Fórmula 1: A ordem do pelotão após os testes: os bons, maus e os ‘assim-assim’…

Por a 24 Fevereiro 2024 16:15

Os testes terminaram e, muito embora as incertezas sejam muitas, é possível estabelecer uma ideia do equilíbrio de forças no plantel deste ano e que se poderá verificar no Grande Prémio do Bahrein, o primeiro da temporada.

Haas – conscientemente na cauda

A Haas terminou a temporada passada como a menos competitiva do pelotão. O grande problema do seu monolugar era o excessivo desgaste dos pneus durante as corridas, o que atirava Kevin Magnussen e, sobretudo, Nico Hulkenberg para fora dos pontos, apesar de boas qualificações.

Para este ano a equipa pretendia inverter essa situação e ter um carro que pudesse gerir melhor os pneus, o que parece ter sido conseguido, mas ainda assim o VF-24 demonstra falta de apoio aerodinâmico relativamente aos seus oponentes, o que, inevitavelmente, atirará a equipa norte-americana para o fundo das classificações.

Williams – margem de progressão

A Williams mudou completamente a filosofia do seu monolugar para este ano. Na verdade, as alterações são muito mais profundas na equipa, uma vez que, sob a batuta de James Vowles, até os procedimentos de fabricação foram mudados para tornar a formação de Grove mais moderna.

O monolugar inglês é um passo em frente relativamente ao seu antecessor, mas mostrou diversos problemas de fiabilidade, o que atrasou o programa da Williams.

O FW46 parece ter potencialidade para permitir à equipa uma temporada mais competitiva que no ano passado, mas parte para a primeira prova do ano como o segundo carro menos performante da grelha de partida.

Sauber – entre dois universos

A formação de Hinwil está a passar por uma travessia no deserto, cortando as amarras com a Alfa Romeo para começar a sua preparação para a chegada da Audi, em 2026.

O carro da formação de Hinwil não mostrou problemas de maior, mas também não impressionou ninguém, sendo o terceiro tempo de Guanyu Zhou no último dia de testes fruto de uma simulação de qualificação realizada ao fim da noite, quando a pista está mais fria e o ar mais denso.

Ainda assim, a Sauber está claramente à frente da Haas, aproveitando ainda os problemas da Williams, podendo, eventualmente, ser uma ameaça à Alpine.

Alpine – mais um ano de desilusões?

Tal como no ano passado a Alpine é grande incógnita da pré-época, parecendo impossível que uma equipa de um construtor possa estar numa situação tão difícil, como aquela em que a formação de Enstone parece estar.

Nem Esteban Ocon nem Pierre Gasly mostraram facilidade em realizar tempos de evidência e, no último dia, verificou-se da parte de alguns membros da Alpine uma necessidade de gerir expectativas, o que nunca é um bom sinal.

Neste momento o A524 mostra um comportamento inconsistente e não parece ser mais que o sétimo carro mais rápido da grelha de partida, dando até a ideia de estar mais perto dos que estão no seu encalço do que dos que estão à sua frente.

RB – Proximidade à Red Bull dá frutos

Este ano a formação de Faenza terá mais componentes da Red Bull e isso, só por si, dá uma garantia de competitividade. Tanto Daniel Ricciardo como Yuki Tsunoda mostraram facilidade em realizar tempos competitivos aos comandos do VCARB 01, que se mostra rápido tanto em configuração de qualificação como em de corrida. A formação de Faenza parece bem no meio do pelotão, podendo até incomodar as cinco equipas de topo, caso estas cometam algum erro, o que demonstra uma evolução relativamente a 2023.

McLaren – Um início desapontante

A McLaren terminou a temporada passada como a principal adversária da Red Bull e, depois do grande salto competitivo que deu ao longo de 2023, esperava-se que a formação de Woking pudesse continuar a sua senda e aproximar-se de um regresso às vitórias.

No entanto, ao longo dos três dias de testes mostrou ter um carro com algumas fragilidades, passando demasiado tempo nas boxes devido a questões técnicas, o que atrasou o programa da equipa.

O McLaren MCL38 mostrou uma boa performance em simulações de qualificação, mas o desgaste exagerado de pneus que evidenciou nas ‘long runs’ pode deixar Lando Norris e Oscar Piastri fora da luta pelos lugares do pódio.

Aston Martin – Um salto que pode não ser suficiente

Fernando Alonso apontou que o AMR24 é um claro passo à frente relativamente ao seu antecessor e de facto o monolugar de Silverstone não apresenta vícios e evidencia uma boa tracção.

Contudo, o problema para os homens da equipa do construtor britânico poderá ser o passo maior que parece ter sido dado pelas restantes equipas de ponta.

Neste momento, a Aston Martin, sobretudo nas mãos de Alonso, parece ter vantagem em configuração de corrida sobre a McLaren, ainda que esta se mostre mais rápida em qualificação, mas a Ferrari e a Mercedes, quanto mais a Red Bull, parecem estar mais fortes que os carros de ‘British Racing Green’.

Mercedes – Uma boa base de trabalho

A Mercedes mudou o conceito do seu monolugar na tentativa de, pela primeira vez neste ciclo regulamentar, ter um carro sem vícios que impedissem os seus pilotos de explorarem o potencial do material que tinham à sua disposição.

O W15 parece ser um passo em frente relativamente aos seus antecessores e tanto Lewis Hamilton como George Russell mostraram-se satisfeitos com o comportamento do novo monolugar da equipa do construtor de Estugarda.

No entanto, a Mercedes tem um longo caminho pela frente e, muito embora pareça a terceira força em pista, após os testes, a Red Bull e a Ferrari podem estar ainda fora do seu alcance tanto em corrida como em qualificação. Porém, com uma boa base de trabalho, poderá, com um bom desenvolvimento, aproximar-se das duas equipas da frente.

Ferrari – A esperança de 2024

A Ferrari vinha a mostrar sinais de recuperação na segunda metade da temporada passada e parece ter conseguido manter essa dinâmica durante o inverno, apresentando em Sakhir um carro consistente, capaz de gerir os pneus e rápido, conseguindo debelar os problemas que afligiram Charles Leclerc e Carlos Sainz ao longo de 2023.

O espanhol registou o melhor tempo da semana, mas isso dificilmente representará uma imagem fiável do equilíbrio de forças entre as equipas, mas os ‘long runs’ que ambos os pilotos da ‘Scuderia’ realizaram foram impressionantes e com tempos que ficavam no ‘território Red Bull’.

É claro que é difícil tirar conclusões quando se desconhece os modos de motor usados e quantidade de combustível a bordo dos carros, mas a Ferrari poderá estar mais próxima da Red Bull do que se esperava.

Red Bull – Mantém o ascendente

Depois de ter dominado completamente a temporada passada, esperava-se que a Red Bull continuasse o seu ascendente e os testes de Sakhir provaram isso mesmo, com o RB20 a mostrar-se o carro a bater, sobretudo nas mãos de Max Verstappen.

No entanto, a vantagem para os seus perseguidores parece ter sido reduzida e o Ferrari poderá ser uma ameaça no Bahrein. Existe, porém, a ideia generalidade no paddock de que a Red Bull apresentará um carro refinado no primeiro Grande Prémio da temporada e isso poderá fazer pender decisivamente os pratos da balança a seu favor.

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leandro.marques
2 meses atrás

Se com um carro inferior ao que apresentarão na primeira prova e, muito provavelmente, com o modo de motor fora da potência máxima já foram mais fortes que os outros… em termos de vitória no campeonato cheira a um passeio maior que no ano passado.

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