Fórmula 1 arranca amanhã: “Gentlemen, start your engines…”

Por a 21 Fevereiro 2016 11:44

A época de F1 arranca manhã em Barcelona, numa temporada com muitos pontos de interesse. Vamos explicá-los um a um…

Arranca amanhã em Barcelona o mais curto período de testes da história moderna da Fórmula 1. As equipas têm apenas oito dias para preparar a primeira corrida, que se realiza a 20 de março em Melbourne, sendo que com os regulamentos estáveis, as equipas não têm grandes hipóteses de fazer autênticas revoluções. Mas há pontos importantes que poderão ser esclarecidos já com os primeiros testes.

Claro que ninguém vai saber quem será o próximo Campeão do Mundo ao cabo dos primeiros testes, mas já deverá ficar uma boa ideia do que poderá acontecer a médio prazo. Só para 2016 estão previstas grandes alterações nos regulamentos, que ainda não se sabe quais vão ser, aí abre-se uma janela de oportunidade, mas até lá a época não deverá ser muito diferente da anterior, ainda que existam muitas nunces pelo meio, e ainda bem…

É um facto que quando uma equipa descobre o ‘caminho’ mais rapidamente que as outras, chega ao limite do que é possível fazer também mais depressa e por isso quem vem atrás tem sempre mais possibilidade de evoluir do que quem está na frente. Portanto, se a Mercedes e o seu fabuloso monolugar já estavam perto dos limites, mais difícil se torna evoluir, mas a Mercedes mostrou algumas debilidades o ano passado, e por isso é bem provável que tenha trabalhado nelas. É um facto que a Mercedes continua cerca de 0.7s à frente da Ferrari e isso não se recupera num ápice, a este nível, na F1. A Mercedes venceu 32 dos últimos 38 Grandes Prémios. Têm ainda mais para dar?

Cosa farai, Ferrari?

A grande questão que se coloca neste momento é se a Ferrari consegue recuperar e aproximar-se, pelo menos tanto quanto conseguiu o ano passado. Foi claro o pulo que a Scuderia deu o ano passado e conseguir reduzir a margem ao mesmo nível que conseguiram o ano passado significaria que a Mercedes não ganharia tanto quanto. Mas esta questão depende do que se fez em Maranello com o novo SF16-H. O Ferrari do ano passado protegia bem os seus pneus, mas o carro já não era tão bom quando a equipa era obrigada a trocar para o segundo composto. Foi assim o ano todo. O carro de 2015 era muito bom apenas com um dos compostos. E numa corrida são obrigatórios… dois.

A Williams é à dois anos consecutivos a terceira ‘força’ da F1, mas será que este ano consegue manter a bitola, ou nem por isso? Os seus responsáveis dizem que a Ferrari é o alvo, mas mal seria se não o dissessem. Se olhássemos para o que a maior parte dos responsáveis diz no início de uma época e depois para os resultados finais, só 10% cumpriram o que se propuseram. A Williams esteve o ano passado abaixo do que fez em 2014, e começou a trabalhar neste novo FW38 muito cedo. Será que isso lhe vai valer o vai lutar para ‘aguentar’ o terceiro lugar. Depende do que fizer a Red Bull…

Motor TAG Heuer é o pináculo?

Ironia, claro. A Red Bull teve uma época desastrosa em 2015, depois de no ano anterior, 2014, ter sido a única que conseguiu bater o pé à Mercedes em alguns circuitos. Perdeu-se por completo, ‘ajudada’ pela Renault que não conseguiu melhorar a sua unidade motriz o que a Red Bull esperava e muito provavelmente o chassis da Red Bull também não ajudou em nada, pois a Toro Tosso realizou resultados muito decentes e tinha a mesma unidade motriz francesa. Para este ano, é muito provável que elevem a fasquia, mas vai ter que se esperar para saber até onde. A Renault conta reduzir a metade a desvantagem para a Mercedes, e se com isso a Red Bull fizer novo bom monolugar é bem possível que vejamos a equipa junto da Mercedes e da Ferrari mais vezes. E à frente da Williams…

A McLaren-Honda vai ser um bico de obra. Tendo em conta o que se passou o ano passado, alguma coisa a Honda deve ter evoluído mas se não for possível dar um grande salto, vai haver sérios problemas no final desta época. Todos os olhos vão estar postos no construtor japonês que tem oito dias para mostrar o que evoluiu, nos testes. O ano passado os 20 Grandes Prémios foram uma interminável sessão de testes. Sabe-se que a Honda mudou o turbo e a MGU-H. A fiabilidade vai ser fundamental e se Alonso se vir obrigado a dizer novamente na rádio que o seu carro parece um GP2, kaput. Olhar para Jenson Button e Fernando Alonso no final dos seus primeiros testes deverá ser suficiente para perceber o que está para vir…

O que esperar da Renault?

