F1: O momento da verdade para a Ferrari

Por a 21 Julho 2022 10:04

Chegados que estamos ao meio da temporada do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 deste ano, Charles Leclerc está no segundo posto do certame de pilotos, a trinta e oito pontos de Max Verstappen, sendo este o momento em que a Ferrari terá de tomar a decisão que nos deixará perceber se quer lutar pelo título mais importante da categoria ou não…

Depois de duas temporadas difíceis, a Scuderia regressou este ano às vitórias e chegou mesmo a liderar com conforto os dois campeonatos.

No entanto, problemas de fiabilidade e alguns erros estratégicos levaram a que se encontre agora numa situação de desvantagem evidente, com o monegasco a mais de uma vitória de distância do holandês, ao passo que no Campeonato de Construtores, a formação de Maranello está a cinquenta e seis pontos da Red Bull.

São desvantagens consideráveis quando estamos no equador da época, sobretudo porque a Ferrari e a sua adversária estão um passo à frente das restantes equipas, inclusivamente, da Mercedes, que presentemente não mostra consistência para se intrometer entre as duas estruturas que este ano venceram todas as corridas, não tendo ainda capacidade para roubar pontos aos contendores pelo ceptro.

Para além disso, o Red Bull RB18 e o Ferrari F1-75 estão muito equilibrados em termos de prestações, sendo habitualmente pequenos pormenores que fazem pender a balança para um dos lados.

Na Áustria talvez tenha sido o evento em que se tenha verificado a maior superioridade de um carro relativamente a outro, com a Ferrari a caminho de uma dobradinha, quando Carlos Sainz teve de abandonar com problemas técnicos na unidade de potência do seu monolugar.

É, portanto, compreensível que, para que uma equipa e um piloto encontrem o sucesso no final do ano todas as oportunidades terão de ser maximizadas, tais as pequenas diferenças que se verificam este ano entre o triunfo e a derrota.

Neste panorama, tem sido Leclerc o ponta de lança da Ferrari.

Até agora, o monegasco foi batido em corrida pelo seu colega de equipa por apenas três vezes, mas mesmo essas foram ocasiões em que o titular do carro número dezasseis teve a sua prova condicionada.

Em Montreal, Leclerc iniciou a corrida da penúltima posição da grelha de partida, por ter montado uma nova unidade de potência, ao passo que em Monte Carlo e Silverstone foram falhas estratégicas da parte da Ferrari a colocá-lo atrás do seu colega de equipa.

Em qualificação o monegasco foi batido por Sainz apenas por duas vezes – no Canadá, pelos motivos já apontados, e em Inglaterra, com o espanhol a ser mais forte na pista molhada de Silverstone.

É evidente que, em circunstâncias normais, é Leclerc o piloto mais forte no seio da Scuderia e isso é visível no Campeonato de Pilotos, onde o monegasco tem cento e setenta pontos, contra cento e trinta e três de Sainz, uma vantagem de trinta e sete pontos, mais que o valor de uma vitória.

Mattia Binotto tem afirmado que o objectivo da Ferrari durante as corridas é maximizar os resultados da equipa, independentemente das classificações dos pilotos, mas a questão é se o italiano pode enjeitar a possibilidade de lutar pelo título de pilotos, um ceptro que não vence desde 2007, num ano em que tem um monolugar, no mínimo, tão competitivo como o Red Bull pilotado por Max Verstappen.

As oportunidades na Fórmula 1 são raras e a sua rival deste ano é um forte adversário que não tem cometido muitos erros. Se os homens da formação de Maranello quiserem colocar um ponto final na travessia do deserto que realizam há quinze anos terão de colocar as “suas fichas” em Leclerc, dado que, para além de ser o piloto da equipa que pontualmente mais próximo está do Campeão do Mundo, para além de ser quem dá mais garantias de resultados.

Sainz terá de perceber que, com o seu abandono de Spielberg, apesar de cruel, terá de assumir agora o papel de segundo piloto e ajudar o seu colega na batalha com Verstappen, porém, terá de haver uma definição da parte de Mattia Binotto e dos seus homens, que terão de assumir uma decisão que têm evitado tomar.

Se a partir do Grande Prémio de França não se verificar uma prioridade óbvia que favoreça Leclerc, então ficará claro que o Campeonato de Pilotos de 2022 não interessa à Ferrari, enjeitando uma oportunidade que poderá não se repetir…

Subscribe
Notify of
1 Comentário
Inline Feedbacks
View all comments
Scirocco
Scirocco
1 ano atrás

Análise bastante correcta da situação. As palavras de Binotto são no entanto esclarecedoras da sua incapacidade como director de equipa. A sua decisão (que equivale a uma não decisão) sobre a escolha dos pilotos revela o quanto a Ferrari falha em termos estratégicos. Não querendo de maneira nenhuma fazer a apologia da gestão de Jean Todt, que revela o pior que pode haver na definição discricionária do que é um 1º e 2º piloto, penso que terá que haver coragem e firmeza de um director de equipa para tomar decisões que não são necessáriamente agradáveis. Não me parece ser esse… Ler mais »

últimas Destaque Homepage
últimas Autosport
destaque-homepage
últimas Automais
destaque-homepage
Ativar notificações? Sim Não, obrigado