Fórmula 1 2021 vai arrancar: O que pode fazer (ou não) cada equipa…

Por a 24 Março 2021 17:39

Arranca este fim de semana o Mundial de Fórmula 1 de 2021. Aqui fica a antevisão de cada uma das 10 equipas do plantel. 

Mercedes F1 Team: que reação no Bahrein?

Vencer um campeonato não é fácil, mas dominar sete temporadas consecutivas, esmagando a oposição, é um feito hercúleo, dado que o sabor da vitória começa a ser algo adquirido, levando a que o comodismo e o facilitismo se instale numa equipa.

Até agora, Toto Wolff tem vindo a impedir que esse estado de espírito se aproprie da Mercedes, mas este ano parece ter havido alguma sobranceria na forma como a equipa abordou a temporada. Na apresentação, os homens dos Flechas Negras garantiram orgulhosamente que tinham recuperado todo o apoio aerodinâmico perdido pela introdução do novo regulamento. Para além disso, a equipa foi a única a considerar desnecessário realizar um shakedown antes do início dos testes de pré-temporada, que este ano teve apenas três dias, valorizando cada momento de pista.

Esta altivez levou a que fosse perdida uma manhã logo na primeira jornada de ensaios em Sakhir devido a um problema de caixa de velocidades, ao passo que a traseira do Mercedes W12 se mostrava nervosa irrequieta, não dando confiança a Lewis Hamilton e Valtteri Bottas.

Estas contrariedades não implicam que a Mercedes não possa chegar ao Grande Prémio do Bahrein em condições de lutar pela vitória, mas demonstra que, se Toto Wolff não conseguir impedir que a soberba se instale, a equipa de Brackley poderá apresentar já este ano algumas falhas que não se viam desde 2013, o que nos poderá permitir assistir a uma intensa luta pelo título este ano: “tivemos sortes distintas no Bahrein. No geral, foram três dias de testes complicados para nós. O W12 não esteve estável, previsível ou ‘plantado’, como alguns dos nossos rivais, diria mesmo que é uma ‘diva’. A Red Bull pareceu forte tanto nas séries longas como nas curtas, mas como sempre nos testes, é difícil ter a certeza do verdadeiro desempenho.

A única coisa que sabemos ao certo é que temos de provar a nossa capacidade de reação.

Desde o momento em que o terceiro dia de testes terminou, baixámos a cabeça e começámos a descobrir como podemos regressar no Bahrein de forma mais forte.

Enquanto estes carros partilham algumas peças dos seus predecessores, também houve mudanças significativas de regras a interpretar e ultrapassar. Tivemos também de mudar a forma como trabalhamos em resposta ao limite de custos. Mas, tal como já encontrámos antes, é a partir dos momentos difíceis que mais aprendemos.

Os pontos mais fortes desta equipa são as pessoas e os nossos valores, e após uma dura prova, sei que podemos ripostar com mais força. Estou ansioso por iniciar esta nova e excitante temporada, vendo os progressos que podemos fazer e como nos saímos no Bahrein”, disse Toto Wolff.

Red Bull: Finalmente de volta ao topo?

A Red Bull parece pronta para se atirar para a luta pelos títulos deste ano… Desde há longas temporadas que a formação de Milton Keynes chega à primeira corrida impreparada e incapaz de ombrear de igual para igual com a Mercedes, mas nos testes que decorreram no Bahrein mostrou-se pronta para lançar um ataque à equipa de Brackley.

A Honda, no seu último ano na Fórmula 1, parece ter realizado um trabalho extraordinário na sua unidade motriz, antecipando para este ano o seu projeto de 2022, Mostra um bom salto ao nível de performance e uma fiabilidade aumentada.

No campo do chassis, o RB16B é um claro passo em frente relativamente ao seu antecessor, evidenciando um comportamento sem o nervosismo da traseira que se verificava em 2020, e um nível de apoio aerodinâmico elevado e consistente – parece que Adrian Newey voltou aos seus bons projetos – mostrando ser uma arma letal nas mãos de Max Verstappen.

