Fórmula 1: O que esperar de George Russell?

Por a 3 Dezembro 2020 08:46

Avaliar a performance de George Russell no próximo fim-de-semana não será fácil, devido a inúmeros fatores, mas será possível realizar um paralelismo com o que Nico Hulkenberg fez durante o Grande Prémio da Grã-Bretanha, quando foi chamado pela primeira vez para substituir Sérgio Pérez, que tinha sido infetado com a COVID-19.

O jovem inglês foi escalado para um dos lugares mais desejados da Fórmula 1, após Lewis Hamilton ter sido bafejado pelo novo coronavírus, mas a sua posição não será fácil, uma vez que tem diversas incógnitas pela frente.

Russell terá de se adaptar às exigências do Mercedes W11 que terá muito mais apoio aerodinâmico que o seu habitual e recalcitrante Williams FW43 Mercedes, o que o obrigará a realizar um “reset” e procurar os limites da sua nova montada.

Para além disso, terá de se embrenhar numa forma de trabalhar diferente e, muito embora tenha já testado com a formação de Brackley por diversas vezes, um bom entendimento com os técnicos à sua volta só se alcança com o tempo e isso é coisa que o piloto de vinte e dois anos não tem.

Existe ainda um fator desconhecido no próximo fim-de-semana, o circuito, que muito embora o seja para todos, para um piloto que tem de aprender um carro novo seria mais confortável fazê-lo num ambiente conhecido e onde teria referências de outros monolugares.

O ambiente em que Russell se estreará aos comandos do carro mais rápido da história da Fórmula 1 não é perfeito, mas seguramente que fará melhor do que faria com o seu habitual Williams e, perspetiva de marcar pontos pela primeira vez na Fórmula 1, parece uma certeza, não sendo de excluir um pódio, pelo menos.

No entanto, como será possível avaliar a performance do jovem inglês face a Valtteri Bottas, que no próximo fim-de-semana será, expectavelmente, o líder em pista da formação de Brackley?

Existe uma bitola a partir da qual as prestações, sobretudo na qualificação, de Russell poderão ser avaliadas – a performance de Nico Hulkenberg no Grande Prémio da Grã-Bretanha deste ano.

O alemão substituiu Sérgio Pérez na Racing Point, depois do mexicano ter testado positivo à COVID-19, e enquanto Russell tem vindo a competir na Fórmula 1 ao longo do ano, o piloto de trinta e três anos não pilotava um monolugar da categoria máxima do desporto automóvel desde Dezembro de 2019, o que deixava numa situação desfavorável quanto à falta de ritmo e à capacidade física.

No que diz respeito ao conhecimento do carro, a situação entre o inglês e o germânico é muito semelhante, ambos tiveram ou terão o primeiro contacto com a sua montada na primeira sessão de treinos-livres do evento.

Do lado de Hulkenberg está a vantagem de conhecer o circuito onde iria desempenhar o papel de substituto, Silverstone, mas o traçado exterior de Sakhir tem apenas onze curvas e cinco delas foram usadas na prova do fim-de-semana passado.

Podemos, portanto, considerar que em traço gerais Russell chega à Mercedes para substituir Hamilton em melhor situação que Hulkenberg, quando se sentou no Racing Point de Sérgio Pérez no Grande Prémio da Grã-Bretanha.

Podemos assim partir das performances do alemão para perspectivar o que o jovem inglês poderá fazer no próximo fim-de-semana.

Hulkenberg, depois de três sessões de treinos-livres para se ambientar ao carro de Silverstone, assegurou o décimo terceiro lugar na grelha de partida.

Em termos absolutos este não parece ser um grande resultado, até porque Lance Stroll conquistou a sexta posição da qualificação.

Contudo, se olharmos para os tempos, a prestação do alemão foi muito mais impressionante. Na Q1 o canadiano registou a marca de 1m26,243s ao passo que o seu colega de equipa assinou o crono de 1m26,327s, o que representa uma perda de ,097%.

Na Q2, Hulkenberg marcou o tempo de 1m26,566s com pneus macios contra 1m26,501s de Stroll, mas com pneus médios, que em Silverstone perdiam cerca de 0,9s por volta para as borrachas mais macias.

No entanto, na primeira ronda de voltas lançadas do segundo segmento da qualificação, os dois pilotos usaram as borrachas médias, tendo Hulkenberg realizado a marca de 1m26,645s contra 1m26,501s de Stroll, o que representa uma perda de 0,166%, uma diferença que mostra o bom trabalho realizado pelo alemão em circunstâncias muito difíceis.

Em corrida, o paralelismo será mais difícil, uma vez que Hulkenberg não tomou parte na prova devido a problemas na unidade de potência Mercedes do seu Racing Point e seria injusto usar como referência para o Grande Prémio de estreia de Russel com os “Flechas Negras” a prova do 70º Aniversário, que teve também como palco Silverstone.

Valtteri Bottas não é exatamente Lance Stroll, havendo diferenças entre os dois e em qualificação, normalmente, Hamilton tem de se aplicar a fundo para bater o seu colega de equipa, mais que em corrida, portanto, em princípio, Russell terá um oponente mais forte do outro lado da boxe da Mercedes.

Contudo, se na qualificação do próximo fim-de-semana o piloto que nunca foi batido por um colega de equipa neste exercício ficar muito distante de Bottas, significativamente mais que Hulkenberg perdeu para Stroll, então a sua prestação começará a roçar a desilusão. Se conseguir melhor que a prestação do alemão, então terá realizado uma performance notável. Mas no próximo sábado teremos já uma ideia clara daquilo que será capaz.

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