GP Austrália F1: É a vitória de Carlos Sainz uma nova tendência?

Por a 25 Março 2024 16:09

Carlos Sainz e a Ferrari bateram a Red Bull em Melbourne, vencendo o Grande Prémio da Austrália, aproveitando os problemas de Max Verstappen para lhe infligir a primeira derrota da temporada… Mas conseguiriam triunfar com o Tricampeão Mundial em pista?

A formação de Milton Keynes estava imbatível este ano, tendo conseguido duas dobradinhas, uma no Bahrein e outra na Arábia Saudita, e parecia caminhar com segurança para mais uma temporada plena de recordes, o que poderá ainda acontecer.

A Ferrari, nas duas primeiras provas da época, mostrava-se mais competitiva, mas sem nunca conseguir de uma forma efectiva colocar a sua adversária sob pressão.

No entanto, a ‘Scuderia’ ainda antes do início do terceiro evento deste ano mostrava-se muito confiante de que poderia contrariar o ascendente da Red Bull em Melbourne, apontando que iria ter uma abordagem agressiva para pressionar a sua rival.

E de facto, desde as sessões de treinos-livres que Charles Leclerc e Carlos Sainz mostravam uma competitividade que Max Verstappen e Sergio Pérez pareciam não conseguir acompanhar.

Desde o início do ano que o Ferrari SF-24 se mostrava ameaçador para o Red Bull RB20 Honda em configuração de qualificação, mas, na Austrália, mesmo em simulações de corrida a máquina italiana mostrava algum ascendente face ao seu congénere de bandeira austríaca.

Sem que nenhuma destas equipas tenha levado novos componentes para Melbourne, os dois carros estavam exatamente iguais à configuração em que se apresentaram em Sakhir e Jeddah, tendo sido dois factores relacionados com o Grande Prémio da Austrália a contribuir para esta oscilação competitiva.

O circuito de Albert Park caracteriza-se por um asfalto muito suave, sendo muito pouco abrasivo para os pneus, o que não coloca temperatura nas borrachas. Tendo isto em conta, a Pirelli levou para Austrália os compostos mais macios da sua gama – o C5, o C4 e o C3.

Estes dois fatores implicou que, ao invés da degradação térmica dos pneumáticos, que normalmente caracteriza as corridas, é a granulação que limita a performance dos pneus.

Este fenómeno ocorre quando o pneu não aquece, havendo uma ligeira separação da borracha do piso, que se mantém na superfície, levando a uma diminuição da superfície de contacto, o que reduz a performance dos pneumáticos. Normalmente, este fenómeno é ultrapassado com o aquecimento dos pneus, mas em outras situações agrava-se, impedindo o pneu de recuperar as suas prestações.

Os carros que têm dificuldades em aquecer os pneus têm maiores problemas com este fenómeno, sendo um deles o Red Bull.

O monolugar de Milton Keynes é, talvez, o que melhor consegue gerir a temperatura das borrachas, o que lhe permite ser muito melhor em corrida que em qualificação, mas quando as condições tornam complicada a colocação dos pneus na janela correcta de funcionamento, sofre, tal como já tinha acontecido o ano passado no Grande Prémio de Las Vegas, quando só um Safety-Car inoportuno, impediu que Charles Leclerc caminhasse com segurança para uma vitória.

Para além disto, a sexta-feira não correu da melhor forma para as cores da Red Bull, uma vez que uma passagem mais agressiva por um corrector na primeira sessão de treinos-livres, obrigou Verstappen a perder quase meia hora da segunda para que o fundo do seu monolugar fosse recuperado.

Isso levou a que a equipa tivesse maiores dificuldades em encontrar a melhor afinação para o RB20 Honda, num evento em que o carro de Milton Keynes não estava completamente à vontade.

Ainda assim, a Red Bull conseguiu melhor o seu monolugar, o que, juntamente com uma ligeira subida das temperaturas, permitiu que Max Verstappen, com uma volta extraordinária, conquistasse a pole-position para o Grande Prémio da Austrália.

Parecia um cenário já visto anteriormente – nos treinos-livres pilotos e equipas prometem ter as condições para bater o neerlandês, mas quando realmente conta, este tem a última palavra.

Tanto Carlos Sainz, como, principalmente, Charles Leclerc, nas condições que se viveram na qualificação, sentiram dificuldades em mostrar o ascendente que revelaram ao longos dos treinos-livres, acabando no segundo e quarta posições, respectivamente, tendo o monegasco sido mesmo batido por Lando Norris.

Para a corrida, o cenário era conhecido e tudo apontava para que Verstappen desaparecesse para a sua terceira vitória da temporada e décima consecutiva, igualando o seu próprio recorde, e o arranque parecia confirmar essa ideia, com o piloto da Red Bull a manter o comando.

No entanto, durante a segunda volta, na travagem para a Curva 6, a traseira do monolugar número 1 fugiu ao controlo de Verstappen, que teve de alargar a trajectória para se manter em pista.

Sainz não precisou de mais nada para se colocar no escape do Red Bull e, com a ajuda do DRS, passar para o comando na aceleração até à Curva 9.

Subitamente, parecia ser possível assistir a uma derrota de Verstappen, ideia que se intensificou, quando um insistente fumo azul começou a emanar da roda traseira esquerda do monolugar número 1, provocado pelos travões bloqueados.

Nada mais restava ao neerlandês que abandonar nas boxes com um princípio de incêndio, terminando assim a sua veia vitoriosa, que tinha recomeçado no Grande Prémio do Japão de 2023, curiosamente, depois de Sainz ter vencido o Grande Prémio de Singapura.

Sem Verstappen em pista, esperava-se que Pérez pudesse assumir a responsabilidade de levar as cores da Red Bull até à vitória ou, pelo menos, ao pódio, muito embora tenha arrancado apenas de sexto – fruto de uma penalização de três lugares na grelha de partida por ter prejudicado Nico Hulkenberg na qualificação – e de ter perdido uma posição para George Russell nos primeiros metros de prova.

No entanto, o mexicano nunca se mostrou capaz de acompanhar o ritmo de Sainz. Ainda no primeiro ‘stint’, ambos com pneus médios, depois de ultrapassar Russell e até à sua primeira paragem nas boxes, na décima quarta passagem pela linha de meta, Pérez perdeu uns massivos 0,98s por volta.

No segundo ‘stint’, ambos com borrachas duras, o piloto da Red Bull perdeu 0,36s por volta, entre o momento em que voltou a ultrapassar Russell e o que em que encontrou Fernando Alonso.

A partir daí a prova de Pérez ficou condicionada, dado um ‘tear-off’ libertada pelo espanhol da Aston Martin se ter alojado no fundo do Red Bull, o que levou a que perdesse apoio aerodinâmico que lhe custou dois décimos de segundo por volta, criando ainda um desgaste maior dos pneus.

Estas duas amostras fica claro que o mexicano nunca teve andamento para poder ser uma ameaça para Sainz, mas a questão é se Verstappen, que normalmente tem cerca de três décimos de segundo por volta relativamente ao seu colega de equipa, poderia ser uma ameaça à vitória do espanhol.

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