Nunca na era híbrida a Red Bull tinha sido a mais rápida nos testes e nunca se apresentou tão bem preparada quanto este ano. Se do lado técnico as coisas parecem estar bem encaminhadas, do lado dos pilotos há também motivos para confiança. Verstappen é o “ponta de lança” mas este ano terá de lidar com um muito experiente e talentoso Sergio Pérez que vem para ajudar a colocar pressão na Mercedes. O primeiro contacto com a nova máquina foi positivo para o mexicano, que parece estar a integrar-se bem na equipa. Será a Red Bull capaz de verdadeiramente desafiar a Mercedes? Neste momento parece que sim, mas talvez seja melhor e esperar até o GP de Portugal para tirar conclusões mais sólidas. Mas sem dúvida que a Red Bull está agora melhor do que há um ano.

“É inegável que após o bom andamento no teste de três dias no Bahrein, parece haver algumas vozes entusiasmadas que afirmam que vamos acabar com o domínio de sete anos da Mercedes”, disse Christian Horner. “Mas tivemos uma análise dentro da equipa após o teste e é justo dizer que somos um pouco mais cautelosos nesse tema e não podemos subestimar a dimensão do desafio que nos espera em muitas frentes. Sabemos que a Mercedes não ganhou por engano durante os últimos sete anos; trata-se de uma equipa de qualidade, de classe, que será motivada a voltar forte.”

Portanto, não se pode tomar nada como garantido. E nesta fase é bom que tenhamos uma base sólida a partir da qual possamos desenvolver o carro, em vez de resolver um problema inerente. É claro que a Mercedes está a tentar afastar os holofotes de si própria, o que faz tudo parte do jogo, mas a realidade é que eles são os sete vezes campeões e cabe-nos  colmatar essa lacuna e lutar. Eles tiveram uma das suas épocas mais fortes no ano passado e o carro deste ano é uma evolução disso, por isso vamos ver o que todos nós temos no Bahrein.”

Naturalmente, a grande notícia durante o Inverno foi a chegada de Sérgio à equipa. Ele adaptou-se rapidamente e, apesar da sua experiência, é também um personagem descontraído. Ele sabe o que quer e tem 10 temporadas de F1 no currículo. Quanto ao Max, ele está em boa forma. Ele atingiu todos os seus objetivos de fitness no campo de treino de pré-época nas instalações da Red Bull na Áustria e está mais preparado do que nunca para o início da temporada.”

McLaren tenta manter o ritmo de evolução

A equipa de Woking tem vindo a evidenciar uma trajectória ascendente nos últimos anos – longe está o período negro de parceria com a Honda – e a boa forma traduziu-se no terceiro lugar do Campeonato de Construtores de 2020. A McLaren teve uma boa bateria de testes, mostrando uma interpretação interessante do novo regulamento técnico, o que lhe permitiu manter algumas derivas verticais do extractor aerodinâmico traseiro com a altura permitida do ano passado.

Foi a única equipa a encontrar este buraco regulamentar, o que demonstra que em Woking os técnicos estão abertos ao risco, uma condição sine qua non para que as vitórias possam estar no horizonte.

Para além disso, a McLaren mudou de fornecedor de unidades motrizes, trocou a Renault pela Mercedes, sem que tivesse muitas dificuldades ou contrariedades, uma tarefa que não é fácil, dado a diferença de conceito entre os dois exemplos, um feito em si mesmo.

O MCL35M parece, definitivamente, um carro bem-nascido e capaz de permitir a Lando Norris e Daniel Ricciardo lutar pela liderança do segundo pelotão.

O australiano, que se estreia na equipa este ano, demonstra uma boa adaptação ao seu novo ambiente e poderá ser um trunfo importante para que a McLaren se imponha atrás das duas grandes.

