F1: Temperatura baixa durante GP de Las Vegas é um desafio que “não foi considerado inicialmente”

Por a 11 Novembro 2023 10:32

A próxima prova do calendário da Fórmula 1 é muito querida da Liberty Media, que investiu significativamente para que o Grande Prémio de Las Vegas realmente aconteça. No entanto, há um grande desafio que parece não ter sido considerado pelos organizadores quando avançaram com o projeto e que vai trazer problemas para as equipas e pilotos: as temperaturas muito baixas que se esperam na corrida noturna na ‘Cidade do Pecado’.

Foram investidos cerca de 500 milhões de dólares pela Fórmula 1 para a realização, no fim de semana de 17 a 19 de novembro, do GP de Las Vegas, esperando que seja o ponto alto da temporada em termos de espetáculo e de retorno comercial, obviamente.

Foram muitas as questões relacionadas com esta prova, desde negociações com os proprietários dos locais por onde atravessa o circuito citadino, a criação de soluções para os funcionários dos vários casinos, hóteis e outros negócios poderem passar para trabalharem e muitos outros temas. 

Para pilotos e equipas, em termos competitivos, Las Vegas vale os mesmos pontos de qualquer outra prova da temporada, exigindo uma preparação diferente. Não há qualquer experiência em pista e foi mesmo necessário recorrer a ferramentas com ajuda de Inteligência Artificial para criar vários cenários durante as sessões de simulação. Também a Pirelli, fornecedor exclusivo de pneus, está um pouco às escuras para a prova no estado do Nevada. No entanto, serão os seus pneus que poderão estar mais em foco em termos competitivos, uma vez que são esperadas temperaturas de 5ºC. 

Todas as sessões da prova vão acontecer à noite, com a corrida a realizar-se a partir das 22 horas locais. A qualificação, como o segundo treino livre, tem início à meia noite em Las Vegas.

Prevê-se que no fim de semana de 17 a 19 de novembro as temperaturas noturnas possam alcançar os 5°C e talvez até mais baixas. São valores que a F1 registou durante os testes de inverno em Barcelona em temporadas passadas, mas não durante a época. A temperatura mais baixa que há registo na história da Fórmula 1 foi o Grande Prémio do Canadá de 1978, com vitória de Gilles Villeneuve peçla Ferrari em outubro, com uma temperatura de 5°C durante a maior parte do dia.

Por outro lado, estando localizadas no deserto, as temperaturas em Las Vegas durante o dia podem chegar aos 20°C, caindo a pique mal o sol se põe. 

Em recentes declarações num podcast da publicação TalkSport, o antigo responsável da Fórmula 1, Ross Brawn, admitiu que “a única coisa que não tínhamos considerado inicialmente, mas que a empresa de pneus tratou, é que fica muito, muito frio à noite. Por isso, enquanto a corrida está a decorrer, no sábado à noite, sabe-se que pode descer até aos três ou quatro graus. Por isso, pode ser realmente muito frio e, claro, fazer com que os carros trabalhem a essas temperaturas pode ser um desafio. [A Pirelli] fez algum trabalho para garantir que os pneus aguentem isso. Estamos definitivamente a enfrentar alguns novos desafios que nunca tivemos antes, mas acho que vai ser espetacular”. 

Por seu turno, Mario Isola da Pirelli explicou ao The Athletic que é, possivelmente, a primeira vez que enfrentam este desafio de temperaturas tão baixas, realçando que os pilotos enfrentarão um cenário muito incerto, podendo os pneumáticos terem menor nível de aderência durante o próximo fim de semana nas ruas de Las Vegas.

“Trabalhámos com as equipas e pedimos-lhes simulações com antecedência para tentar perceber quanta energia a disposição do traçado coloca nos pneus. Recebemos informações das empresas que estão a fazer o asfalto para percebermos o grau de abrasividade do asfalto e qual o nível de desgaste que podemos esperar”, salientou ainda Isola, dando conta que “mesmo assim, há muitos pontos de interrogação para Las Vegas. Decidimos utilizar os três compostos mais macios da gama para tentar gerar aderência. Imagino uma grande evolução da pista e uma aderência muito baixa. Por isso, [os pilotos] vão-se queixar! Não há problema. Nós também vamos gerir esta situação, mas é uma grande incógnita. Pista rápida, longas retas, alta velocidade e todas as condições que são bastante difíceis de gerir”.

Uma das formas de conseguir aquecer a borracha dos pneus em pista, criando melhores condições de aderência, é exigir mais dos pneus nas curvas de velocidade mais elevada, criando mais tensão entre a borracha e o asfalto, aumentando a temperatura. Mas como Mario Isola disse, o traçado citadino tem longas retas e poucas curvas de alta velocidade, tornando mais difícil esta questão para os pilotos. 

Isola recordou que a Pirelli teve “muitas discussões com a Fórmula 1 e a FIA antes de Las Vegas e também no ano passado. Lembro-me que comecei a discutir Las Vegas com o Ross Brawn, por isso já foi há muito tempo. Obviamente, não podemos mudar o tempo, não podemos aumentar a temperatura. Um desafio pode ser manter a temperatura do pneu. Foi por isso que decidimos selecionar os três compostos mais macios. E depois, como já referi, é um pouco difícil de antecipar porque só temos dados baseados em simulações, nada mais”. Uma das medidas que a Pirelli costuma tomar nas pistas para aumentar os níveis de aderência é a utilização de jatos de água de alta pressão sobre o asfalto, tornando a superfície mais abrasiva, tendo-o feito em Las Vegas.

Numa corrida com tantas incertezas e onde se corre pela primeira vez, juntando a previsão de ser tão difícil colocar temperatura e assim aumentar o nível de aderência nos pneus, a possibilidade de um acidente que leve à entrada do Safety Car é grande. O problema é que num período desses, as temperaturas dos pneus voltam a baixar, podendo ser muito perigoso para os pilotos nas voltas seguintes.

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Pity
Pity
5 meses atrás

Vai ser lindo, vai… Só espero que não venham a lamentar realizar uma corrida nessas condições.
Para já, em termos comerciais, está a ser um fiasco, com a organização a ter de baixar substancialmente o preço dos bilhetes.

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