F1, GP de Las Vegas, Crónica: Max Verstappen com sorte no casino

Por a 20 Novembro 2023 14:00

Olhando para o pódio do Grande Prémio de Las Vegas parece que a normalidade imperou na prova do Nevada, mas, na verdade, o tricampeão mundial precisou de um golpe de sorte numa cidade conhecido pelo jogo para vencer pela décima oitava vez este ano.

No papel, o traçado do circuito Las Vegas Strip não era muito favorável ao Red Bull RB19, uma vez que a pista americana se caracteriza por longa rectas, uma delas com quase dois quilómetros, ligadas por curvas lentas, o que se enquadra bem nas condições que mostram o melhor do Ferrari SF-23.

Para além disso, todo o fim-de-semana de Las Vegas seria realizado ao fim da noite, em alguns casos mesmo no início da madrugada, e com as temperaturas baixas que se fazem sentir na região por esta altura, o carro de Milton Keynes estaria fora da sua janela de funcionamento ideal, uma vez que sente algumas dificuldades em colocar os pneus do eixo dianteiro na temperatura certa.

Já o monolugar de Maranello, não tem dificuldades em aquecer as borrachas da Pirelli, daí conseguir, em algumas ocasiões, lutar em qualificação com o seu rival de bandeira austríaca, não tendo depois ritmo em corrida, devido ao desgaste excessivo dos pneumáticos.

Foi, portanto, com naturalidade que Charles Leclerc conquistou a pole-position para o primeiro Grande Prémio em Las Vegas em quarenta e um anos.

A Ferrari conseguia mostrar-se genuinamente competitiva no novo circuito americano e o monegasco, depois da qualificação, não mostrou o discurso habitual, assumindo que estava em Las Vegas para vencer a corrida, apesar de ter ao seu lado na primeira linha Max Verstappen.

O neerlandês é normalmente muito arrojado e agressivo nas suas manobras e no arranque para a prova de cinquenta voltas, atacou a liderança de Leclerc, alongando a travagem para a primeira curva, indo até à escapatória exterior e obrigando o monegasco a fazer o mesmo, o que deixou o piloto da Red Bull no comando e esta foi a primeira jogada que levou Verstappen à vitória.

A FIA ao invés de ordenar que o neerlandês cedesse o lugar a Leclerc, aplicou-lhe uma penalização de cinco segundos, o que permitiu ao piloto da Red Bull liderar e gerir os seus pneus médios, ao passo que o monegasco tinha de atacar para se manter no encalço do líder, esforçando os seus Pirelli também marcados a amarelo.

Ainda assim, foi Verstappen que teve problemas com as borrachas, tendo sido ultrapassado por Leclerc na décima quinta volta, entrando de imediato nas boxes com o pneu dianteiro-direito a abrir.

Numa corrida de apenas uma paragem, este era um momento que poderia definir a corrida, uma vez que Verstappen tinha de parar cedo, devido aos problemas de pneus, e Leclerc tinha uma margem de cinco segundos para se defender do ‘undercut’, devido à penalização do seu adversário, e, com as suas borrachas em bom estado, poderia estender o seu ‘stint’, o que fez.

O monegasco parou cinco voltas depois do piloto da Red Bull, mantendo a liderança virtual, e parecia estar tudo encaminhado para que pudesse conquistar o seu primeiro triunfo deste ano, até porque Verstappen tinha perdido muitas posições em pista e iria esforçar os seus pneus duros na sua recuperação.

No entanto, na vigésima sexta volta, ao tentar ganhar uma posição a George Russell numa curva em que o inglês não estava à espera, este reagiu como se não tivesse ninguém ao lado, sem ver o Red Bull, e o toque foi inevitável, espalhando detritos pela pista, o que obrigou à entrada do Safety-Car em pista.

A neutralização da corrida deixava a Ferrari numa situação difícil, que tinha Leclerc com pneus de apenas cinco voltas, ficando na iminência de perder em posição se voltasse a chamar o seu piloto às boxes para nova troca de pneumáticos, ao passo que a Red Bull poderia reagir com Verstappen, ao passo que com Pérez, que estava no comando com uns pneus montados no final da primeira volta, esta era a oportunidade que lhe permitiria lutar por um lugar no pódio.

A equipa de Milton Keynes chamou os seus dois pilotos, tendo estes metade da corrida para perseguir Leclerc e garantir a uma dobradinha.

O piloto da Ferrari defendeu-se o máximo que pôde de Pérez, ao passo que Verstappen estava em quinto atrás de Pierre Gasly e Oscar Piastri, que não tinham parado aquando do Safety-Car. Contudo, o mexicano conseguiu mesmo ultrapassar o monegasco, na trigésima segunda volta, e parecia que o esforço de Leclerc tinha decididamente caído por terra… Mas não…

Na trigésima quinta volta, monegasco contra-atacava Pérez e voltava ao comando, ainda que o mexicano continuasse por perto e Verstappen estava já em terceiro e perto do duo da frente.

Levou ao neerlandês duas voltas a chegar ao primeiro lugar, ultrapassando Pérez na trigésima sexta, e Leclerc na seguinte.

O piloto monegasco conseguiu manter-se na zona de DRS do Red Bull durante seis voltas, mas o esforço era demasiado para os seus pneus, que tinham mais cinco voltas que os de Verstappen e tinha perdido mais performance devido a ter passado por dois ciclos de aquecimento, com a entrada em pista do Safety-Car.

Na tentativa de manter Verstappen no seu horizonte, Leclerc cometeria um erro, o que permitiu a Pérez subir ao segundo posto a sete voltas do fim, mas o monegasco lançou um ataque ao mexicano na última, recuperando a vice-liderança.

Verstappen venceu em Las Vegas, pela quinquagésima terceira vez e igualando Sebastian Vettel, mas desta feita, sem a estrela da sorte do seu lado na cidade do jogo da sorte e azar, não teria batido Leclerc que fez tudo, assim como a Ferrari, para vencer o Grande Prémio.

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