F1: Mercedes e a saída de Mike Elliot: erro aceite e novo rumo

Por a 1 Novembro 2023 08:24

Demorou, mas chegámos lá. A Mercedes anunciou a saída do seu diretor técnico, Mike Elliott, depois de mais de uma década com a equipa e não há coincidências: rolou a cabeça do principal elemento que levou a equipa Mercedes de Fórmula 1 ao ponto em que se encontra agora, a ‘milhas’ da Red Bull. Oficialmente, foi Elliot que quis “fazer uma pausa e fazer um balanço”, mas se foi ou não, nem sequer interessa muito…

A Fórmula 1 sempre foi, e será, uma disciplina de altos e baixos, nunca deixará de haver domínios como o da Mercedes de 2014 a 2020, e o da Red Bull em 2022 e 2023, como já existiram tantos outros para trás, na história da F1.

Mike Elliott foi um dos elementos mais preponderantes nos enormes sucessos da equipa nesse período, mas tal como sucede em tantos desportos, se não em todos, chegou o seu momento de errar, e por fim, de sair.

O ‘seu’ conceito de ‘sidepod zero’, quando foi visto nos testes de 2022, pouco tempo depois da Mercedes ter perdido o campeonato de pilotos por ‘milímetros’, muitos acharam que num pelotão de dez equipas ‘a marchar’, o único de passo trocado podia ser o génio. Não era. E depressa se provou que não era, e com base nisso, a Mercedes continua a pagar as despesas dessa opção.

E a saída de Elliot neste momento prova que a Mercedes atirou a toalha ao chão e agora vai por outro caminho. Se a Mercedes acreditasse piamente que Elliot não tinha grandes culpas no cartório, não o teria deixado sair…

Para a Mercedes foram, e esta época ainda não terminou, dois anos ‘sabáticos’ em que a única coisa que tem aprendido é o que não se deve fazer.

É verdade que o risco faz parte desta profissão, quer dos pilotos em pista, quer dos engenheiros técnicos no computador. Por vezes corre mal. E desta feita correu muito mal.

Elliot substituiu James Allison no final de 2021 e liderou o projeto de carros de efeito só como são hoje em dia os F1 atuais. Mas como todos sabemos o W13 foi um enorme falhanço e o W14 não melhorou muito.

Como muitos treinadores no futebol de alto nível, poucos se vão lembrar que Elliot ajudou a Mercedes a ganhar oito Campeonatos de Construtores consecutivos e sete de Pilotos. Vai ficar marcado por este falhanço que resulta no seu despedimento.

Elliot já tinha deixado o cargo de diretor técnico da Mercedes, trocando funções com James Allison em abril, já que depois de ter defendido com unhas e dentes o conceito de ‘sidepod zero’ também para 2023, quando a equipa teve a oportunidade depois de 2022, de voltar dar um passo atrás, nem sequer foi preciso chegar à qualificação do primeiro GP da época, no Bahrein. Já se desconfiava antes pelos testes, a qualificação só veio ‘oficializar a coisa’. Insistiram no erro e voltariam a pagar por isso, como se vê pelos números da época de 2023.

Mike Elliot passou no início deste ano para os bastidores, ajudando a preparar os novos engenheiros que farão parte da equipa técnica nos novos anos, alegadamente também já trabalhar para os novos regulamentos de 2026, tarefas ‘pomposas’, que foram as encontradas pelos responsáveis da Mercedes para ‘encostar’ Elliot. Agora chegou o momento da saída.

Mike Elliott é a cara da direção errada da Mercedes e está a pagar por isso, mas que ninguém duvide que a estrutura de Brackley perde um elemento muito válido.

Por exemplo, fazendo um paralelo no futebol, um treinador que é campeão várias vezes, erra um ou dois anos, é despedido, mas depois volta a ganhar muito noutro clube qualquer. Tal como diz o célebre provérbio português “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe…”…

Apesar depois do que viram em 2022, a Mercedes quis acreditar que Elliott estava correto e permitiu que se insistisse nos ‘sidepod zero’ para 2023. Os visíveis melhoramentos estão muito longe de ser suficientes. Tal como sucede noutros desportos, o sucesso de uma equipa será sempre visto relativamente aos que os adversários estão a fazer e a Mercedes não conseguiu melhorar acima disso.

Só em 2024 ficaremos a saber se a Mercedes perde ainda mais ou ganha com esta saída. O que sabemos é que a Mercedes caiu em dois anos para uma distância que nos parece quase inimaginável para trás da Red Bull, mas convém não esquecer que grande parte da ‘culpa’ é do bom trabalho feito por Adrian Newey e dos seus pares na Red Bull, pois ‘arriscamo-nos’ que até ao final de 2025 ninguém consiga tirar a Red Bull do poleiro em que está. Depois vêm aí novas regras e nova história. Ou não…

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