Faltam pilotos brasileiros depois de Felipe Massa

Por a 24 Dezembro 2022 12:00

O Brasil é um dos países que “vive” mais esta competição, para isso basta ver, por exemplo, o número de sites, páginas ou grupos de Facebook, perfis de Twitter ou qualquer outra rede social, brasileiros que existem e que todos os dias crescem. Qual a grande razão deste interesse? Os excelentes pilotos que saíram do território e que vingaram ao mais alto nível, especialmente Ayrton Senna. E o que aconteceu em 2018? A partir desse ano não houve mais nenhum piloto brasileiro na F1 a tempo inteiro, tendo apenas Pietro Fittipaldi levado a bandeira do Brasil para a grelha de partida em dois Grandes Prémios (Abu Dhabi e Sakhir) em 2020, substituindo na Haas Romain Grosjean depois de um terrível acidente nos primeiros momentos da prova no Bahrein e que resultou em queimaduras no piloto francês.

Desde 1970 que o Brasil foi representado na F1 todos os anos até 2017, quando Felipe Massa terminou definitivamente a carreira. Incluiu 3 campeões mundiais, mais precisamente um bicampeão e dois tricampeões. Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna dispensam apresentação onde quer que se pronuncie os seus nomes. Só não existe mais um campeão mundial do país, porque Massa perdeu o título para Lewis Hamilton em 2008 por um ponto… que ninguém fale de Timo Glock a um fã brasileiro!

A experiência brasileira na classe rainha do automobilismo já vem desde 1951, o segundo ano do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. Francisco Sacco Landi foi o piloto pioneiro, mas na sua primeira experiência no campeonato do mundo só completou 1 volta no GP de Itália, tendo pilotado um Ferrari antes de o trocar por um Maserati. De 1952 a 53, Landi competiu pela equipa que criou, a Escuderia Bandeirantes. Com outro brasileiro (Gino Bianco) ao volante de um dos quatro Maserati da primeira equipa brasileira, Landi marcou assim o início de uma das nações que mais sobressai nas estatísticas da F1. O Brasil ocupa o 3º lugar na lista de países com mais vitórias na competição, com 101, atrás do Reino Unido (308) e Alemanha (179), sendo também o 3º país com mais pole position (126) e o 4º com mais pódios (293). O Brasil tem 8 títulos mundiais entre os já referidos 3 Campeões do Mundo.

Landi foi o pioneiro, mas não nas vitórias. A primeira aconteceu com Emerson Fittipaldi em 1970 nos EUA. “Rato”, como ficou conhecido naquela altura entre os seus compatriotas, foi o único brasileiro a vencer corridas até à chegada de Carlos Pace e Nelson Piquet. A partir dos anos 70, o país cimentou a sua posição no campeonato, com o primeiro GP no território brasileiro, à custa dos pilotos que iam conquistando vitórias e fãs, sendo esse o problema do futuro imediato na competição.

É óbvio que são mais os fãs brasileiros de agora do que os da década de 70, mas sem pilotos no pelotão o GP do Brasil esteve em sérias dúvidas, passando agora a ter outro fulgor, mesmo sem pilotos daquela nação na grelha, e as corridas Sprint estreadas na Fórmula 1 em 2021 tem outro encanto no Autódromo José Carlos Pace. Enquanto Interlagos não precisou, ou não pesou na decisão de o manter no calendário da F1, de um brasileiro como piloto principal, França ficou novamente sem o Grande Prémio e tem atualmente dois pilotos que vão dividir os carros de uma equipa francesa. Não procurando o glamour como no Mónaco ou (como que a Liberty Media) Las Vegas, nem as estrelas pop de Miami, São Paulo oferece um ambiente espetacular, assim como Monza, México ou Suzuka, ou até mesmo como tem acontecido recentemente no Texas, palco do GP dos EUA. Os espectadores deliram com cada ultrapassagem, amam os pilotos e a competição. Isso parece ter feito a diferença, porque apesar de não terem um brasileiro em pista, adotaram outros heróis, como Lewis Hamilton.

O GP do Brasil não deve estar em causa nos próximos anos, mas convém que se continue a divulgar a F1 naquele país e seria saudável que se exportassem rapidamente pilotos para a F1. Não sendo garantia, como vimos no caso francês, de manter-se uma prova por lá, seria mais um ponto a favor.

Existiram sempre alguns pilotos brasileiros que são falados para serem os próximos a entrar na F1, mas nunca tiveram uma real oportunidade. Sérgio Sette Câmara, Pietro Fittipaldi, Matheus Leist, Pedro Piquet e até o regresso de Felipe Nasr (que apostou bem no IMSA), foram alguns dos pilotos apontados pela comunicação social brasileira para um regresso daquela nação ao cockpit de um carro de F1. O Brasil deu pilotos com muito talento, muito caráter e pensar na F1 sem pilotos brasileiro parece estranho, mas nos últimos anos apareceram em cena Enzo Fittipaldi e Felipe Drugovich, este último Campeão da Fórmula 2 na temporada que agora terminou. Fittipaldi garantiu um lugar na estrutura da Red Bull, enquanto o campeão da F2, não tendo lugar para 2023 na grelha da F1, mantém-se por perto, depois de se tornar piloto de desenvolvimento da Aston Martin. Será difícil para ambos, mas esperamos estar enganados.

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canam
canam
1 ano atrás

Os brasileiros tiveram 3 grandes campeões : Emerson Fittipaldi que tudo iniciou, e que era um piloto completissimo, grande gestor de corridas embora não fosse super rápido, e que se não fosse o projecto Copersucar talvez pudesse ter ganhou mais uns campeonatos, o Nelson Piquet, grande especialista em mind games muito sólido em tudo, e que mesmo com problemas de visão depois de um acidente , ainda foi o que foi, e o Ayrton Senna realmente um fora de série em tudo…ou quase. Houve um outro nos anos 70 que, diz-se, tinha qualidade para ser campeão, se tivesse a montada… Ler mais »

Last edited 1 ano atrás by Canam
garantia4
garantia4
Reply to  canam
1 ano atrás

O Pace era o melhor desses que correram nos anos 70 – Emerson e Piquet, os principais – e mostrou ainda o seu inegável valor ( Nurburgring 73 é um bom exemplo). E cumpriu o seu sonho de menino: ser piloto oficial da Ferrari.

Pity
Pity
1 ano atrás

Drugovich merecia um lugar de titular, mas há mais dois pilotos que poderão chegar à F1, assim haja vagas: Enzo Fittipaldi e Caio Collet. Tenho gostado de os ver.

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