F1: Os riscos do regresso de Ricciardo à Alpine

Por a 26 Agosto 2022 13:54

Parece evidente que Daniel Ricciardo está determinado em permanecer na Fórmula 1, depois de ter perdido o seu lugar na McLaren, e o seu destino mais óbvio será a Alpine, mas será que o australiano tem mais a ganhar ou a perder num regresso à estrutura de Enstone.

Quando assinou pela formação de Woking, Ricciardo dificilmente esperaria estar na situação em que se encontra presentemente – sem volante para a temporada seguinte e sem perspectivas de entrar numa equipa que lhe permita regressar aos triunfos.

Sobre a mesa o australiano tem a possibilidade de rumar à Alpine, Alfa Romeo, Haas ou Williams, parecendo a mais interessante o regresso à formação que deixou precisamente para assumir um volante na equipa que agora não o quer e esse pode ser um problema.

Grande parte da equipa de gestão da estrutura de Enstone, que agora se conhece como Alpine, foi alterada, tendo Cyril Abiteboul saído, que ficou furioso com a saída de Ricciardo para a McLaren, e hoje é Laurent Rossi e Otmar Szafnauer quem lideram a equipa, mas são muitos os técnicos que se mantêm na formação da marca francesa.

Alan Parmene, o atual diretor desportivo da Alpine, é um exemplo, está na equipa desde os seus tempos de Benetton, no final dos anos oitenta, e muito embora não tenha uma palavra decisiva na escolha dos pilotos, tem o seu peso e, sobretudo, será uma das figuras que se terá sentido ultrajado com a escolha de Ricciardo em deixar a Renault no final de 2020 para rumar à McLaren.

O responsável inglês é um dos exemplos entre muitos defraudados pela opção do australiano e seguramente que a confirmar-se uma nova reunião entre as duas partes, o regresso do ainda piloto da McLaren será visto com desconfiança e mais como alguém que voltou apenas por uma questão de conveniência ao invés de acreditar verdadeiramente no projeto da Alpine.

Isto parece de somenos, mas do outro lado está Esteban Ocon, que não sendo um fora de série é um piloto muito competente, tendo sido capaz de morder os calcanhares a Fernando Alonso, e que está completamente empenhado na equipa, tendo um contrato até ao final de 2024, evidenciando um comprometimento que Ricciardo não foi capaz de mostrar.

É claro que no papel o tratamento que será dado aos dois pilotos será o mesmo e, seguramente, terão o mesmo equipamento ao seu dispor, mas intrinsecamente, as pessoas à volta do francês, sem se dar conta, darão um pouco mais de si, que aqueles que rodeiam o australiano e isso poderá ser preponderante para os resultados em pista.

Esta será uma tendência encapotada que Ricciardo terá de combater e virar a seu favor de modo a não ser ver batido regularmente por Ocon, um piloto que dominou quando os dois fizeram equipa em 2019 e 2020.

Num momento em que a sua cotação está em baixo, depois de ter sido ‘trucidado’ por Lando Norris, a última coisa de que o australiano precisaria era ser de novo batido por um colega de equipa, sobretudo por um que há uns ano bateu de forma clara.

A verificar-se, seria a confirmação de que, ou Ricciardo perdera a velocidade de outrora ou os actuais carros não se adaptam ao seu estilo de pilotagem, sendo qualquer uma destas possibilidades motivadoras do final da carreira do australiano na Fórmula 1.

A Alpine parece ser a melhor opção para que Daniel Ricciardo, vencedor de 8 Grandes Prémios, possa seguir a sua carreira na categoria máxima, mas pode ser um presente envenenado. A questão é se o australiano, que está num momento de falta de confiança, está disposto a arriscar ou se prefere rumar a paragens mais seguras para se restabelecer…

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