Fórmula 1: Proibição do ‘Party Mode’ adiada para Itália

Por a 20 Agosto 2020 09:54

Como sempre, as equipas de Fórmula 1 “passam a vida” a tentar contornar os regulamentos, ‘esticando’ até ao máximo as regras. Sendo verdade que a Fórmula 1 é o pináculo do desporto motorizado, em que tudo é levado ao limite, para obter mais desempenho, as regras não são exceção e a FIA está permanentemente a ser desafiada pelas equipas, como se conclui agora. A federação pretendia impor já para a corrida de Spa-Francorchamps a entrada em vigor do “modo único” de motor durante todo o fim de semana de Grande Prémio.

Pretendia, porque… já não deve acontecer no Grande Prémio da Bélgica, numa questão que agora, pensa-se, vai ser adiada para o Grande Prémio de Itália da Fórmula 1.

Tudo porque, em primeiro lugar, as equipas – os fornecedores de motores, bem entendido – precisam de tempo para fazer testes no dinamómetro, como preparação para a mudança.

Mas a ‘pressa’ da FIA quanto a este fim dos ‘party mode’ tem outro intuito. É que a federação desconfia que os fornecedores de motores, Mercedes, Ferrari, Honda e Renault, juntamente com as respetivas equipas, claro, estão a trocar fiabilidade pelo desempenho.

Como se sabe, segundo as regras de F1, as melhorias de desempenho nos motores são proibidas, mas as regras permitem aos fabricantes solicitar à FIA alterações nos seus motores para “efeitos de fiabilidade”. E é aqui que a porca torce o rabo, pois a FIA suspeita que que algumas dessas alterações surgiram para fazer funcionar os motores para além dos seus parâmetros normais. Conclusão: Os pedidos de alteração de fiabilidade podem ter sido feitos para desbloquear desempenho. E a FIA quer travar isto.

Parte do problema aqui é que a complexidade dos motores gera uma imensidade de dados, que têm de ser escrutinadas e a FIA tem muitas dificuldades a este nível. Só quando se debruça pormenorizadamente sobre o problema, chega ao fundo das questões – veja-se o caso da Ferrari o ano passado – e por isso pode haver outros exemplos que estejam a passar ao lado das regras.

Por fim, há outro detalhe. As constantes mensagens via rádio dos engenheiros para os pilotos reconfigurarem o motor, podem entrar no âmbito das “ajudas aos pilotos”, o que é proibido pelo regulamento. Portanto, este adiamento faz sentido, já que são tantos os detalhes que têm de ser alinhavados entre a FIA e as equipas, que é preciso mais tempo para se fazerem.

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Daniel Sousa
Daniel Sousa
3 anos atrás

É o que dá quererem controlar sem terem como. Peço à FIA que se torne o único produtor de motores e os passe a todas as equipas. Tenho a certeza que assim talvez consigam controlar os ditos motores.
A FIA devia ser menos amadora, se quer controlar competições como a F1, que tem hipergrupos como a Mercedes, Ferrari, Renault, Audi, Bmw, etcs

Last edited 3 anos atrás by Daniel Sousa
can-am
can-am
3 anos atrás

Se alguém pensa que a abolição desse device vai acabar com a ditadura que a Mercedes exerce na F1, eu duvido muito.Eles prepararam-se muito bem para tudo. Agora, para a saúde do desporto,é fundamental criar condições de equilíbrio, sem dúvida. A Mercedes, por mentalidade e cultura,tem uma forma de estar “limpa” no desporto, ao contrário de outros, e que nós latinos muitas vezes criticamos injustamente.Agora o domínio apenas de um é péssimo e mortal a longo prazo, mesmo que o mérito seja todo deles,o que até pode ser verdade. Ainda por cima o Hamilton é uma “imagem certa” no mundo… Ler mais »

Last edited 3 anos atrás by Speedway
RogerM
RogerM
Reply to  can-am
3 anos atrás

O can-am a mendigar competição na F1, é no mínimo cómico. Um tipo que andava por aqui constantemente a choramingar quando o Hamilton não vencia.

gearless02
gearless02
Reply to  can-am
3 anos atrás

Essa dos germânicos terem uma mentalidade limpa é só a brincar, certo?
É que se viu com as suas marcas estandarte de carros de estrada, quão limpa era/é a sua mentalidade… para aldrabões não lhes falta nada. Agora, até na aldrabice, são melhores do que os do sul…

