F1, GP Japão: Ferrari mostra ascendente sobre a Mercedes

Por a 25 Setembro 2023 17:09

O duelo entre a Mercedes e a Ferrari será um dos grandes motivos de interesse do final da temporada de 2023 do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 e no Grande Prémio do Japão foi a ‘Scuderia’ a vencedora com alguma surpresa.

Até depois da corrida de Zandvoort, a prova que iniciou a metade após a pausa de verão, poucos apostariam que a formação de Maranello poderia ser um incómodo para a equipa do construtor de Estugarda, até porque então estava em apenas no quarto posto do Campeonato de Construtores e, no fim-de-semana neerlandês, Charles Leclerc e Carlos Sainz tinham aquele que seria o pior evento da temporada, tendo o espanhol salvo um quinto posto, mais devido a golpes estratégicos oportunistas e aos erros tácticos crassos da Mercedes que ao verdadeiro potencial do SF-23.

Mas a partir de então a tendência inverteu-se totalmente. Em Monza o carro italiano foi o que mais se aproximou da Red Bull e, em Marina Bay, Sainz aproveitou a quebra de forma episódica da equipa de Milton Keynes para vencer, naquela que é, para já, a única derrota da formação de bandeira austríaca.

Estes resultados permitiram à Ferrari ascender ao terceiro posto do Campeonato de Construtores, a vinte e quatro pontos da Mercedes e, subitamente, o segundo lugar desta passou a estar sob ameaça da ‘Scuderia’.

No entanto, Suzuka tinha tudo para que a equipa de Maranello sofresse mais um desaire, dadas suas características, capazes de expor as debilidades do SF-23 – curvas rápidas e longas, asfalto abrasivo, exposição ao vento e, este ano, calor.

Nestas condições, o carro italiano demonstra inconsistência aerodinâmica e coloca grande carga térmica nos pneus traseiros, o que leva a dificuldades na gestão das borrachas durante a corrida, daí as melhores performances dos pilotos da Ferrari em qualificação que ao domingo.

O Mercedes W14, por seu lado, tem vindo a evidenciar um comportamento mais benigno e, muito embora não tenha um pico tão alto como o monolugar transalpino nos sábados, em corrida era capaz de impor-se.

No entanto, em Suzuka, desde cedo se viu a Ferrari com alguma vantagem para a Mercedes, passando por algumas dificuldades no primeiro sector – onde os esses do início eram preponderantes – mas ganhando vantagem nos seguintes.

Na qualificação, Leclerc e Sainz rodavam em tempos semelhantes aos de Lewis Hamilton e George Russell no primeiro sector, mas nos seguintes ganhavam quase dois.

Isso levou a que, enquanto o monegasco assinava o quarto tempo e o espanhol o quinto, os ingleses ficavam em sexto e sétimo, com vantagem para o heptacampeão mundial.

Apesar de ficar aquém da sua adversária na qualificação, o padrão que se verificou ao longo de todo o ano levava a considerar que a Mercedes poderia impor-se à sua rival na corrida.

Contudo, desde os treinos-livres que Hamilton e Russell se queixavam do sobreaquecimento dos pneus traseiros, algo a que os pilotos da Ferrari passavam incólumes, graças a uma afinação de maior apoio aerodinâmico, para proteger os pneumáticos, potenciado por um novo fundo, que estava a dar os resultados esperados.

Sem ter argumentos para a Red Bull nem para a McLaren, a corrida, com as elevadas temperaturas a aquecer o asfalto de Suzuka, seria o grande teste para a ‘Scuderia’.

No arranque, os pilotos da Ferrari mantinham a sua vantagem, com a Sergio Pérez a desaparecer da equação, ao passo que Fernando Alonso aproveitava a confusão entre Sainz, o mexicano e Hamilton, para se colocar no encalço dos carros de Maranello.

Enquanto os pilotos da ‘Scuderia’ rodavam em formação, ganhando vantagem para o piloto da Aston Martin, os recrutas da Mercedes entravam numa luta intestina, não centrando a sua atenção no espanhol.

Só quando este parou demasiado cedo, na décima primeira volta, Hamilton e Russell, que, entretanto, já tinham trocado algumas vezes de posição, se viram livre de Alonso, passando a rodar a mais de dois segundos de Sainz.

Todos com pneus médios, não se notava uma quebra de performance dos Ferraris, tendo sido Hamilton a espoletar a primeira ronda de troca de pneus, tentando fazer o ‘undercut’.

A jogada agressiva da Mercedes colocou a equipa de Maranello numa situação difícil, uma vez que teria de escolher um dos seus pilotos para responder ao inglês, sabendo que outro ficaria exposto ao heptacampeão mundial.

Sainz acabaria por ser o sacrificado, mas manteve a sua posição, graças a uma paragem lenta de Hamilton.

Com Russell, a formação da marca alemã tentava uma impossível estratégia de apenas uma troca de pneus, que não deu qualquer fruto, terminando num distante sétimo posto.

Apesar de ter borrachas duras, mais consistentes que os médios montados pelos pilotos da Ferrari, Hamilton não conseguiu aproximar-se de Sainz, mas uma vez mais a Mercedes estava determinada em jogar no ‘undercut’, fazendo parar o seu piloto na trigésima quarta volta, imitando Leclerc.

Este poderá ter sido o único erro estratégico da Ferrari, que se tivesse chamado o espanhol em vez do monegasco, fazendo parar este na volta seguinte, uma vez que tinha margem para se defender de Hamilton, poderia ter mantido os seus dois carros à frente do heptacampeão mundial.

Mesmo na volta seguinte, Sainz poderia sair à frente do inglês, caso trocasse de pneus, mas era no limite, algo que os estrategas de Maranello não estavam dispostos a arriscar.

Os homens da ‘Scuderia’ decidiram a alongar o segundo ‘stint’ de Sainz para que ficasse com pneus em melhores condições na ponta final da corrida, chamando-o às boxes quatro voltas depois de Hamilton.

Acabaria por ser curto e o espanhol terminou na sexta posição, encostado no escape do inglês, quase beneficiando da indefinição da Mercedes, que levou demasiado tempo para ordenar Russell a deixar passar o seu colega de equipa, para suplantar os dois.

No final, a falta de agressividade estratégica da Ferrari custava-lhe uma posição para Hamilton, mas ainda assim, saía de Suzuka com menos quatro pontos para recuperar para a Mercedes, distando agora as duas equipas vinte.

Mais importante para os italianos, num circuito que tinha tudo para expor as debilidades do seu monolugar, conseguia bater a sua rival, deixando-os confiantes de que poderá chegar ao segundo posto no Campeonato de Construtores até ao final da temporada.

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