F1: Final de temporada com bastantes quilómetros e cansaço acumulados

Por a 1 Novembro 2023 17:58

A FIA e a Fórmula 1 têm muito defendido a sustentabilidade na disciplina rainha do automobilismo, no entanto termina em São Paulo uma das mais difíceis alturas da temporada, uma vez que se continuam a aprovar calendários com provas em fins de semana consecutivos entre vários fusos horários, que podem resultar em instabilidade física e emocional a vários elementos das 10 equipas que compete no mundial. É insustentável essa situação para os homens e mulheres que compõem o paddock da F1, que depois de terminarem três corridas em três semanas, ainda terão que realizar as últimas duas corridas, viajando de Las Vegas para Abu Dhabi para terminar a temporada ainda este mês. 

Trabalhar dentro da Fórmula 1 pode parecer um emprego de sonho para quem é apaixonado pela disciplina ou pelo desporto motorizado. Certamente, trará momentos inesquecíveis e uma satisfação pessoal para cada um dos elementos das equipas, do próprio pessoal da Formula One Management e dos vários parceiros que acompanham o ‘Grande Circo’. No entanto, é um trabalho tenso, exigente em que um erro pode custar milhares de horas de trabalho e de dólares. Mas a probabilidade de errar é maior quando o cansaço se instala, como quando se tem de viajar entre Austin, a Cidade do México e São Paulo em três fins de semana consecutivos, tendo pelo meio que fazer aquilo para que são pagos e aguentar o efeito ‘jet lag’. 

Basta pensarmos como terá sido a noite dos mecânicos da Haas que tiveram de trabalhar para reconstruir o carro acidentado de Kevin Magnussen, preparando-o para o transporte desde o México para o Brasil. Os próprios mecânicos não deverão ter ficado depois a dormir no hotel para descansar, uma vez que também têm de se deslocar para o circuito de Interlagos e lá, preparar tudo para a ação em pista começar na sexta-feira. 

Há elementos que conseguiram evitar as três corridas consecutivas com receio de sucumbir à exaustão de uma jornada complexa, muito perto do final da temporada, já com imenso trabalho realizado nos meses anteriores. No entanto, são elementos da comunicação e marketing, por exemplo. Raro será o mecânico ou engenheiro que o poderá fazer, enquanto os pilotos viajam de corrida para corrida em voos privados. Mesmo assim, admite Pierre Gasly que “Austin-Cidade do México-São Paulo é muito difícil para todos nós na Fórmula 1. É muito intenso e, para além disso, dois desses fins-de-semana são provas de Sprint. Para gerir essa intensidade, tento descontrair sempre que posso”. O piloto francês da Alpine ainda foi mais longe. “Organizei um jogo de futebol com a equipa na semana passada contra a Haas e isso ajuda a manter-nos a todos frescos e à união da equipa e, ao mesmo tempo, foi muito agradável”.

É verdade que para os fãs isso parece passar despercebido, no entanto quando os erros acontecem é fácil julgar a equipa por isso. As imagens de um mecânico que queria colocar à força uma roda com a jante virada para dentro, para o lado do carro, para ser apertada durante os treinos, tornou-se viral e foi encarada como uma cena divertida. Não deveria ter sido para o próprio e para os seus companheiros de trabalho, que realizam centenas de ensaios para que essa altura corra sempre bem. A Fórmula 1 é complexa, pressiona todos os envolvidos e requer muita resistência, mas o planeamento das corridas e o querer aumentar o número de provas por ano pelos organizadores, sobrecarrega as equipas, que têm tentado lidar com este desafio, contratando mais elementos, por exemplo, mas que, ainda assim, podem não conseguir responder a todas as necessidades.

Falar em sustentabilidade está na moda, qualquer que seja o negócio. Na Fórmula 1, este é um objetivo bastante difundido, mas ao mesmo tempo, com medidas que nos fazem questionar se realmente é uma prioridade.

Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images/Red Bull Content Pool

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breno_mascarenhas2020_hotmail_com
breno_mascarenhas2020_hotmail_com
6 meses atrás

Fórmula não é NASCAR.
Para mim, 16 a 18 provas por ano, sem circuitos tipo Jeddah (Arábia Saudita). Las Vegas ou Miami.
Silverstone original e Monza sem chicanes, que bom seria !!

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