ManelDasBombas
ManelDasBombas
Reply to  gearless02
3 anos atrás

Ora nem mais! A Mercedes tem uma forma de estar “limpa” no desporto e no negócio? Piada do ano, só pode. Por experiência própria, visto que trabalhei directamente com a MB Passenger Cars no desenvolvimento de componentes eléctricos para um dos carros mais vendidos na marca, posso garantir que a forma de estar deles é tudo menos limpa! Só há um objectivo, ganhar a maior quantidade de dinheiro possível, nem que para isso tenham de espremer ao máximo a margem dos fornecedores, sem diminuírem igualmente o preço de venda ao publico do carro. E nem sequer vou falar no “esquecimento”… Ler mais »

garantia4
garantia4
Reply to  can-am
3 anos atrás

Singen, 1994. Só para te relembrar que as trafulhices da Mercedes-Benz é uma história que já vem de longe:
https://www.youtube.com/watch?v=tTwYHY7mY8c&feature=emb_logo

Last edited 3 anos atrás by jo baue
RedDevil
RedDevil
3 anos atrás

Essas histórias do “quero mais potência” e a equipa dá … deviam ser explicadas…
Na unidade térmica não é possível dar mais sem infringir o regulamento, têm um limite no caudal de combustível, limite de rotações e limite da pressão do turbo… na parte eléctrica também existem limites que condicionam o pico de potência…
Para mim, esses “party mode” são um modo em que as protecções térmicas a todo o sistema eléctrico são levadas ao limite… e claro… pode haver mais um “cheirinho” de outra coisa qualquer…

tp84
tp84
Reply to  RedDevil
3 anos atrás

O que diz nao faz sentido, pela simples razão de que os motores são obrigados a durar varias corridas, e por isso mesmo usam modos que limitam o desgaste do mesmo, potencia de reserva é algo que nao falta em nenhum dos componentes da Unidade Motriz, e a potencia extra está disponivel, mas não sem colocar em causa a a longevidade da mesma. A Mercedes é clara neste assunto, não usar o party mode em qualificação permite-lhes rodar em corrida com um mapa mais agressivo do que normalmente usam, e até apontam numeros: 3 voltas em party mode vale aprox… Ler mais »

RedDevil
RedDevil
Reply to  tp84
3 anos atrás

Há cerca de 35 anos atrás, os motores turbo tinham menos 100cc de cilindrada, rodavam a rotações semelhantes, eram submetidos a pressões de sobrealimentação superiores e tinham muito mais potência que os actuais, com as restrições que a actual regulamentação tem, os motores actuais (e estou-me a referir à unidade térmica) só sofrem de fiabilidade se houver erros de projecto ou produção. Em 2014 apareceram diversos problemas devido à “novidade” mas foram resolvidos e actualmente a fiabilidade das unidades térmicas não é um problema. Ainda há pouco, o Sainz fez um “fim-de-semana” com problemas de sobre-aquecimento e o motor nunca… Ler mais »

opassac
opassac
Reply to  RedDevil
3 anos atrás

Não sofrem de problemas de fiabilidade precisamente porque não rodam na plenitude das suas capacidades a todo o momento da sua utilização, obviamente, daí a necessidade de haver mapas de motor mais agressivos como é o “party mode”. Ou acha mesmo que, se não colocasse em causa a fiabilidade da UE e se as escuderias acreditassem que conseguiam fazer os GPs que têm delineado para cada UE não o fariam sempre a 100% do regime disponível, utilizando sempre o party mode ou modos equivalentes? É evidente que se as equipas autolimitarem as rotações máximas, alterarem fluxos e outros valores de… Ler mais »

RedDevil
RedDevil
Reply to  opassac
3 anos atrás

O fluxo de combustível máximo limita a potência máxima, e estes motores podem consumir o fluxo máximo sem entrarem em perda de fiabilidade…
Tanto é que, já houve quem afirmasse que estes motores (só a parte térmica) podiam fazer mais de 1200cv, facilmente… actualmente a parte térmica faz cerca de 750…

tp84
tp84
Reply to  RedDevil
3 anos atrás

Antigamente até mudavam de motor entre cada sessão, e até motores próprios para qualificação tinham. Esses motores nunca tiveram de fazer 5 fins de semana completos, portanto, mais uma vez o seu argumento é completamente desalinhado com a realidade.