É um ano difícil para a equipa. Além de receber uma unidade motriz nova, tem de olhar para 2022 com muita atenção, pois a ambição de voltar ao topo passa forçosamente pelo aproveitamento bem feito das novas regras que entrarão em vigor na próxima época. Mas a estrutura de Woking, desde a entrada de Andreas Seidl e James Key passou a trabalhar de forma mais eficiente. Junta-se essa eficiência ao bom ambiente criado pelo estilo de liderança aberto e positivo de Zak Brown e temos provavelmente a equipa com o melhor ambiente para se estar no paddock. Não terá sido por acaso a escolha de Ricciardo para substituir Carlos Sainz. Alia o seu enorme talento a uma postura positiva, a mesma postura de Bruce McLaren quando fundou a equipa. Lando Norris é também aposta forte de Brown e a estrela do futuro da McLaren. Terá de mostrar mais um passo na sua evolução em 2021 depois de ter mostrado um crescimento visível na época passada.

“Foi um teste produtivo de pré-época para nós no Bahrein. O número reduzido de dias significou que foi crucial maximizar o nosso tempo de pista e estamos satisfeitos com a quantidade de trabalho que conseguimos completar. O feedback do Lando deu-nos uma boa referência sobre o MCL35M em comparação com o nosso carro anterior, enquanto Daniel foi capaz de se familiarizar mais com o carro e fornecer dados e conhecimentos úteis para os engenheiros”, disse Seidl.

“As condições eram ligeiramente diferentes das que estamos habituados aqui no Bahrein. Correr durante o dia significa que as temperaturas da pista são muito mais elevadas do que o habitual, e a tempestade de areia na sexta-feira revelou-se um desafio interessante para a equipa e para os pilotos. Apesar disto, concluímos os nossos planos de corrida como esperado ao longo do fim-de-semana, com ambos os pilotos a cobrirem 328 voltas ao longo dos três dias”.

“A equipa, tanto no Bahrein como na fábrica, fez um excelente trabalho ao lado dos nossos colegas Mercedes para entregar um carro fiável, o que é crucial para um teste produtivo.”

“Penso que estamos bem preparados e que estamos de novo numa batalha muito renhida. Ficaríamos muito, muito satisfeitos com um pódio na primeira corrida. Daniel é uma grande referência para o Lando. Ele mostrou que pode vencer corridas com o material certo e isso ajuda Lando a dar o próximo passo. Não podemos esquecer como Lando é jovem. Pelo que tenho visto, ele está a dar esse passo”.

Aston Martin F1: “dar mais um passo em frente”

A Aston Martin regressa este ano à Fórmula 1, mas os primeiros testes não foram animadores, com diversos problemas técnicos a apoquentar os homens de Silverstone, ainda se, em termos de performance, o AMR21 parece estar ao nível do esperado de uma equipa que se pretende impor atrás de Mercedes e Red Bull. Sebastian Vettel, sem lugar na Ferrari, encontrou guarida na Aston Martin, mas foi precisamente ele o mais afligido por problemas técnicos, tendo sido dos pilotos titulares o que menos quilómetros realizou ao longo dos três dias de testes, o que não será positivo para a sua adaptação à sua nova equipa.

A formação de Silverstone parece ter, uma vez mais, um carro capaz de lhe permitir imiscuir-se na luta pelo terceiro lugar do Campeonato de Construtores, mas para já existem dúvidas se ficou a ganhar com a saída de Sergio Pérez para a entrada de Vettel e num segundo pelotão que promete ser muito compacto, os pilotos farão a diferença.

Com Sebastian Vettel, as possibilidades de lutar por lugares mais acima na grelha, crescem, pois em teoria o alemão é melhor que Sergio Pérez, mas a adaptação à equipa também conta, por isso há que esperar para ver. Portanto, se Sebastian Vettel conseguir recuperar o seu ‘mojo’ e ajudar a equipa a obter resultados semelhantes aos do ano passado, isso irá certamente satisfazer Lawrence Stroll, mas se por outro lado, a equipa não conseguir ser a melhor ”das outras”, será mau. Este é dos casos mais interessantes de seguir em 2021.

