F1, Entrevista a Max Verstappen: “Ser campeão? Vai depender do nosso carro, bater o Lewis (Hamilton)”

Por a 29 Abril 2021 11:43

Max Verstappen corre este fim de semana pela segunda vez em Portugal, num Grande Prémio de Fórmula 1, e ao contrário do que tem sucedido nos últimos anos, este ano a sua equipa, a Red bull tem as armas necessárias para dar luta à Mercedes, o que significa também que Max Verstappen tem uma boa oportunidade para dar outra luta a Lewis Hamilton e à Mercedes, e quiçá, impedi-lo de suplantar o recorde de sete títulos de Michael Schumacher.

Com o apoio da CarNext.com, empresa que vende carros usados online, patrocinadora de Max Verstappen, estivemos à conversa com o jovem piloto, que está mais confiante do que nunca.

Falámos um pouco de tudo, desde o que espera do GP de Portugal, à esperada luta com a Mercedes este ano. Uma coisa é certa. Tem os pés no chão e sabe que pode derrotar Lewis Hamilton, se a Red Bull for quase sempre perfeita.

Com que expetativas com que chegas ao GP de Portugal, após o terceiro lugar do ano passado em que terminaste a mais de 30 segundos de Lewis Hamilton?

“No ano passado, a corrida foi bastante atribulada devido ao asfalto novo e traiçoeiro, mas estou ansioso por regressar. É um circuito fantástico para pilotar e creio que até aqui, este ano, estamos mais competitivos do que no anterior. Por isso espero que possamos mostrar isso em Portimão, outra vez, como temos feito até aqui”.

Achas que estás mais bem preparado para esta corrida em Portugal, porque já conheces o circuito, ou porque a equipa está melhor este ano?

“Estamos ainda numa fase inicial da época, ao contrário do ano passado quando estivemos em Portugal, mas penso que a razão é mais pelo facto do carro estar mais competitivo este ano, e é isso que queremos mostrar”.

Em Portimão, em 2020, o início da corrida foi animado, mas o Hamilton acabou por dominar a corrida. Acreditas que o GP de Portugal deste ano será muito diferente do teu ponto de vista?

“Temos de esperar e ver quão competitivos conseguimos ser. No ano passado o asfalto estava bastante escorregadio… Espero que melhore! Para além disso temos de ver, por exemplo, como vai estar a temperatura. Há muitas questões em aberto, mas acredito que vamos apresentar-nos mais competitivos do que fomos o ano passado”.

No último GP perdeste a oportunidade de assumir a liderança do Mundial, o Lewis (Hamilton) tem um ponto de avanço). mas estás muito perto…

“A época é muito longa. Não dou muita atenção a isso, apenas quero dar sempre o meu melhor e estar bem preparado para cada GP e é nisso que tenho de focar-me”.

Ganhaste dois dos últimos três GP (Abu Dhabi 2020 e Imola 2021) e lutaste pela vitória até ao fim no outro (Bahrein). Este é o teu momento de viragem?

“Eu não diria que é o ponto de viragem, é mais um processo contínuo, em que queremos ficar cada vez mais perto da Mercedes. E eu penso que as coisas este ano estão a correr bem. Porém, temos de continuar a trabalhar e a tentar melhorar”.

Tens um companheiro de equipa novo, Sergio Pérez. Pensas que ele pode trazer o que faltava à equipa? Achas que ele pode contribuir que que possas chegar ao título?

“Como equipa, queremos somar o máximo de pontos possíveis com os dois carros. É o que temos tentado fazer. Até agora, nas primeiras corridas, não aconteceu. Mas estou confiante de que o Sérgio vai conseguir, e vamos lutar com os dois carros lá na frente. Esse é o plano e espero que aconteça já em Portimão”.

A Mercedes usou muitas vezes a estratégia a seu proveito, devido a ter dois carros a andar na frente. As coisas serão diferentes com o Sérgio ao lado?

“Todas as pistas são diferentes. Teremos de ver, mas espero que seja uma batalha de quatro carros muitas mais vezes. Vai depender de circuito para circuito”.

Em Imola foi ao contrário, havia dois Red Bull na frente e o Lewis (Hamilton) sozinho. Isso faz a diferença?

“É sempre bom ter dois carros na frente! Nos últimos dois anos, diria, tive sempre de lutar com dois Mercedes e fiquei, naturalmente, limitado nas estratégias de corrida. Em Imola, o plano era ter dois carros a dar luta ao Lewis. Tivemos um bom começo, fomos para a frente, mas depois o Sérgio caiu na classificação e a corrida tornou-se caótica.

Acho que temos que esperar para ver uma corrida completa, seca, todos com os mesmos pneus e então ver o que podemos fazer em termos estratégicos, com o undercut e overcut. Neste caso de Imola, foi mais ver o que conseguíamos fazer naquelas circunstâncias, quando a pista secou, tínhamos que fazer as opções estratégicas nos momentos certos”.

