F1: Dieter Mateschitz: ‘um tipo grande’ que marcou o desporto automóvel

Por a 28 Outubro 2022 17:37

Hoje seria quase inimaginável a Red Bull não estar na Fórmula 1, tendo um peso na categoria que não pode ser descurado, mas vai para lá disso, tendo um impacto em todo o desporto em geral, desporto automóvel em particular, e tudo começou com um encontro fortuito…

A aventura da mais conhecida marca de bebidas energéticas começou em 1984, quando Dietrich Mateschitz, depois de uma viagem à Tailândia, criou com Chaleo Yoovidhya, tailandês, a Red Bull GmbH. Só no dia 1 de Abril de 1987 o refrigerante chegou ao mercado, mas o seu envolvimento no desporto automóvel teve o seu início ainda antes.

Em 1985, Gerhard Berger realizava a sua primeira época completa na Fórmula 1, com a Arrows, mas sem um budget significativo para levar para a equipa de Jackie Oliver, temia pelo seu lugar.

Porém, durante o Grande Prémio da Áustria um encontro fortuito deu-lhe uma ajuda financeira, ainda que pequena, dez mil dólares, e iniciou uma presença na categoria máxima que teria um impacto profundo no desporto automóvel. “Então, lá estava eu, no paddock quando um tipo grande apareceu e se apresentou. Há mais atenção sobre nós na nossa corrida em casa do que o normal e quase toda a gente que te aperta a mão quer algo de ti. Este tipo não era diferente. Disse que queria patrocinar-me. Disse que tinha uma ideia para um novo produto fantástico e que eu seria a figura perfeita para ele.

Normalmente tenta-se manter este tipo de conversa o mais curto possível. Reviramos os olhos (internamente) e inventamos as nossas desculpas. Infelizmente, não estava em posição de revirar os olhos, por isso, em vez disso, ouvi o que ele tinha a dizer”, afirmou o ex-piloto austríaco ao ‘Red Bulletin’, ao descrever o seu primeiro contacto com Mateschitz.

Bastava que Berger não tivesse levado o seu conterrâneo a sério, repelindo o seu interesse, e hoje a Fórmula 1 e o automobilismo poderiam ser completamente diferentes.

Se olharmos para história, que outra pessoa teve não uma, mas duas equipas a competir no Campeonato do Mundo de Fórmula 1?

Mateschitz é um bilionário, com acesso a grandes quantidades de dinheiro, mas poderia ter resolvido investir noutro desporto qualquer, mas desde o início resolveu apostar no automobilismo, permitindo a dezenas de pilotos a terem uma carreira que, provavelmente, em outras circunstâncias não teriam acontecido.

Berger foi o primeiro, mas desde então mais de oitenta pilotos foram, em algum momento da sua carreira, apoiados pela Red Bull, um número que talvez nem a Marlboro, desde os anos setenta até meados da primeira década do presente século, tenha alcançado.

Quinze destes chegaram à Fórmula 1 e, presentemente, são oitos o que, de alguma forma, tiveram ou têm laços com a companhia de bebidas energéticas, tendo entre eles seis títulos mundiais – Sebastian Vettel, quatro, e Max Verstappen, 2.

Muitos apontam que o programa a jovens pilotos é inflexível e pune os seus recrutas inapelavelmente, mas Helmut Marko, o responsável pelo programa, apenas está a preparar miúdos para um desporto em que as oportunidades são raras e que todas devem ser aproveitadas.

Mesmo os portugueses, Filipe Albuquerque e António Félix da Costa, que acabaram por sair da academia da Red Bull, devem, em parte, a suas bem-sucedidas carreiras ao programa liderado por Dr. Marko e serão dezenas de pilotos que estão hoje numa situação semelhante.

Todos eles, em larga medida, devem as suas carreiras a Mateschitz, muito embora em algum momento tenham saído do programa.

Para além de toda a influência que a Red Bull teve e tem em pilotos de todas as latitudes do mundo, também ajudou a elevar a imagem de campeonatos, inclusivamente a Fórmula 1, através de estratégias de marketing que levaram o automobilismo a novos públicos, o que foi determinante para que o reflexo da categoria e do desporto automóvel fosse rejuvenescida.

Por último, não sendo de somenos, Mateschitz e a Red Bull salvaram o antigo circuito de Zeltweg, tornando-o no Red Bull Racing que hoje alberga o Grande Prémio da Áustria, evento de que a organização é promotora.

É fácil perceber a importância e influência que Dietrich Mateschitz teve no desporto automóvel e na Fórmula 1 nos últimos trinta e cinco anos, crendo-se que permaneça, apesar do seu desaparecimento, ainda por alguns anos, uma vez que não se espera que a Red Bull Racing desapareça a médio prazo.

Qualquer das formas marcou indelevelmente ao automobilismo e isso fica para sempre, tendo tudo podido ser diferente se Berger não tivesse ouvido com seriedade “aquele tipo grande” e informal que abordou no paddock do Grande Prémio da Áustria de 1985, que então deveria estar longe de pensar que aquela infraestrutura lhe pertenceria um dia.

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