Para Otmar Szafnauer, chefe de Equipa: “Com a chegada da Aston Martin, acrescentámos apelo comercial que só esta marca poderia trazer, sempre produzimos acima do que esperavam de nós, mas agora queremos mais. Para além de novos parceiros, continuamos a avançar com a construção da nova fábrica, que será concluída e estará operacional em menos de dois anos. Vai ser a primeira fábrica verdadeiramente moderna que beneficia de todas as tecnologia mais recente da Cognizant. Tudo isso vai ajudar a fazer o carro andar mais depressa.

Há uma mudança grande com a chegada do Sebastian Vettel, alguém com quem todos nós podemos aprender. Na minha mente que Sebastian tem não perdeu nada da sua velocidade. Cabe-nos a nós criar um ambiente em que se sinta confortável para que ele possa entregar no  seu brilhante o melhor. 

Quanto ao Lance, é um jovem e talentoso piloto e esta é mais uma oportunidade para aprender, tendo um quádruplo Campeão do Mundo ao lado.

O objectivo para 2021 é construir sobre o que nós alcançámos no ano passado e dar mais um passo para a frente. Não há razão para que não possamos conseguir isso com a nossa talentosa força de trabalho e com o novo investimento financeiro. O sucesso não vem da noite para o dia, mas eu estou convencido de que estamos a colocar os elementos-chave no local certo para continuar a subir na grelha, este e nos próximos anos”, disse.

Alpine F1 Team: Fazer melhor que a Renault o ano passado

A Alpine estreia-se este ano na Fórmula 1 ao assumir o testemunho que lhe foi entregue pela Renault, que continua apenas como fornecedora de unidades de potência.

Este é um ano de reorganização da equipa que tem ao serviço o chassis que estreou em 2019 e o V6 turbo-híbrido de 2020, ainda que com evoluções, olhando para 2022 como a temporada em que tudo tem de estar pronto para poder dar um verdadeiro salto competitivo.

Mas nem por isso a estrutura de Enstone deixou de se preparar da melhor forma dentro de todos os constrangimentos que a rodeiam, apresentando um carro que revela algumas soluções únicas, como é o caso da tomada de ar dinâmica para o motor de dimensões generosas, com o intuito de estreitar ao máximo os flancos laterais e, assim, aproveitar da melhor forma todo o ar que passa pelo fundo plano.

O A521 parece ser um carro capaz de poder lutar pelas melhores posições do segundo pelotão, ainda que não demonstre a mesma performance pura de alguns dos seus adversários, mas o regresso de Fernando Alonso poderá ser um trunfo importante.

Espanhol depois de um dia e meio de testes em Sakhir parece não ter estado fora da Fórmula 1 duas temporadas e é sabida a forma como ele consegue carregar um carro inferior para posições em que não merece estar, o que, com a ajuda de Esteban Ocon, poderá levar a Alpine até ao terceiro lugar do Campeonato de Construtores.

Há no entanto, algumas coisas estranhas na equipa: O director-geral Cyril Abiteboul saiu e foi substituído pelo antigo director no MotoGP Davide Brivio, que por sua vez divide a liderança com Marcin Budkowski. Quem decide, afinal? Isto só pode significar uma de duas coisas: Ou não confiam em Brivio, porque não tem experiência de F1, ou assumem que este é uma espécie de transição ‘assistida’…

O line up é bom, e portanto a Alpine tem possibilidade de lutar por pódios, mas se tudo se juntar.SA

Se os astros não se alinharem, a Alpine fica no fundo do segundo pelotão, vamos ver se, não atrás da Alpha Tauri. Seria mau demais.