DuploICE
DuploICE
Reply to  RedDevil
3 anos atrás

Oleo controlado na admissão!!!…

mariojscosta
mariojscosta
3 anos atrás

Segundo o Sr. Toto Wolff uma volta da Mercedes em party mode é equivalente a 25 voltas em modo de corrida, por aqui se vê que a Mercedes ainda pode ser mais rápida com o modo de corrida sem por em causa a fiabilidade da unidade motriz.

ManelDasBombas
ManelDasBombas
Reply to  mariojscosta
3 anos atrás

E o consumo de combustível, que é controlado e limitado na corrida, ao contrário da qualificação, não entra na equação?

RogerM
RogerM
3 anos atrás

A Liberty Media bastava mexer ao longo da temporada na composição dos Pirelli, que viam logo mais imprevisibilidade nos GP’s. Bem mais “simples” que andar a controlar “party modes” para a concorrência não levar 2s na qualificação de Monza.

Pity
Pity
Reply to  RogerM
3 anos atrás

Ao dizer isso , está a pensar nas corridas de Silverstone? Isso pode acontecer uma vez, não pode ser regra.

no-team
3 anos atrás

Proibir o “party mode” em 2020? A Mercedes já o usa desde 2014! O Hamilton é hoje o piloto com mais poles da história muito por culpa deste modo, uma boa ajuda lhe deu com certeza! Ou a Mercedes tem o melhor motor e o usa, ou então não tem! Se Honda e Ferrari não se aproximam, acho que a FIA pode usar outras armas para nivelar a batalha, proibir o “party mode” tão tarde só descredibiliza a F1.

Daniel Sousa
Daniel Sousa
Reply to  no-team
3 anos atrás

“Por culpa”? O modo é o “culpado”? Ou será a Mercedes a “culpada”. Ou é a FIA que deixa buracos e então passa a ser a FIA a “culpada”? De qualquer forma acho muito interessante usar a palavra “culpa”. Eu sei que é duro. Já passei fases em que quem eu apoiava, não ganhava, por “culpa” dos outros. Tipo culpa do Vettel, etc.

chicanalysis
3 anos atrás

Continuam com as parties e depois admiram-se de a covid nunca mais abrandar. Já não bastava a party do avante.

andresilvac4
andresilvac4
3 anos atrás

Esta decisão da FIA é totalmente ridícula no contexto geral então e para rir, permite o DAS proíbe os party mode que já são usados à anos por todas as equipas (apesar de ser a Mercedes que parece ter o mais potente), não sei qual é o objetivo e então a justificação que aqui está a ser dada é ainda mais ridícula, não podem ser feitas alterações nos motores para melhoria da performance, mas são autorizadas mudanças de nível de fiabilidade, agora pergunto eu um motor mais fiável não pode ser usado mais tempo no limite e isso não corresponde… Ler mais »

garantia4
garantia4
3 anos atrás

De admirar seria ver escrito no artigo que foram precisamente os 2 motoristas com as PU + potentes, os “que não fazem batota” , a RB e Mercedes AMG , que pediram e conseguiram este adiamento, e náo “as equipas precisam de tempo”. Pelo contrário os restantes 2 estao mais que prontos. Mas como é q o inevitável toto primeiro disse “para nós até é uma vantagem” e agora pede o adiamento a entrada em vigor? Tem alguma coisa a esconder? Entao e a postura FIA? É tipo anunciarem no dia X à hora y vamos fazer uma rusga ao… Ler mais »

Last edited 3 anos atrás by jo baue
Frenanda_Afondo™
Frenanda_Afondo™
3 anos atrás

O meu “afilhado”, da família dos Afondo, tem andado desaparecido porque encontra-se actualmente em retiro espiritual.
É que ele tem andado esta semana toda, desde o Trumps em Lisboa até a capela do nosso Senhor da Kimoa em Oviedo, sempre em “Party mode”.
Quando se sentir recuperado, obviamente o teremos de volta 😀😀😀

Last edited 3 anos atrás by Frenanda_Afondo™
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