F1, Ferrari acumula falhas: crise estrutural em Maranello trava regresso às vitórias
A Ferrari vive uma das fases mais complexas da sua história moderna. Sem títulos mundiais de Formula 1 há 17 anos, a equipa de Maranello acumula problemas estruturais profundos que se refletem na falta de competitividade e nos resultados decepcionantes em 2025. As críticas recentes do presidente John Elkann reacenderam o debate, mas especialistas apontam sobretudo para fragilidades internas e técnicas da Scuderia, além de um ambiente organizacional pouco adaptativo.

Carro aquém das expectativas — o SF-25 em foco
O monolugar SF-25 foi apresentado como a grande aposta para devolver a Ferrari à luta pelo título, com uma revisão quase total e uma suspensão dianteira inovadora. Contudo, as limitações aerodinâmicas e estruturais rapidamente se tornaram evidentes. O Ferrari revela dificuldades em gerar downforce, obrigando a opções de compromisso prejudiciais: altura ao solo elevada e entradas de ar reduzidas, num esforço para minimizar danos que já levaram a desclassificações dolorosas, como aconteceu no Grande Prémio da China.
A falta de fiabilidade obriga os pilotos a estratégias de “lift and coast”, revelando a incapacidade de extrair o máximo desempenho do monolugar. Lewis Hamilton e Charles Leclerc enfrentam um automóvel difícil de pilotar e que não responde às exigências técnicas dos circuitos modernos.
Políticas internas e gestão centralizada estagnam a evolução
Entre os principais obstáculos encontrados em Maranello estão os entraves burocráticos e a rigidez nas tomadas de decisão. Juan Pablo Montoya foi direto ao identificar as “políticas internas” da Ferrari como principal travão, referindo que a organização privilegia processos hierarquizados excessivos e reações tardias face aos problemas. Relatos de dificuldades para implementar algo tão simples quanto ajustes menores na caixa de ferramentas ilustram esta inércia interna.
Relatórios de recomendações enviados por Hamilton à direção da equipa foram recebidos com resistência, mostrando uma cultura pouco permeável a mudanças radicais e à construção de soluções dinâmicas e eficazes.
Saídas de técnicos e instabilidade preocupam futuro imediato
Nas últimas semanas, a Ferrari perdeu figuras relevantes do departamento de motores, como Wolf Zimmermann e Lars Schmidt, que rumaram à Audi. A equipa encontra-se em reestruturação, agora liderada por Enrico Gualtieri; mesmo assim, há dúvidas internas sobre o potencial do novo motor para 2026, agravadas pela falta de coerência entre os departamentos técnico e estratégico.
Pilotos sem culpa, ambição sem resultados
Tanto Charles Leclerc como Lewis Hamilton veem a possibilidade de títulos adiada por limitações que lhe são alheias. Leclerc, apesar de somar pódios, já manifesta sinais de desgaste num projeto que não concretiza o seu potencial. Hamilton, por seu lado, mostra frustração com a falta de autonomia para contribuir nas decisões técnicas e de engenharia. Tal como defende Luca di Montezemolo, antigo presidente da Ferrari, “o menor dos problemas da Ferrari são os pilotos; é o carro e a estrutura que precisam de se renovar”.
Perspetivas para 2026 — risco de nova temporada comprometida
O alerta é claro: sem uma reorganização profunda, a Ferrari pode iniciar 2026 em clara desvantagem face à concorrência. O desenvolvimento do novo chassis prossegue, mas as divisões internas, a saída de talento e a ausência de soluções estruturantes deixam a Scuderia vulnerável — e longe dos resultados a que a sua história obriga.
A Ferrari enfrenta uma crise multifatorial onde as falhas técnicas, as limitações de gestão e as políticas internas se somam numa equação desalinhada com a tradição vencedora da marca. A pressão sobre Frédéric Vasseur intensifica-se e, sem alterações radicais nos próximos meses, o risco de prolongar o jejum de títulos é cada vez maior. Enquanto não houver reconhecimento do fracasso das abordagens atuais, o regresso ao topo permanecerá adiado.
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15 Novembro, 2025 at 11:44
Quando querem “malhar”escolhem sempre os mesmos, porque nao mudam a agulha para a Mercedes o que e que tem ganho ultimamente obviamente a Ferrari nao esta bem, mas os pilotos especialmente Hamilton nao tem ajudado muito.A Ferrari esta para a F1 como o Benfica no Futebol nacional ganhe ou perca esta sempre nas bocas do Mundo