F1: Patrick Head surpreendido com os problemas de ‘porpoising’

Por a 16 Julho 2022 10:42

O ‘porpoising’ não é novo na Fórmula 1, tendo sido um problema para as equipas do início dos anos 80.

Sir Patrick Head teve de lidar com ele e admite que ficou surpreendido com as dificuldades que as formações estão a sentir este ano devido ao fenómeno.

As equipas que militavam na categoria máxima encontravam mais performance nos seus carros devido aos túneis ‘venturi’ que a Lotus tinha estreado em 1977, mostrando o caminho às suas adversárias.

Esse foi a senda do desenvolvimento para vencer títulos e as equipas encontravam cada vez mais ‘downforce’ através do fundo esculpido dos seus carros, até que o ‘porpoising’ entrou em ação, havendo relatos da época de carros a levantar as rodas da frente devido ao fenómeno.

Patrick Head, o líder técnico da Williams durante décadas, concebeu uma das melhores interpretações dos ‘carros asa’, como estes ficaram conhecidos, com o FW07, monolugar que lutou pelos títulos de 1979 e 1981 e venceu os dois campeonatos de 1980, com Alan Jones a sagrar-se Campeão do Mundo.

Em conversa com o AutoSport o icónico engenheiro inglês explicou como o fenómeno que se tornou num dos pontos de discussão desta temporada se verifica. “A ressonância do ‘porpoising’ é complexa, mas está essencialmente relacionada com os carros de ‘túneis’ na zona inferior, e uma ponta da carroçaria, que está próxima, mas não veda totalmente o chão”, começou por nos dizer o ex-diretor técnico da Williams, acrescentando: “isto resulta numa relação muito intensa entre a ‘downforce’ e este espaço na ponta da carroceria, esta relação muito intensa interage com a rigidez vertical da suspensão, a taxa radial dos pneus, e, para além disso, com a flexibilidade da carroçaria – o quão verticalmente ‘rígidos’ são os pontões laterais do carro”.

No início da década de 80 as equipas tinham ao seu dispor as saias deslizantes e, depois, as saias flexíveis, o que permitia selar os túneis ‘venturi’ e, assim, minimizar os efeitos do ‘porpoising’, uma ferramenta que não está ao alcance dos técnicos este ano. “Um dos mecanismos de redução da força por detrás do ‘porpoising’ consiste em colocar saias flexíveis nas extremidades dos pontões laterais, como em 1981-82, estas fletiam para o interior à medida que o carro baixava, pelo que selavam o ar nas extremidades laterais.

Em 2022, não há qualquer tolerância para extremidades flexíveis, embora não exista realmente algo completamente rígido quando se lida com estas forças enorme”, apontou Patrick Head na nossa conversa.

O homem que foi instrumental em todos os títulos conseguidos pela Williams sublinha que evitar um fenómeno não é complicado, sendo aumentar a distância do carro ao solo uma das soluções, mas o desafio é fazê-lo sem perder performance. “É fácil evitar o ‘porpoising’, ao reduzir a intensidade da subida da ‘downforce’ à medida que as extremidades do fundo se aproximam do solo, mas a maioria dos mecanismos também reduzirão a ‘downforce’, por isso é uma questão complexa, mas os bons cérebros nas equipas vão resolvê-lo”, enfatizou Head.

No entanto, o inglês não se deixa de se mostrar atónito com a forma como algumas equipas foram apanhadas pelo ‘porpoising’, dadas as ferramentas que hoje têm à sua disposição. “Na verdade, surpreende-me muito que este problema não tenha sido bem compreendido e evitado pelas equipas para 2022, uma vez que se tratava de um verdadeiro problema em 1981-82, e mesmo em 1980, quando as ‘saias deslizantes’ dos carros não se moviam facilmente nos momentos em que estavam sob maiores forças.

Alguns conseguiram fazer melhor que outros, mas se é ‘por desígnio’ ou ‘por acidente’, não sei”, concluiu Sir Patrick Head.

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