GP Abu Dhabi F1: as estratégias em jogo que vão definir um campeonato

Por a 7 Dezembro 2025 09:56

A corrida da decisão do título em Abu Dhabi tem Max Verstappen na pole position, com Lando Norris ao seu lado e Oscar Piastri em terceiro, num cenário em que a estratégia de pneus e paragens nas boxes pode ser tão decisiva como o ritmo em pista. Com os três candidatos agrupados à frente, qualquer desvio táctico ou erro operacional pode definir o campeão.

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Estratégia base: uma paragem, médio > duro

Segundo as simulações da Pirelli, a forma mais rápida de cumprir as 58 voltas é a corrida de uma paragem, arrancando em pneus médios e trocando para duros entre as voltas 20 e 26. Foi esse o padrão seguido em 2024, quando os oito primeiros fizeram apenas uma paragem, com Norris a vencer após uma troca médio>duro que lhe permitiu controlar a prova até ao fim. Em condições normais, é também a via mais lógica para Verstappen e Norris: o neerlandês para concretizar a obrigação de vencer; o britânico para garantir o título mesmo seguindo o rival até à meta.

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Risco de ‘undercut’ e o papel do pelotão intermédio

Tal como em 2023, um ‘undercut’ vindo do meio do pelotão pode desencadear uma reação em cadeia nas boxes.

Se um piloto como Fernando Alonso ou George Russell parar cedo e ganhar muito tempo em pista limpa, as equipas da frente podem sentir-se obrigadas a responder, antecipando janelas de paragem e alterando o plano de uma paragem ‘limpa’ para um esquema mais defensivo.

Em 2023, uma paragem precoce de Alonso levou vários carros, incluindo da frente, a entrar em sequência para se proteger do ‘undercut’; em 2024 isso não se repetiu porque o pelotão estava mais espalhado.

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‘Graining’ e abertura da porta à duas paragens

O factor que pode virar o tabuleiro é o ‘graining’ no eixo dianteiro. Na sexta‑feira, a Pirelli admitiu surpresa ao ver desgaste irregular não só no médio e macio, mas também, em menor grau, no pneu de composto duro.

Se o asfalto continuar a castigar os pneus da frente, as equipas podem ser forçadas a considerar duas paragens, mesmo sendo, em teoria, mais lenta no tempo total de corrida. Numa estratégia de duas paragens, as combinações mais prováveis para a frente da grelha são:

médio > duro > médio, com janelas ideais por volta das voltas 15‑21 e 37‑43.

médio > duro > duro, antecipando as paragens para cerca das voltas 11‑17 e 34‑40.

A opção médio > duro > macio surge como o cenário de duas paragens potencialmente mais rápido, com última “stint” agressiva em pneus macios entre as voltas 40 e 48, mas obriga a gestão perfeita de tráfego e degradação.

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Vantagem estratégica da McLaren e o papel de Piastri

Um dado relevante é a escolha de pneus disponível: a maioria da grelha preservou dois jogos de médios, enquanto a McLaren guardou dois jogos de pneus duros, refletindo a sua maior vulnerabilidade ao ‘graining’ no eixo dianteiro em 2025. Isso sugere uma predisposição para uma corrida mais conservadora em termos de degradação, privilegiando ‘stints’ longos em duros e reduzindo o risco de queda súbita de performance.

Neste contexto, Piastri é o verdadeiro ‘joker’ estratégico. Precisando de vencer e estando atrás de Verstappen e Norris, é o mais livre para “fazer o contrário dos outros”: antecipar paragem, arriscar duas paragens ou alongar um primeiro ‘stint’ em busca de ar limpo. Se a McLaren dividir estratégias entre Norris (linha mais conservadora, focada no título) e Piastri (linha agressiva, focada na vitória), a gestão de cenários com Safety Car e ‘undercut’ torna‑se decisiva.

Estratégias para quem parte de trás

Os pilotos fora do top 10 têm incentivos diferentes. O modelo seguido por Lewis Hamilton em 2024 — arrancar de duros, ir muito longe e trocar para médios no final — é novamente atrativo, sobretudo para quem começa no fundo da grelha. A variante mais provável em 2025 é duro > macio: alongar o primeiro “stint” até perto das voltas 39‑45, à espera de um Safety Car que permita uma paragem “barata” e um ataque final com borracha mais rápida.

Assim, a decisão do título em Abu Dhabi deverá ser uma combinação de ritmo puro, capacidade de leitura estratégica em tempo real e coragem para desviar da linha ‘segura’ quando o contexto de corrida o justificar.

FOTO MPSA/Laurent Cartalade

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