Fórmula 1 GP SINGAPURA: vai a Ferrari, finalmente, apostar tudo em Vettel?

Finalmente! Esta expressão de desabafo foi dita por Sebastian Vettel quando a Ferrari anunciou que no final de 2019, Kimi Raikkonen deixará a Ferrari por troca com a Sauber. Mas também terá sido dita por Maurizio Arrivabene, o “patrão” da Ferrari, agora liberto das amarras do “fair play”. Já Raikkonen não terá ido além de “bwoa”, embora bem dentro de si saiba que as regras do jogo mudaram!

Experiente como poucos, Kimi Raikkonen sabia que a Ferrari queria vê-lo pelas costas. Mas também sabia que seria muito complicado para a casa de Maranello e para os milhões de “tifosi” do Cavalino Rampante, dispensar um piloto que estivesse a contribuir para o bom desempenho da equipa e com andamento para fazer sombra á vedeta da companhia, Sebastian Vettel.

Perante este cenário, Raikkonen “entalou” Arrivabene e com as suas exibições antes da chegada a Monza, inviabilizou o anúncio esperado da troca de pilotos entre a Ferrari e a Sauber, habitualmente feito na catedral italiana. E o finlandês deu mesmo tudo por tudo, aos 38 anos, para mostrar que tinha lugar na Ferrari e que Sergio Marchione estava errado quando decidiu apostar em Leclerc para o seu lugar.

Abriu-se uma fresta na portinhola da esperança para Raikkonen quado Louis Camileri, um seu amigo de há anos, foi nomeado CEO da Ferrari. E a verdade é que a Ferrari colocou em “banho maria” a saída de Raikkonen. Este terá dito “bwoa” e atirou-se ao GP de Itália com tudo o que tinha, ciente que o Ferrari SF71H é o melhor carro do plantel e que Monza sempre lhe sorriu.

O resultado de todo este compromisso e empenho foi uma tremenda azia para Sebastian Vettel – o alemão errou na volta em que foi “puxado” por Raikkonen, o finlandês nem por isso – que viu a estratégia inverter-se com o seu veterano colega de equipa a aproveitar de forma excelente o reboque de Vettel, assinalando a média recordista de toda a Fórmula 1 e, pior que isso, a “pole position” que o alemão tanto precisava. Maurizio Arrivabene não teve coragem de mandar Raikkonen levantar o pé na volta que lhe deu a “pole” – pelos tempos intermédios percebeu-se que algo de fabuloso ia sair dali – e criou um quiproquó a Camileri e a si próprio. Vettel ficou irritadíssimo – “tenho de competir contra três carros e não apenas dois” – e Charles Leclerc teve de adiar a festa pois tudo indicava que estava a caminho de mais um ano de Sauber.

Inexplicavelmente, não houve nenhum acordo entre os dois pilotos da Ferrari para a largada – deixar passar Vettel na primeira chicane e atrasar Hamilton – e se Raikkonen saiu bem, conheceu algumas dificuldades nas duas chicanes. Hamilton, felino, viu a sua oportunidade e, zás!, apanhou Vettel e destruiu as possibilidades de Raikkonen regressar ás vitórias ao se manter, de forma impressionante, a um segundo do finlandês.

Escondendo-se atrás da memória de Marchione e do desejo de respeitar as suas decisões, a Ferrari acabou com o pesadelo: atirou para a Sauber o finlandês e recuperou o monegasco para o lado de Vettel. Será assim em 2019, mas este anúncio terá repercussões já em Singapura. A Ferrari não pode perder mais um título – desde 2012 que não tem uma hipótese tão clara! – ainda por cima no ano em que Mattia Binotto fez tudo bem e deu a Arrivabene, Vettel e Raikkonen, o melhor carro do plantel, aquele que foi mais bem desenvolvido durante a temporada.

Basta! terá dito Arrivabene. Com a saída de Raikkonen no final do ano, este passa a ser, definitivamente, o segundo piloto e terá de trabalhar para que Vettel tente recuperar a diferença para Hamilton. Arrivabene vai ter de engolir as suas palavras (sobre Bottas disse “tenho dois pilotos não mordomos!”) e fazer do finlandês um mordomo de Vettel. Se Maurizio Arrivabene não jogar com as mesmas cartas da Mercedes, será julgado em praça pública e o veredicto é fácil de prever: culpado!

Faltam sete provas para o final da temporada, o Ferrari SF71H continua melhor que o Mercedes e por isso está na hora de tentar tudo para ajudar Sebastian Vettel a conquistar o quinto título, primeiro de “rosso Ferrari” vestido. Se não o fizer, podem escrever que a Ferrari e Vettel não são campeões em 2018.