F1, Lando Norris: um campeão com mérito
Nem sempre, e aliás, muitas vezes, o campeão de Fórmula 1 não é forçosamente o melhor piloto da grelha – neste momento, há poucas dúvidas de que esse ‘título’ pertence a Max Verstappen, e assim tem sido há alguns anos.
Contudo, Lando Norris provou ser um campeão digno do seu título. Com Oscar Piastri e outros a revelarem-se grandes adversários, a McLaren soube aproveitar a má primeira metade da época da Red Bull. O facto de três pilotos terem chegado à derradeira corrida com condições de serem campeões foi um cenário ideal, e após muitas críticas ao longo do ano, Lando Norris fez o que era preciso para conquistar o título.
Determinação e estratégia em Abu Dhabi
A sua capacidade tática e mental chegou a ser posta em causa, mas nesta corrida decisiva em Abu Dhabi, o britânico executou uma estratégia impecável. Evitou riscos desnecessários e respondeu de forma soberba à pressão exercida por Charles Leclerc e Yuki Tsunoda. A dupla ultrapassagem, realizada após a sua paragem nas boxes, demonstrou uma preparação mental notável para este momento decisivo. É evidente que Norris estaria nervoso – quem não estaria numa situação destas? – mas cumpriu o seu papel com mestria.
A vitória de Norris foi conquistada com profissionalismo exemplar e um controlo emocional notável, especialmente ao enfrentar a ultrapassagem de Piastri na primeira volta e a intensa perseguição subsequente de Charles Leclerc.
O piloto da McLaren escolheu o local exato para ultrapassar Yuki Tsunoda, minimizando o risco, mesmo numa manobra extremamente apertada, como se comprovou pela penalização imposta ao japonês. Norris manteve a compostura mesmo perante as manobras perigosas de Tsunoda, que desempenhou o papel de um “Ministro da Defesa” algo trapalhão.
Mérito apesar das adversidades na equipa
É importante salientar que Lando Norris teve de lidar com uma das dinâmicas mais desafiantes do campeonato: um companheiro de equipa altamente competitivo, Oscar Piastri, e um rival do calibre de Max Verstappen, tetracampeão. A sua reabilitação após um primeiro semestre problemático — período em que se questionou se Piastri o teria suplantado como primeiro piloto da equipa — e o abandono em Zandvoort demonstraram um caráter e uma determinação inabaláveis. A melhoria substancial no período Austin-México-Brasil foi decisiva, consolidando a sua capacidade de encontrar um nível superior quando mais importava. Foi aí que pavimentou o seu caminho para o título, não se deixando abater pelo azar de Las Vegas, que afetou toda a equipa e relançou significativamente o campeonato.
Controlo profissional na decisão
O resultado de apenas dois pontos de diferença para Verstappen no final sugere que Norris poderia ter tido uma margem de vantagem maior, atendendo à superioridade do carro da McLaren em grande parte do ano. Contudo, este facto não invalida a sua legitimidade como campeão. Não existem campeões perfeitos; apenas a Red Bull esteve muito perto disso em 2023, quando foi derrotada apenas uma vez em 22 corridas. Embora todos possamos aceitar que, com carros idênticos durante todo o ano, Max Verstappen teria sido campeão novamente, a verdade é que a história da Fórmula 1 é feita de altos e baixos para todos, e nunca houve períodos dominantes que não terminassem. Assim, esta passagem de testemunho de Max Verstappen para Lando Norris é justa, embora se o título tivesse caído para qualquer um dos outros dois pilotos, ninguém ficaria surpreendido.
Em suma, Lando Norris conquistou o título após uma melhoria notável na segunda metade da época, aproveitando as oportunidades quando Oscar Piastri teve uma quebra de produção, e chegou à última corrida controlando a decisão final sem cometer erros.
A trajetória de Lando Norris até ao título é um excelente exemplo de como a resiliência e a capacidade de adaptação são cruciais no desporto de alta competição. O desenvolvimento do McLaren ao longo da temporada, transformando-o num carro cada vez mais ‘ganhador’, foi fundamental para o sucesso do piloto britânico, demonstrando a importância da sinergia entre piloto e equipa na busca pelo campeonato.
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Breno Mascarenhas
7 Dezembro, 2025 at 21:06
Campeão nada convincente.
jo baue
7 Dezembro, 2025 at 21:46
Opiniões.
Mas repararam também na reacção, ou talvez melhor, a não reacção do público nas bancadas no momento da consagração ? É preciso dizer mais ?
Miguel Costa
7 Dezembro, 2025 at 23:14
Dos 3 que podiam ter ganho, é o que tem, teria, menos mérito, não fosse a equipa o ter colocado como preferido e nunca teria ganho, é o menos talentoso dos 3 e que bem ajudou a situação de Monza, 2 pontos acabaram por ser suficientes. Ainda estou para perceber como é que o carro do Piastri se torna menos competitivo em 3 GP e depois volta a ser competitivo.
Pity
8 Dezembro, 2025 at 0:25
Ora vamos lá aos méritos:
Os três candidatos cometeram erros durante a época, uns mais graves, outros menos graves, mas todos cometeram. Vamos lá ver quem perdeu mais pontos por culpa própria (só erros crassos):
Verstappen em Espanha;
Piastri em Baku e na sprint de Austin;
Norris no Canadá.
Abandonos sem culpa:
Abandono por problemas no carro: Norris -18 pontos
Desclassificação: Norris e Piastri em Las Vegas. -18 pontos para Norris
Só nestes dois casos Norris perdeu 36 pontos.
Não incluí os pontos perdidos em más largadas nem os que poderia ter ganho se não tivesse sido abalroado em Austin.
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E já agora, parece que houve alguém que assistiu à corrida sem som, visto que não ouviu a reação do público…