Não muito, pelo menos não muito mais do que fez a Lotus o ano passado, salvo alguma grande surpresa. É um facto que os franceses têm que reconstruir uma equipa vão passar o ano a fazer contratações para os seus diversos departamentos e isso com o passar do tempo vai refletir-se. Mais cedo ou mais tarde reflete-se mas a questão é onde vão começar com o RS16 e o que evoluiu a sua unidade motriz. Para já é bom os franceses não terem a Red Bull a ‘encher-lhes o juízo’, podem trabalhar entre Viry e Enstone doutra forma, mais coesos e isso tem que se refletir. Um dos grandes segredos da Mercedes até ao início de 2014 foi precisamente ter Brackley e Brixworth (onde foram desenvolvidos os motores) a trabalharem muito em conjunto com quem desenvolvia o chassis e unidade motriz. Houve casos de tirar aqui para por ali entre os dois departamentos e isso foi fundamental para o sucesso. Fazer tudo dentro de casa tem essa vantagem (quando se trabalha bem) e agora a Renault tem essa oportunidade. Onde vão estar no fim do ano, é uma perfeita incógnita.

A Manor será este ano uma equipa a seguir com atenção pois ao receber motores Mercedes e Pascal Wehrlein, passa a ser claramente uma equipa debaixo de muita atenção da Mercedes com tudo de bom que isso pode implicar. Se vai sair da cauda do pelotão vai depender muito da HAAS, mas desconfiamos que a HAAS entra diretamente para os lugares mais à frente e será a Sauber uma séria candidata, pois ou o C35/Ferrari melhora ou o risco de cair na tabela é grande. A Force India tem feito das tripas coração para se manter onde ficou em 2015, e se repetir o feito será uma grande..feito. Tem dois bons pilotos, mas também tem responsáveis com imensos problemas para resolver e a falta de dinheiro impede a equipa de chegar mais à frente, pois o potencial humano que há em Silverstone é fantástico.

A Toro Rosso trocou de motores, passa a ter o Ferrari do ano passado e depois do que fez o ano passado com a unidade motriz da Renault, o que conseguirá com a Ferrari. O STR11/Ferrari tem tudo para ser um excelente carro, mas ainda assim não será fácil fazer melhor este ano, sendo certo que com um ano de experiência em cima da sua excelente dupla de pilotos a Toro rosso é um caso a seguir com muita atenção.

A HAAS é uma perfeita incógnita, tudo o que se tem visto parece indicar que a nova equipa norte-americana pode chegar, ver e meter-se diretamente no meio do pelotão, mas a verdade é que até aqui tudo pode ser considerado show-off porque o cronómetro é que vale e esse é impiedoso. Claro que os sinais são bons, Gene Haas não faz nada por acaso, tem um excelente parceiro, a equipa é claramente uma ‘Ferrari B’, portanto isso tem que ser bom. Tem dois pilotos competentes, Romain Grosjean e Esteban Gutierrez, e o seu objetivo são os pontos. A ver vamos.

Os ‘rookies’…

A Formula 1 tem este ano três rookies. Jolyon Palmer assegurou o lugar na Renault, porque ao contrário de Pastor Maldonado, pagou a tempo e os franceses não tinham como deixá-lo de fora a não ser que o indemnizassem. Ora se nesta primeira época a Renault está a construir tudo de novo, não fazia sentido ter pilotos de ponta com um carro que não se sabe o que vai valer. Na F1 ninguém chega e vence, seria uma extraordinária surpresa, quase impossível de acontecer a Renault regressar com carro e equipa para lutar pelas vitórias, seria preciso apanhar metade do plantel da F1 completamente a dormir. Portanto, o inglês tem uma época para provar que merece ficar. Está nas mãos dele, mas não nos parece que dure mais de uma temporada na F1, a não ser que faça por merecer continuar. Até porque as suas credenciais são melhores que muitos pilotos que chegara à F1. Pascal Wehrlein é o Campeão do DTM em título e vem com um balanço que o pode levar à equipa principal num par de anos. Mas tem tudo para provar na F1, há quem dele diga maravilhas, há quem diga precisamente o contrário, mas tudo vai depender do que valer. E se a Manor, como se espera, estiver bem melhor este ano será possível dar nas vistas. Duvidamos é que vá para a Mercedes já em 2017. Rio Haryanto é o terceiro rookie, é o primeiro indonésio na história da F1. Ponto final parágrafo. Mas ganhou três corrida na GP2 o ano passado…