Scuderia Ferrari: Pelo menos o terceiro lugar…

Depois da sua pior temporada em quarenta anos, 2021 só pode ser um ano de recuperação para a Scuderia, ainda que dificilmente se poderá encontrar na posição de se bater com a Mercedes ou Red Bull. O objetivo apontado por Mattia Binotto é claro, assegurar o terceiro lugar no Campeonato de Construtores, mas dadas todas as limitações impostas regulamentarmente ao desenvolvimento dos carros até isso poderá ser difícil.

O mais importante para a Ferrari será verificar em pista os avanços apresentados pelas ferramentas de simulação, uma vez que isso permitirá ter a certeza de que tem os meios para conceber um carro competitivo para 2022, quando o novo regulamento entrar em vigor.

No campo dos pilotos a Scuderia tem uma das melhores duplas do plantel, agora que Carlos Sainz tomou o lugar de Sebastian Vettel e que Charles Leclerc é cada vez mais um “produto acabado” e os dois poderão fazer a diferença na luta pelo terceiro lugar, dado que em 2020 o alemão foi uma sombra de si mesmo, marcando apenas pouco mais que um terço dos pontos do monegasco, o que teve um impacto na classificação da Ferrari.

Resumindo, a Ferrari ficará desapontada por não obtiver ganhos significativos este ano, depois de ter resistido à sua pior época em 40 anos. A boa notícia dos testes pré-época no Bahrein é que a Ferrari parece ter dado um passo em frente no departamento de motores. Carlos Sainz também se encaixou bem na equipa ao lado de Charles Leclerc – o espanhol tem a reputação de entregar pontuações consistentes, que é o que a Ferrari precisa após uma difícil campanha de 2020.

Sendo difícil fazer pior que em 2020 e a verdade é que a Ferrari do ano passado não estava apenas em ‘baixa’ na potência do motor do seu monolugar, mas também aerodinamicamente comprometida pelo que resta saber se conseguiu recuperar nos dois lado. Fazer pior que terceiro lugar será mau…

AlphaTauri: Chegar um pouco mais à frente…

AlphaTauri saiu de Sakhir naturalmente entusiasmada… Yuki Tsunoda, o seu novo recruta, assinou o segundo tempo do fim-de-semana de testes e o AT02 Honda mostrou ser um carro competitivo e consistente. A equipa de Faenza beneficiou do bom trabalho realizado pela Honda com a sua nova unidade de potência, mas também do lado da aerodinâmica e do chassis o monolugar da equipa B da Red Bull demonstra ser um passo em frente relativamente ao seu antecessor, que era já um monolugar muito competente e que permitiu a Pierre Gasly conquistar a vitória no Grande Prémio de Itália.

O francês será seguramente um factor na luta pela primazia no segundo pelotão, mas a inexperiência de Tsunoda, um rookie, poderá impedir que a equipa possa terminar a temporada no terceiro lugar do Campeonato de Construtores.

A AlphaTauri teve uma temporada sólida em 2020, reforçada pela vitória de Pierre Gasly em Monza, um pouco afortunada, mas válida como todas. Ser capaz de marcar pontos regulares e fazer mais progressos no meio do pelotão é o objetivo, mas com um rookie, o japonês Yuki Tsunoda, vamos ver como corre. Cair para trás da Alfa Romeo era mau…

Alfa Romeo Racing: Testes prometedores, mas…

A Alfa Romeo teve o ano passado uma temporada difícil, devido à falta de potência no V6 turbo-híbrido da Ferrari, mas ainda assim conseguiu maximizar oportunidades, somando os pontos necessários para assegurar o oitavo lugar no Campeonato de Construtores.

Com a melhoria na unidade de potência italiana, uma evolução na competitividade era esperada numa temporada de estabilidade em que se mantiveram os pilotos de 2020 – Kimi Raikkonen e António Giovinazzi.

