto assumido que existem problemas que não sabe ainda quando poderão ser resolvidos, mas sublinha que prefere um carro performante e com questões de fiabilidade a um à prova de bala, mas sem prestações para vencer.

Na 20ª volta já nenhum dos carros de Maranello estava em prova, abandonando ambos, situação que já não ocorria desde o GP da Grã-Bretanha de 1997.

A situação é ainda mais grave porque foi o segundo abandono Charles Leclerc por problemas na unidade de potência, em três corridas, tendo o monegasco perdido uma vitória certa em Espanha e, pelo menos no Azerbaijão, um pódio, mas o triunfo estava claramente no horizonte.

O congelamento do desenvolvimento das unidades de potência, que está a ser implementado este ano, levou a que todos os construtores assumissem riscos, uma vez que após a homologação das unidades motrizes até ao final de 2025, são apenas permitidas alterações relacionadas com fiabilidade.

Para além disso, no caso da Ferrari, os técnicos de Maranello tinham de dar um salto de performance significativo, depois dos seus anteriores projetos terem ficado aquém da competitividade dos produtos da Mercedes e da Honda devido à clarificação regulamentar realizada pela FIA no início de 2020.

Talvez por isso, Mattia Binotto não foi apanhado desprevenido com as questões técnicas que afligiram a equipa recentemente. “Não estou surpreendido, mas certamente preocupado e desapontado porque são coisas que temos de tentar corrigir e ainda não o fizemos. Não posso culpar a equipa porque sei o trabalho que têm vindo a realizar para fazer face ao défice de performance do passado.

É uma longa viagem. Há ainda um outro passo que é necessário neste momento. O trabalho ainda não está terminado, mas vamos fazê-lo. Prefiro ter uma boa performance e tentar corrigir a fiabilidade”, afirmou o chefe de equipa da Ferrari após a prova azeri.

A abordagem adotada pelo italiano é a correta, face ao cenário que se vive, mas a questão é a crescente falta de fiabilidade das unidades de potência de Maranello, uma vez que, para além dos problemas que se verificaram com Leclerc, também foram observadas questões com as equipas que usam os V6 transalpinos.

Nas primeiras provas da temporada o motor Ferrari mostrou fiabilidade, mas a partir de Miami, começaram a surgir problemas.

Curiosamente, no início da época corriam rumores que os técnicos de Maranello estavam a limitar a performance das suas unidades de potência para avaliar os seus níveis de fiabilidade, o que cria a ideia de que quando foi necessário aumentar as prestações, começaram a surgir os problemas.

Em Espanha foi uma questão no turbo – MGU-H a atirar Leclerc para o abandono, ao passo que no Azerbaijão a equipa transalpina não sabe ainda qual o problema, o que cria dificuldades acrescidas à Ferrari, que no próximo fim-de-semana tem já outra corrida, no Canadá, circuito que exige muito do motor. “É uma preocupação, ainda mais porque não tenho a resposta que gostaria de ter neste momento sobre qual foi o problema”, disse Binotto.

A unidade de potência que deixou Leclerc apeado em Baku irá agora para Maranello onde será alvo de uma profunda análise, havendo três cenários possíveis para a prova canadiana, mas a situação da Ferrari não será fácil em Montreal. “Não sei qual será a estratégia que teremos de adotar. Se é simplesmente realizar menos quilómetros, ou um tipo diferente de utilização, ou uma solução rápida, porque o que aconteceu só precisa de uma solução rápida. É algo que entenderemos nos próximos dias e teremos uma resposta mais clara quando estivermos no Canada”, apontou o italiano.

Seja como for, a verdade é que as questões de fiabilidade de que tem sido alvo, sobretudo, Charles Leclerc estão a deixar a equipa numa situação difícil no que diz respeito à luta pelos títulos, estando agora a Ferrari no segundo posto dos Construtores a 80 pontos da Red Bull, ao passo que o monegasco, que liderava, está agora no terceiro posto do campeonato.

No entanto, Binotto aponta que a equipa ainda não está pronta para lutar por títulos, uma doutrina coerente com os seus comentários antes do início da temporada, quando sublinhava que este ano o objetivo era que a Ferrari fosse competitiva e lutasse por vitórias, algo que está a ser conseguido. “Ainda há um caminho a percorrer para chegar ao topo, acho que provámos que tivemos alguns problemas na última corrida, e estamos apenas focados em tentar melhorar. Só no final da época vamos fazer as contas e ver onde estamos.

A minha única preocupação é o que nos falta e temos problemas de fiabilidade, tivemos o arranque do Charles que não foi perfeito, tivemos um problema no ‘pit-stop’, tivemos problemas no último evento.

Portanto, ainda há muito para progredir, sem olhar para os outros. Não é com isso que nos preocupamos, estamos focados em nós mesmos”, disse Binotto.

É claro que a Ferrari passaria por dores de crescimento, mas com um carro competitivo e, pelo menos, um piloto pronto para se bater pelo campeonato, a oportunidade está em cima da mesa, cabendo à equipa reagir e encontrar soluções. Veremos como a Ferrari dá volta.

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