Quais são os circuitos em que acreditas que haverá mais hipóteses dessa luta a quatro?

“Todas as pistas são diferentes e vai depender muito disso, das pistas a que os carros se adaptem melhor. Temos que esperar para ver, neste momento é difícil dizer. É claro que espero que haja muitas batalhas a quatro, mas temos que ver as pistas em que o nosso carro vai estar melhor, mas neste momento é difícil perceber isso, pois estamos tão equilibrados que temos de garantir que chegamos a cada circuito com a melhor afinação possível de modo a sermos competitivos. Acho que ainda não houve a oportunidade certa para ver o que conseguimos fazer em termos estratégicos com os dois carros.”

Em Imola, tiveste um arranque fantástico, passando de terceiro para primeiro. É verdade que arrancaste em segunda velocidade?

“Sim, muitos pilotos fazem isso. Tem a ver com o facto do motor ter muito binário. A segunda velocidade, numa pista como Imola, garante mais tração e menos derrapagem das rodas. O Lewis, por exemplo, também arrancou em segunda, é algo que já fazemos há alguns anos. Não creio que isso tenha sido a chave para um bom começo, mas ficámos muito contentes por ter acontecido, termos uma boa partida, porque isso, para mim, foi a chave para a vitória na corrida”.

Ficaste surpreendido com a qualificação do Sérgio (Pérez) em Imola?

“Não, fiquei surpreendido comigo! Não fiz uma boa qualificação, cometi alguns erros na minha volta. Mas tudo bem, prefiro um fim de semana assim do que comparando com o do Bahrein, em que o sábado foi muito bom, mas não ganhei no domingo. Por vezes esse tipo de coisas, acontecem…”

Achas que é este o ano em que chegas ao título?

“É uma época muito longa para estar a falar dessa possibilidade neste momento, muitas coisas podem acontecer. Até agora as coisas correram bem, foi um início positivo, estou muito feliz com isso, mas temos de continuar a trabalhar arduamente, a melhorar e terá de ser assim até ao final da temporada. Mas estou muito feliz, claro, é a primeira vez que começamos um campeonato de forma muito competitiva, e agora é continuar assim…”

Achas que ter um colega de equipa mais forte pode ser um trunfo para derrotares Hamilton na luta pelo título?

“Não… Acho que é bem mais importante ter o carro mais rápido. Ser campeão não vai depender do meu companheiro de equipa. Vai depender do carro ser rápido o suficiente para estar à frente do Lewis. É isso que temos de trabalhar”.

Em Imola, depois do Safety Car, reiniciaste a corrida sempre de forma muito forte, e dominaste por completo o Grande Prémio. À parte de Abu Dhabi 2020, não me recordo de teres dominado uma corrida desta forma, sentes que este é um bom ponto de partida e podes construir em cima desta exibição de Imola?

“Sim, podemos construir a partir deste resultado, mas o Lewis esteve sempre perto. Os dois carros estavam muito perto. A vantagem que tive em Imola não vai repetir-se em Portimão, de certeza. Mas espero luta renhida em todas as corridas”.

Sentes que as novas regras para 2022, com a possibilidade dos carros andarem mais perto, podem servir-te melhor como piloto?

“Ainda não experimentei o carro, claro, portanto não sei se vai ser melhor para mim. Sei que os carros vão ser mais lentos, pelo que percebi dos simuladores, e muito diferentes de pilotar. Para o ano, os motores serão semelhantes ou até melhores, com mais potência, mas haverá menos aderência. Por isso não vai ser muito fácil, mas vamos ver. Eu penso que 2022 será um pouco parecido com o que sucedeu em 2014 e 2015, em termos da aderência dos carros, por isso será uma grande diferença face ao que temos agora”.

De acordo com o que viste e sentiste até aqui achas que os adeptos vão gostar dos novos carros?

“É verdade, vão ser muito diferentes, mas seja como for o que me parece realmente importante é se as corridas vão melhorar. E isso os adeptos vão gostar.”

Como tens lidado com a pandemia de coronavírus?

Em relação à minha preparação nunca afetou muito, porque a maior parte do trabalho, especialmente físico, era feito quase sempre em casa. Claro que em termos gerais, mudou tudo, das precauções às coisas que temos de fazer, mas quanto à minha preparação nem por isso…”

O que te mantém apaixonado por aquilo que fazes?

“A possibilidade de ganhar. Adoro ganhar, adoro competir, adoro conduzir até ao limite, especialmente um carro de F1, que é tão rápido. Quando tens a possibilidade de fazer isto quase todos os fins de semana, de forma competitiva, é fantástico. Isto é a minha motivação.”

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