Fórmula 1: Os obstáculos à Andretti

Por a 22 Outubro 2022 12:58

O interesse da Andretti em ingressar na Fórmula 1 foi recebido com pouco entusiasmo pela generalidade das equipas do paddock e se existem motivos para que a formação norte-americana fosse bem recebida, também questões que se levantam e que não podem ser desvalorizadas.

A generalidade dos adeptos e dos media receberam as intenções da mais famosa família do automobilismo norte-americano com exaltação – mais uma equipa na categoria máxima significa mais competição, mais pilotos e um nome que é um bastião do desporto motorizado mundial; mesmo fora do nicho que são as corridas de automóveis os Andretti são bem conhecidos.

Para além disso, permitia à Fórmula 1 solidificar o seu crescimento nos Estados Unidos da América, onde está em franca evolução graças ao ‘Drive to Survive’, esperando a FOM capitalizar esse interesse com três provas em terras do ‘Tio Sam’ já a partir do próximo ano.

Juntar uma equipa com um nome tão forte na América só poderia ser uma coisa boa.

No entanto, algumas questões se levantam, claro está, relacionadas com dinheiro.

A entrada de uma nova equipa significa que a quantia monetária dos direitos comerciais distribuído pelas atuais dez estruturas passaria a ser dividido por onze e, com equipas receberem pouco mais de cinquenta milhões da FOM, este poderá ser um problema para as de finanças das equipas menos desafogadas.

Para além disso, a entrada de uma décima primeira equipa para a grelha de partida significa que cada uma das atuais estruturas perde valor, num momento em que, existe um sistema de franchisings implementado, este é uma questão a ter em conta, até porque em alguns casos os ativos que representam as equipas presentemente fazem parte de grupos cotados em bolsa – Ferrari, Mercedes, Alpine, Williams, McLaren – o que é um problema para estes.

Para que as atuais equipas abram mão de parte do dinheiro que recebem da FOM e estejam confortáveis para que o seu valor financeiro diminua, a nova estrutura que entre no paddock teria de trazer mais valias significativas.

Claro que o fundo anti-diluição – duzentos milhões de euros a dividir pelas dez equipas, o que significa, vinte milhões para cada uma – ajudará à causa da Andretti, mas este apenas ameniza as perdas, não as cobre totalmente.

Claro que a equipa americana traria alguma visibilidade à Fórmula 1 no seu país de origem, sobretudo se concretizasse o seu plano de competir com Colton Herta, o que traria alguns dividendos financeiros à categoria e, por conseguinte, às equipas.

No entanto, sem que lutasse pelo título, e conscientemente nem os Andretti acreditam nesta possibilidade, dificilmente conseguiria um impacto significativo, sendo complicado que as equipas recuperassem o dinheiro perdido por esta via.

A estratégia da FOM para implementar a Fórmula 1 nas ‘Terras de Tio Sam’ passa por outro caminho.

Stefano Domenicali e os seus pares têm como plano aumentar a presença da categoria nos Estados Unidos através de provas e, eventualmente, um piloto americano capaz de poder triunfar e congregar o apoio dos adeptos do seu país.

A entrada de uma décima primeira equipa para a Fórmula 1 está reservada para um construtor automóvel, situação em que a Andretti, pelo menos para já, não se enquadra.

Uma marca automóvel traz à Fórmula 1 o seu departamento de marketing e uma capacidade de investimento nesta área que permite à competição gerar mais interesse a nível global, o que significa que tanto a FOM como as equipas veem entrar mais dinheiro nos seus cofres de forma significativa.

Como seria evidente, sabendo-se que no máximo há espaço para mais três equipas na grelha de partida, ninguém está interessado em ocupar um destes lugares com a Andretti.

Por muito que possa ser um nome sonante no mundo do automobilismo não tem o poderio de um grande construtor automóvel, razão pela qual dificilmente terá um ‘slot’ na mais importante competição do automobilismo.

Uma solução para os Andretti seria juntar esforços com uma marca, havendo a situação da Porsche que pretende ingressar na Fórmula 1, mas neste momento não tem parceiro para poder embarcar nessa aventura.

A questão é que a marca alemã pretende entrar no mundo dos Grandes Prémios com uma equipa que lhe permita sucesso rapidamente, o que pode ser difícil para uma estrutura completamente nova, como seria a da Andretti.

FOTO Michael e Marco Andretti (FOTO: Penske Entertainment, Joe Skibinski)

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