F1: Terá a FIA arrumado a luta pelo título?

Por a 17 Junho 2022 13:58

A FIA decidiu intervir depois das queixas dos pilotos sobre o impacto do ‘porpoising’ na sua saúde, mas as medidas que a entidade federativa pretende implementar poderão ter como grandes prejudicados equipas inesperadas e arrumar a questão do título.

No Azerbaijão foram diversos os nomes que se mostraram insatisfeitos com a forma como o fenómeno que caracteriza os carros deste ano afetam o seu físico, sendo o mais evidente o de Lewis Hamilton, que se queixou de fortes dores de costas, sendo visível a sua dificuldade em deixar o seu Mercedes no final da prova de Baku.

O carro do construtor de Estugarda é um dos, senão o que mais, sofre com ‘porpoising’ violento, mas não é único, não havendo um monolugar que não fosse vítima da oscilação vertical, verificando-se até no Red Bull RB18, que é um dos que tem o fenómeno mais bem controlado.

Com Pierre Gasly e Carlos Sainz a serem também vocais quanto ao sofrimento que o ‘porpoising’ provoca nos pilotos, a FIA sentiu-se obrigada a agir, tendo consultado diversos médicos para perceber qual o verdadeiro impacto na saúde dos pilotos, chegando à conclusão de que este cenário não poderia continuar.

Antes da comunicação da entidade federativa, distribuída ontem ao final da tarde, a ideia generalizada era que a medida que poderia ser implementada para impedir o fenómeno seria impor uma distância mínima ao solo para evitar a oscilação, uma solução privilegiada pela Mercedes, que vinha a fazer força para que algo fosse feito.

Desta forma, os homens da formação do construtor germânico ver-se-iam livres do ‘porpoising’, sem perda competitiva, ao invés de tentar colocar o W13 numa janela de afinação que notoriamente não gosta.

Já a Red Bull e a Ferrari, teriam de subir os respetivos carros, perdendo performance, o que as poderia deixar no alcance competitivo da Mercedes.

Christian Horner mostrou-se contra qualquer alteração no regulamento de modo a impedir que o ‘porpoising’ se fizesse sentir, uma vez que, do seu ponto, de vista, é fácil evitar o fenómeno, basta aumentar a altura ao solo, e as equipas que fizeram um bom trabalhar a dominar a oscilação não poderiam ser penalizadas, devendo ficar o ónus naquelas que têm o problema.

Contudo, este não foi o caminho anunciado pela FIA no seu comunicado. Os homens de Paris não foram pela rota mais simples, a de implementar uma distância mínima ao solo que prejudicaria as equipas que fizeram um bom trabalho.

Não, a FIA adotou o caminho de encontrar a força que o corpo humano poderá aceitar sem questões de saúde e impedir que este limite seja ultrapassado, não estando ainda definido esta barreira que assinalará o que é aceitável. “A definição de uma métrica, baseada na aceleração vertical do automóvel, que dará um limite quantitativo para um nível aceitável de oscilações verticais. A fórmula matemática exata desta métrica ainda está a ser analisada pela FIA, e as equipas de Fórmula 1 foram convidadas a contribuir para este processo.”, lê-se no comunicado da FIA.

Isto significa que, apenas os carros que produzem ‘porpoising’ nocivo à saúde dos pilotos, terão de ser alvo de intervenção, sendo a forma mais fácil de o fazer aumentar a distância ao solo, situação que às equipas terão de assumir, com a consequente perda de competitividade, para satisfazer a norma da entidade federativa.

O Mercedes será, seguramente, um dos casos, ficando a formação da marca alemã numa situação ainda mais difícil que a atual, uma vez que, presentemente, para ter um carro minimamente competitivo, tem de comprometer o conforto de Lewis Hamilton e George Russell. Se tiver de levantar o W13, vai perder competitividade, ficando à mercê das melhores equipas do segundo pelotão.

Porém, a Ferrari poderá ser igualmente prejudicada por esta medida da FIA.

O F1-75 é um carro extremamente competitivo, e apenas a fiabilidade custou duas vitórias nas três últimas corridas, mas ostenta um ‘porpoising’ evidente nas retas, muito embora sem a violência do Mercedes, e com a capacidade de estabilizar assim que os pilotos tiram o pé do acelerador, o que lhes permite realizar as zonas de travagem e as curvas com confiança.

No entanto, se força com que o F1-75 sacode os seus pilotos ultrapassar o limite instituído, também a Ferrari terá de alçar o seu carro, pagando uma penalização em performance, o que seguramente a impedirá de se bater com a Red Bull de igual para igual, como tem acontecido até agora.

Num momento em que a Scuderia está em dificuldades, atrasando-se nas contas dos dois campeonatos devido a questões de fiabilidade, se for impactada pela norma da FIA o adeus à luta pelos títulos será apenas uma formalidade.

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