GP Austrália F1: Direcção de prova volta a abusar

Por a 2 Abril 2023 15:12

Uma vez mais, a direção de corrida teve algumas decisões polémicas, o que contribuiu peremptoriamente para o resultado final do Grande Prémio da Austrália, parecendo cada vez mais haver uma tendência para intervir na ação, por vezes injustificadamente.

Já em Jeddah assistiu-se a um Safety-Car injustificado que prejudicou a prova dos pilotos da Ferrari. No final, a FIA apontou que tinha sido uma indicação errada, que dava conta de que o Aston Martin de Lance Stroll estava parado em pista, a espoletar a neutralização da corrida por questões de segurança.

No entanto, facilmente era evitável, bastava olhar para as câmaras para perceber que o carro do canadiano estava perto de uma saída, sendo possível recuperá-lo com um Safety-Car Virtual.

Em Melbourne, os episódios voltaram a ser pouco compreensíveis.

Na primeira situação, na sétima volta, Alex Albon saiu de pista, levando muita brita para o asfalto e ficando o seu Williams parado em pista.

Depois de uma situação de Safety-Car, Niels Wittichs resolveu parar a corrida com bandeiras vermelhas, o que prejudicou George Russell e Carlos Sainz, que tinham parado quando o AMG-Mercedes GT Black Series pilotado por Bernd Mayländer entrou em pista.

Já perto do final da corrida, na quinquagésima quarta volta, Kevin Magnussen bateu no muro na saída da Curva 2, deixando parte da sua roda traseira direita na pista, parando o seu Haas metros mais à frente.

Uma vez mais, o Safety-Car entrou em pista para logo de seguida terem sido mostradas as bandeiras vermelhas.

Desta feita não houve prejudicados diretos, mas os pilotos da Alpine, no arranque subsequente, envolveram-se no toque que levou ao abandono de ambos, que nunca teria acontecido, se a prova não fosse interrompida pela segunda vez.

A justificação para estes procedimentos foi que a pista estava muito suja com detritos de carbono, o que poderia provocar furos nos pneus dos carros que continuavam em acção.

A segurança deve ser o valor mais alto em qualquer circunstância, sobretudo em circuitos como o de Albert Park, onde os muros delimitam a pista na maior parte do traçado e são atingidas elevadas velocidades, mas parar uma corrida com bandeiras vermelhas deveria ser uma situação a ocorrer apenas incidentes limite, como é o caso de reparação profundas das barreiras, e não sempre que a pista deve ser limpa.

Em qualquer dos casos em questão, um Safety-Car parecia ser suficiente para resolver os problemas da pista, uma vez que o incidente de Albon foi bastante localizado e o de Magnussen, apesar de ter parado bastante depois do seu toque no muro, não espalhou detritos ao longo do asfalto.

Esperemos que a FIA, sob a capa da segurança, não esteja a ter um acção directa na corrida com o intuito de animar as corridas.

É verdade que presentemente vivemos uma situação em que uma equipa tem uma vantagem considerável para as restantes, mas de nada serve criar uma competitividade artificial com a intervenção abusiva do Safety-Car e ou das bandeiras vermelhas.

A Red Bull tem uma supremacia que mereceu conquistar porque, simplesmente, trabalhou mais e melhor que as suas adversárias. Cabe a estas fazer o mesmo para apanhar a formação liderada por Christian Horner e não à FIA promover aproximações através dos meios à sua disposição para criar uma emoção falsa.

Como dizia Frank Williams, a Fórmula 1 é um negócio com duas horas de desporto, é bom que se mantenha assim e os valores que sempre nortearam as corridas da categoria sejam protegidos.

Subscribe
Notify of
4 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
leandro.marques
1 ano atrás

Excelente crônica que toda em todos os pontos sensíveis.

hellrun
hellrun
1 ano atrás

No despiste do Albon, com a quantidade de gravilha na pista, alguém está a ver as equipas (homens e máquinas) a conseguir limpar a pista em segurança, com o pelotão a passar, mesmo atrás do safety car? No mínimo, ia demorar o dobro do tempo. Ou então, era à maluca, os comissários que se desviassem dos carros. Convém relatar factos, e não fazer o discurso que dá jeito (ou likes).

Pity
Pity
Reply to  hellrun
1 ano atrás

Concordo. O mesmo se pode dizer no caso Magnussen. Eram muitos destroços, de pequenas dimensões, o que também poderia pôr em risco os comissários de pista.

Scb
Scb
1 ano atrás

É muito melhor ter voltas infidaveis atrás do safety car com pessoas e maquinaria em pista que tão bons resultados tem dado no Japão.
E o Sainz e Russell não foram prejudicados: os restantes pilotos que não tinham parado beneficiaram de uma paragem mais curta, fruto da sorte. Mas por uns acabarem por receber uma benesse, não significa que os outros sejam prejudicados apesar do que se gosta de escrever.

últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado