Fórmula 1 em Portugal: Pode ser em outubro, e com público

Nos últimos três meses falámos várias vezes com Paulo Pinheiro, numa altura em que já sabíamos que andava qualquer coisa no ar. Mas nessa altura o administrador do Autódromo Internacional do Algarve, ainda não podia dizer muito mais do que nos disse e o seu “Fórmula 1, estamos, cá, estamos disponíveis” já era dito com um entusiasmo que foi escondido com grande mestria. O segredo é a alma do negócio, e depois das dificuldades que teve durante muito tempo com o ‘seu’ bebé, Paulo Pinheiro pode estar agora de cumprir um sonho, o de ter a Fórmula 1 no ‘seu’ AIA, e já agora, também, o MotoGP.

Depois de Ross Brawn, diretor desportivo da F1, ter admitido que Portugal é um dos vários países que está a ser equacionado como alternativa para fazer parte do calendário do Mundial de 2020, caso falhem os promotores com os quais a Liberty Media já tinha contrato, Brawn falou em Imola (Itália), Portimão (Portugal) e Hockenheim (Alemanha).

Logo de seguida, Paulo Pinheiro, revelou existir “muita vontade das equipas” de Fórmula 1 que Portugal integre o calendário do Mundial de 2020, mas adverte também que uma decisão só acontecerá “em meados de julho”.

“Sabemos que há muita vontade das equipas de que Portugal seja escolhido para o calendário e nós temos feito tudo o é necessário”, disse Paulo Pinheiro, no dia em que se ficou a saber do cancelamento de mais três corridas: Azerbaijão, Singapura e Japão, pelos mesmos motivos de sempre, a pandemia de covid-19.

Agora, em declarações na Eleven Sports, confirmou de viva voz tudo o que já tínhamos dito, que é cada vez mais forte a probabilidade do Mundial de Fórmula 1 regressar a Portugal e que as conversações com o Autódromo Internacional do Algarve estão muito avançadas, ainda que não estejam fechadas, havendo por isso fatores que podem fazer mudar as coisas: “Não há nada confirmado”, diz.

Quanto a datas, Paulo Pinheiro avança com outubro “Temos preferência de uma data o mais tarde possível no calendário de provas europeias, no mês de outubro e não em setembro”, confirmando depois que a acontecer, será com a Fórmula 2, Fórmula 3 e Porsche SuperCup.

O que desmente é a possibilidade de haver uma segunda corrida: “O que está na mesa é apenas uma corrida para este ano, unicamente não há nenhuma conversa para corridas em anos posteriores. A nossa intenção é, conseguindo fechar contrato para este ano, que a corrida corra bem, seja uma corrida exemplar a todos os níveis e isso nos permita ficar com uma possibilidade em anos vindouros”.

Tal como Ni Amorim, Presidente da FPAK, disse ao AutoSport, o Autódromo Internacional do Algarve precisa de cumprir o caderno de encargos do promotor, que passa pelo reasfaltamento da pista, e por um conjunto de alterações que a Liberty Media quer ver introduzidas no circuito, para estar de acordo com as melhores práticas internacionais: “O asfalto não está perfeito, está aceitável, mas seria inconcebível fazermos uma corrida de Fórmula 1 com o asfalto como está. Temos de pôr asfalto novo, temos de dar tempo para o asfalto curar, para quando eles vierem cá ter aderência. Significa que o circuito vai ter de ser utilizado ao longo do mês, antes de uma corrida para que tenha aderência, para que esteja liso e para que eventuais pequenas correções que sejam necessárias fazer sejam feitas em tempo útil, porque tem de ser tudo perfeito, senão não vale a pena estarmos a meter-nos nisto”, disse Paulo Pinheiro, sendo esta questão do caderno de encargos algo que está a ser conversado entre o AIA, a FPAK e o Governo de Portugal, pois não havendo necessidade de Portugal pagar para ter cá a corrida de Fórmula 1, as alterações necessárias a adequação da pista, custam acima de um milhão de euros, talvez um bom bocado mais, e será esse o valor que está em causa neste momento.

Acreditamos que do lado da Liberty a questão está decidida, sendo que provavelmente só falta do lado português o OK final, que tem de vir do Governo.

Quanto à presença de público, Paulo Pinheiro revelou que essa é uma questão em aberto, mas com os dados de hoje espera-se que em outubro não existam condicionantes a esse nível, pelo que poderá (reforçamos que, de acordo com o que se sabe hoje, que logicamente pode mudar): “Quem vai fazer uma prova pela primeira vez, quer ter público. O principal fator é a corrida ter público. Não faço a ideia se será possível, mas estou a trabalhar afincadamente para isso”. Resumindo, se fosse agora seria à porta fechada, em outubro poderá ser com público, caso a evolução da pandemia assim o permita.