Os homens da estrutura de Hinwil melhoraram o carro, que o ano passado tinha falta de apoio aerodinâmico, ficando longe da luta do segundo pelotão, mas será difícil que Raikkonen e Giovinazzi possam ser fatores consistentes nas batalhas atrás da Mercedes e Red Bull.

No entanto, não será anormal que, em circunstâncias especiais, os possamos ver em posições mais interessantes, sendo de esperar que marquem mais pontos que os oito de 2020.

Depois duma boa exibição nos testes, a equipa está confiante de ter dado um bom passo de desempenho nesta temporada, com Kimi Räikkönen a declarar que o carro já é mais rápido do que o seu antecessor. A qualificação era uma fraqueza para a Alfa Romeo em 2020, mas com a Ferrari a fazer progressos com a sua unidade de potência, o melhor cenário possível seria vê-los competir regularmente com os Alpine e AlphaTauri. Dificilmente descem da mesma posição do ano passado, mas não conseguir chegar mais à frente será um fracasso.

Haas: Um passo atrás para dar dois em frente

A Haas teve em 2020 a mais difícil temporada da sua ainda curta existência, marcando apenas três pontos. Para este ano não se esperam melhorias significativas, antes pelo contrário.

A equipa foi a única a não usar os dois tokens de desenvolvimento a que tinha direito, o que demonstra bem que a próxima época será de contenção para a formação americana. Para além disso, Guenther Steiner afirmou já que não haverá evoluções ao longo do ano, deixando bem claro que 2022 será o grande objectivo da Haas. Posta esta abordagem em perspectiva, será difícil que a equipa de Gene Haas não assuma a posição de lanterna vermelha do plantel.

Com dois rookies nos seus monolugares, Mick Schumacher e Nikita Mazepin, não será um mau maior, dando aos seus novos recrutas a possibilidade de evoluírem progressivamente ao longo da temporada sem grandes pressões, para em 2022, com a introdução do novo regulamento, poderem explanar o seu potencial e baterem-se por pontos regularmente.

O objetivo é claramente esperar pelos novos regulamentos e preparar 2022 da melhor forma. Em 2021 a equipa assumiu uma postura diferente e a procura de apoio e parceiros ganhou mais força. Gene Haas não está disposto a pagar tudo do bolso dele e Steiner terá de continuar a procurar apoios. A entrada de Mazepin e do dinheiro do seu pai ajuda a situação da equipa e mesmo a entrada de Schumacher torna a equipa mais interessante para potenciais patrocínios.

“Penso que temos algumas coisas para nos manter motivados ao longo do ano”, disse Steiner. “Temos dois jovens pilotos que precisamos de desenvolver, e vamos evoluir ao longo do ano.”

“Então a luz ao fundo do túnel é 2022, onde estaremos de volta à nossa força total porque nos reagrupamos no ano passado e demos um passo atrás para dar dois passos em frente. Com certeza, algumas coisas serão um desafio – também pessoalmente para continuarmos motivados, mas penso que podemos fazer isto. No final, tudo acontece em nove meses, mas são 23 corridas. Estamos preparados para isso e vamos consegui-lo”.

“Confio plenamente na Ferrari no que nos dizem, bem como no que estão a fazer. Podemos ver no carro deles que a unidade motriz é melhor. Para nós, os nossos testes concentraram-se principalmente em conseguir que os dois pilotos dessem o maior número de voltas possível. Não podíamos realmente fazer uma comparação, pois Mick, por exemplo, só esteve no carro do ano passado durante um dia inteiro depois de Abu Dhabi, e Nikita só conduziu um carro Haas F1 pela primeira vez no nosso shakedown no Bahrein este ano. Confio plenamente na Ferrari e tenho a certeza de que a unidade de potência é mais potente”.

