GP Azerbaijão F1: Desastre da Ferrari facilita dobradinha da Red Bull

Por a 13 Junho 2022 19:15

A Red Bull conseguiu uma dobradinha, liderada por Max Verstappen, no Grande Prémio do Azerbaijão, um resultado que parecia difícil de alcançar, mas que foi facilitado pelo duplo abandono da Ferrari, que teve uma passagem por Baku para esquecer.

Esperava-se que o circuito azeri pudesse favorecer o carro de Milton Keynes, que ao longo da temporada mostrou ter uma velocidade de ponta superior ao seu congénere de Maranello, mas a “Scuderia” tinha um trunfo na manga.

Na segunda sessão de treinos-livres, a Ferrari montava nos monolugares de Charles Leclerc e Carlos Sainz uma asa de baixo arrasto aerodinâmico e, subitamente, a vantagem de cerca de 0,3s que o Red Bull tinha sobre o carro italiano no terceiro sector era erodida, deixando as duas equipas num plano muito semelhante de performance, tanto em situação de qualificação como de corrida.

Na sessão que definiu a grelha de partida, o monegasco assinava o seu habitual brilhantismo e conquistava uma pole-position impressionante, deixando Sérgio Pérez, que continuava a impor-se no seio da equipa de Milton Keynes, a uns expressivos 0,282s. Carlos Sainz não conseguia exibir o mesmo andamento do seu colega de equipa e quedava-se pelo quarto lugar a 0,455s de Leclerc.

Este era o cenário para a corrida e, num circuito em que o ónus do desgaste de pneus está no eixo traseiro, a gestão das borrachas da Pirelli poderia não ser um problema para o Ferrari F1-75, que, pelo menos, até a introdução do pacote aerodinâmico de Barcelona, se mostrava ligeiramente mais voraz para os pneumáticos dianteiros.

Numa prova em que a melhor estratégia passava por uma visita às boxes, mas em que situações de Safety-Car/Safety-Car Virtual ou até bandeiras vermelhas poderiam ser decisivas para o desfecho da corrida, os quatro pilotos das duas equipas de ponta optaram pelos pneus médios com o intuito de poderem fazer funcionar o plano ideal caso fosse necessário, mas sem correr o risco de perder posições no arranque, o que poderia acontecer caso os apetecidos pneumáticos duros fossem os escolhidos.

A Ferrari sofreria o seu primeiro golpe no arranque, quando Sérgio Pérez reagiu melhor aos semáforos que Charles Leclerc, assumindo a liderança, seguido do monegasco que foi bastante acossado por Max Verstappen, ao passo que Carlos Sainz rapidamente perdeu o contacto com os três primeiros.

O mexicano forçou o andamento nos primeiros momentos e na terceira volta tinha já uma vantagem de 2,2s para o monegasco que, no entanto, e ao contrário do que ocorrera em Miami e na Arábia Saudita, não tinha dificuldades em manter o Campeão do Mundo atrás de si, apesar deste ter acesso ao DRS.

Leclerc não se mostrava satisfeito com o comportamento dos pneus médios, mas a diferença para Pérez estabilizara e era este que se mostrava em dificuldades com as borrachas traseiras, que foram alvo de um enorme esforço durante as primeiras voltas.

Foi então que a Ferrari sofreu o seu segundo golpe da tarde, quando Carlos Sainz abandonava em pista com problemas hidráulicos no seu carro.

O fantasma da fiabilidade voltava a pairar sobre a “Scuderia”, mas ainda assim a Ferrari reagia bem à situação de Safety-Car Virtual, chamando o seu piloto às boxes para montar pneus duros, ao contrário da Red Bull, que mantinha Pérez e Verstappen em pista.

Leclerc perderia dez segundos neste cenário com a sua troca de pneus, ao contrário dos vinte que cederia em condições normais.

O monegasco não tinha uma paragem limpa, o macaco dianteiro demorou muito a ser retirado, cedendo cerca de três segundos, mas ainda assim ficava numa situação confortável e colocava a Red Bull sob pressão, até porque a possibilidade de uma nova situação de Saefety-Car/Safety-Car Virtual era elevada.

Assim que a pista ficou sob bandeira verde, Leclerc, agora em terceiro a dezasseis segundos de Pérez, começou imediatamente a ganhar terreno aos dois pilotos da formação de Milton Keynes e na décima quinta volta estava já a apenas dez segundos de Verstappen, que, entretanto, superara o seu colega de equipa, em dificuldades com os pneus traseiros do seu monolugar.

A Red Bull não podia esperar mais, sob o risco de permitir que Leclerc se aproximasse em demasia, chamando mexicano na décima sexta volta e o holandês duas depois, deixando o piloto da Ferrari no comando.

No entanto, neste momento, já Leclerc tinha ganho tempo suficiente para que pudesse entrar nas boxes por uma segunda vez sem perder a liderança, sendo imperativo que Verstappen e Pérez, com pneus mais frescos, ganhassem tempo ao monegasco.

Porém, a incerteza estratégica esfumou-se rapidamente com um terceiro golpe nas pretensões da Ferrari, quando na décima nona volta Leclerc rumava às boxes com o seu carro a fumegar devido a problemas terminais na sua unidade de potência.

Pela segunda vez em três corridas, Leclerc desistia devido a problemas de fiabilidade enquanto liderava e estava claramente na luta pela vitória, tendo agora alguma vantagem táctica relativamente a Verstappen, uma vez que o monegasco, numa nova situação de Safety-Car Virtual teria a iniciativa de parar ou não, deixando a Red Bull na posição de reagir.

Mais tarde, quando Kevin Magnussen abandonou, na trigésima terceira volta, causando nova neutralização no circuito, era muito provável que Leclerc pudesse parar e, mesmo que Verstappen e Pérez o seguissem, ficaria numa situação mais favorável.

Caso não parassem, então o piloto da Ferrari estaria com pneus mais frescos, e tinha um jogo de médios novos, podendo lançar uma perseguição aos seus rivais.

Com o seu abandono, o bom trabalho estratégico da “Scuderia” esfumava-se, permitindo que Verstappen caminhasse calmamente para a vitória seguido do seu colega de equipa, que em corrida não tinha andamento para o Campeão do Mundo, devido a uma afinação demasiado agressiva para os pneus traseiros, que se desgastavam rapidamente.

Num Grande Prémio em que a Ferrari parecia estar pronta para contra-atacar depois dos seus desaires recentes, a Red Bull impôs-se com o desastre da “Scuderia”, tendo agora vantagens significativas em ambos os campeonatos.

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