Por fim e não muito menos importante, pelo menos para muitos adeptos, o som dos F1 de 2016 será melhor. Os regulamentos obrigam a uma saída de escape com uma vuvuzela, ou algo parecido, que visa fazer soar melhor o som dos motores. São os sinais dos tempos, por muito que os adeptos digam que antes é que era bom, o tempo não vai voltar para trás e se calhar é melhor irem vendo umas corridas de Fórmula E para se irem habituando, ou então ir ameaçando que nunca mais vão ver F1 na vida. Imagine por um momento que mesmo com todas as alterações regulamentares recentes, os mundiais de F1, ao invés de terem a Mercedes a dominar dois anos seguidos, depois de vários anos da Red Bull, tinham sido todos como os de 2007, 2008, 2010, 2012 com sete vencedores diferentes nas primeiras sete corridas… JLA

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José Moura
José Moura
8 anos atrás

Exatamente, será que é assim tão difícil fazer uma frente normal como o da Mercedes? Eles são os campeões, acho eu!!

Mário
Mário
8 anos atrás

Não tinham proibido os “narizes”?

António
António
8 anos atrás

Se fosse pela estética a Mercedes já era campeã outra vez este ano. É a única marca que consegue fazer um monolugar minimamente agradável à vista. Mas logicamente que não é pela estética que se ganham provas e campeonatos, mas sim pela eficiência. O tempo dos F1s muito bonitos que ficavam bem à escala numa vitrine já lá vai e não deve regressar (há muita esperança no layout de 2017, veremos !). Penso que a Ferrari vai estar realmente competitiva, até por razões comerciais que infelizmente ultrapassam o âmbito desportivo, a menos que os italianos com tantos $$$s tenham feito… Ler mais »

Pedro Trindade
Pedro Trindade
Reply to  António
8 anos atrás

Em 2016 haverá uma luta a 2 pela terceira posição mas será entra a Williams e a force india. Porque embora os martinis tenham o apoio da marca de Estugarda é visto que sedem sobre pressão: em Inglaterra não souberam tomar decisões e em SPA trocaram os pneus de Bottas já para não falar q são consistentemente os mais lentos nas box.

João Paulo
João Paulo
8 anos atrás

OH AS! Onde está o HAAS? Já há fotos.

http://www.autosport.com/news/report.php/id/122887

Paulo Kellen
Paulo Kellen
8 anos atrás

O dominio da Mercedes não pode ser comparável ao da Rede Bull porque neste caso as marcas que utilizam unidades motrizes da mercedes, como a williams não tê igual.Um williams mercedes nunca conseguirá bater um mercedes.

Choca
Choca
8 anos atrás

Epá gostava de chamar a atenção para esta foto-montagem… é que deixaram o Mercedes com 3 rodas… e o Ferrari só com uma. lol
Não sei se a FIA vai gostar mt… lolol ou serão reminiscências dos williams a tyrrel do antigamente? :PPP

Ayrton4Ever
Ayrton4Ever
Reply to  Choca
8 anos atrás

Ahahahahahaha bem visto!

bzzz
bzzz
8 anos atrás

«A Williams é à dois anos consecutivos» … Segundo o “AO Amazônico” é assim que agora se escreve bom português… Bom artigo do JLA, como de costume, com o artista do Photoshop a atazanar o índio… 😉

ZOA
ZOA
8 anos atrás

Ora bem tanta ansiedade e ao que pareceu é mais do mesmo a monotomia impera…
eee
Gentlemwns start your…. huffffff sacode a formula da treta!!

Vamos ver sim pelas 4 primeiras corridas agora apresentações de carros, barulhos e outras “coisinhas” não chega para nada pois as aborrecidas e desinteressantes épocas passadas estão muito presentes!

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