O que esperar da Haas este ano? É difícil olhar para além das fraquezas da Haas nesta época, mas se houver uma meta a ser estabelecida, esta será provavelmente centrada na obtenção de respeitabilidade em vez de qualquer progresso significativo na grelha. Na melhor das hipóteses, a equipa americana terminaria à frente dos rivais Alfa Romeo e Williams, assegurando ao mesmo tempo que estão no bom caminho em vez de fora dele.

Mas realisticamente a equipa pode apenas ambicionar a marcar dois ou três pontos, se correr bem, para minimizar uma época que é na prática um ano zero.

Williams: Pontos à vista?

A formação de Grove, agora com novos donos, espera prosseguir este ano a recuperação lenta, mas sustentada que tem vindo a protagonizar nos últimos anos. Face ao desinvestimento da Haas, parece seguro que a Williams fugirá ao papel de mais lenta do pelotão, mas dificilmente poderá entrar na luta do segundo pelotão, até que não parece ser capaz de se bater com a Alfa Romeo que, por sua vez, não está também integrada na luta atrás da Red Bull e da Mercedes.

Porém, com George Russell ao seu serviço pela terceira temporada consecutiva não será de colocar de parte a conquista de alguns pontos, o que seria já uma boa evolução face a 2020, quando ficou com a sua conta em branco.

A equipa adotou uma filosofia aerodinâmica mais radical que teve um teste de fogo no Bahrein. O forte vento que se fez sentir afetou a performance do carro que aerodinamicamente é muito sensível. Ou seja, num fim de semana em que as condições meteorológicas não sejam as melhores, a Williams vai ter problemas. Mas a equipa assumiu sem pudores que está a apostar em dois ou três fins de semana em que as condições estejam reunidas para marcar pontos Para a Williams, para já, não faz sentido tentar ser regular ao longo de 23 corridas se tal não permitir chegar aos pontos. Assim, marcando pontos em dois ou três eventos, tem mais hipóteses de sair do último lugar que é o objetivo para esta época.

“Sabíamos antes desta temporada e confirmamos nestes dias que o nosso carro é incrivelmente sensível ao vento e as condições dos três dias de teste provavelmente trouxeram o pior do carro, o que foi positivo em termos de análise”, disse Russelll. “Mas, acho que vamos ter uma temporada de altos e baixos. E, infelizmente, muitas vezes nas mãos do vento. Quando o vento está em uma direção favorável, o carro é muito rápido.”

“Acredito que quando formos para uma pista em que tudo está um pouco mais calmo ou mais fechado, será onde poderemos nos destacar. Acho que, talvez,  Ímola possa ser boa para nós.”

“Essa sensibilidade ao vento não é a primeira vez que existe na equipa ou no carro”, destacou. “Para nós, talvez seja um pouco mais extremo do que nas duas últimas temporadas, mas  podemos estar i no final da temporada a dizer que fomos muito, muito rápidos em 10 corridas, muito, muito lentos nas 13 restantes. Mas se conseguirmos marcar pontos nas corridas em que estivemos bem e chegamos em oitavo terá sido uma ótima decisão seguir esse caminho. Há prós e contras. O tempo dirá“, concluiu. 

Outras das melhorias para este ano é a dieta do carro que pela primeira vez ficou abaixo do peso mínimo. Isso significa que a equipa pode colocar lastro em locais estratégicos, baixando o centro de massa do carro, o que o torna mais equilibrado.

Mas a equipa terá de estar focada em 2022, uma oportunidade única de deixar definitivamente a cauda do pelotão. Assim, não se espera um esforço desmesurado para tornar o carro mais competitivo do que é neste momento como explicou o diretor da equipa, Simon Roberts:

“Na verdade, temos um plano de atualização ao longo do ano, mas vai ser bem modesto e, como outras equipes, espero que tenhamos muito cuidado em como colocar nossos recursos nisso.”

Será a Williams capaz de sair do último lugar? As primeiras impressões indicam que sim, mas só o tempo dirá se tal é mesmo verdade.

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Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
3 anos atrás

Boa a sorte a todos/todas.

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