F1: como preparam as equipas, Las Vegas: 3.500 convidados, frio, aderência, espetáculos e jet-lag!

Por a 12 Novembro 2023 16:23

Já falámos sobre o que será a corrida de Las Vegas do ponto de vista do espectador, e de tudo o que vai suceder à volta da pista, em termos de ventos, acontecimentos e mesmo da pista, mas agora é a vez de perceber a perspetiva por dentro das equipas, neste caso, a Mercedes.

A corrida de Las Vegas é verdadeiramente um grande acontecimento para todos os envolvidos na Fórmula 1, que vai a Las Vegas pela primeira vez desde 1982, o que mostra bem como a popularidade da Fórmula 1 cresceu, especialmente nos EUA. A corrida é como se pode calcular, uma grande operação para a equipa da Mercedes, e para todos os departamentos que estão envolvidos: “É o maior programa que alguma vez qualquer equipa realizou e é um desafio logístico pois é na Strip de Las Vegas. Só nós, na Mercedes temos 3.500 convidados para ‘entreter’ durante o fim de semana com uma equipa de produção e ‘entrega’ de 200 pessoas”, começou por explicar Victoria Johnson (Marketing Operations Director).

Para Riccardo Musconi (Diretor de Trackside Performance): “Preparamos Vegas de forma diferente de qualquer outro local novo para onde vamos? Nem por isso. Seguimos o mesmo procedimento para qualquer pista nova. Muito tem a ver com a recolha de informações antes do evento. Eventualmente, obtemos fotografias do asfalto e da superfície, que são introduzidas na nossa simulação e tentaremos otimizar a configuração do simulador em função disso” começou por dizer.

Ron Meadows (Diretor Desportivo), está preocupado com a temperatura que se irá fazer sentir, previsivelmente: “A maior diferença em relação a Las Vegas será a temperatura, que deverá descer para quatro ou cinco graus Celsius durante a noite, o que é muito invulgar para uma corrida de F1. Toda a gente espera que em Las Vegas estejam 35 graus, mas nós pensamos que vão estar 15 a 18 graus durante o dia e, durante a noite, muito frio”, explicou.

Já quanto às instalações, são à…americana: “Depois de ver as instalações, as boxes são fantásticas, são muito profundas e têm muito espaço para as equipas, o que é muito invulgar. Penso que são 28 metros e normalmente temos entre 20 e 23 metros, por isso fizeram um bom trabalho de planeamento para as equipas.”

Riccardo Musconi explica depois o tipo de preparação que fazem para uma nova pista: “Em primeiro lugar, é muito importante saber quais são as trajetórias. Ou seja, o traçado da pista, o número de curvas e a direção das curvas para ver se estamos a colocar mais pressão nos pneus esquerdos ou nos pneus direitos. Também precisamos de saber qual é o comprimento das retas? Qual é a melhor configuração aerodinâmica para essa pista específica? Eventualmente, obtém-se um mapa para o simulador e os pilotos utilizam as sessões para otimizar a configuração com base numa imagem muito precisa de como vai ser a pista”, disse.

Do ponto de vista do Marketing, Victoria Johnson tem muito planeamento para fazer: “é preciso cerca de um ano para planear e realizar uma corrida como a de Miami e Las Vegas. As corridas de Las Vegas e Miami deram-nos novas oportunidades de marketing e novos públicos para explorar e a equipa fez um grande investimento nestas duas corridas.

Atualmente, temos muitos fornecedores sediados nos Estados Unidos que são de confiança e provaram que têm elevados padrões de entrega, e estamos a utilizá-los em Las Vegas.

Também criámos um centro nos EUA para podermos manter todo o nosso equipamento nos EUA, reduzindo o frete e conseguindo economias de escala”.

Voltando a Riccardo Musconi, o Diretor de Trackside Performance explica outro dos desafios para o fim de semana em Las Vegas: “vai ser o fuso horário. As pessoas que vão assistir à corrida vão ter de trabalhar mais perto do horário de Suzuka, ou seja, nos horários do Japão, mas nos EUA.

As pessoas aqui na Sala de Apoio à Corrida, em Brackley, vão passar por uma experiência semelhante, o que significa chegar ao trabalho às 2 da manhã.

Outro ponto interessante é que em Las Vegas não há transfers do hotel para a pista: “a corrida de Las Vegas foi considerada uma corrida ‘a pé’. Nesta corrida, tem de se ir a pé desde o hotel, o que geralmente demora 25 a 30 minutos. No que diz respeito à logística, o maior desafio para todas as equipas de F1 é fazer as malas durante a noite de sábado para domingo e depois chegar a Abu Dhabi, que é um dos voos mais longos do ano.

Não creio que Las Vegas seja um desafio maior para a equipa de corrida. Penso que vai ser um grande desafio para o nosso departamento de marketing, porque há muitas coisas a acontecer.

No que diz respeito às luzes brilhantes e à cidade que ‘vive’ 24 horas por dia, estamos habituados a isso, pois já estivemos no Mónaco muitas vezes e em muitas outras corridas que estão a tornar-se muito movimentadas e muito populares.

Para Victoria Johnson a corrida de Las Vegas tem um enorme interesse por parte dos media e dos fãs: “para as novas corridas nos EUA, decidimos criar um conceito de clube. Trata-se de uma área de hospitalidade separada do paddock da Fórmula 1, o que permite à Mercedes F1 controlá-la, organizá-la e geri-la completamente como uma entidade separada.

O conceito de clube não tem nada a ver com a marca da equipa ou com a Fórmula 1 como marca. Pegamos no tema do destino em que estamos, e é tudo uma questão de música e entretenimento e de dar vida à produção. A decoração da nossa ‘suite’ de hospitalidade será muito luxuosa, ao verdadeiro estilo de Las Vegas, com alta produção, muito parecida com um espetáculo de Las Vegas.

Mas há mais, Riccardo Musconi ainda dei pistas quanto à ação em pista: “Vegas vai ser uma pista de alta velocidade, por isso o nível das asas vai ser semelhante ao de Spa ou Monza.

O primeiro fator-chave em Las Vegas vai ser o frio e o facto de os pneus funcionarem. Este problema tem dois fatores. Esperamos temperaturas de apenas um dígito nesta altura do ano, devido ao facto de irmos correr à noite. O segundo fator é a superfície que vai ser nova e não sabemos exatamente qual vai ser o tipo de aderência. Ninguém saberá até chegarmos a Las Vegas e começarmos a conduzir. Penso que este será o elemento chave do fim de semana.

Há lições a retirar de todas as vezes que vamos a um novo local. Normalmente, o que interessa é a superfície, o tipo de asfalto, e ver como vai ser o nível de aderência. Tentamos, se possível, planear com antecedência e não criar falsas expectativas ao correr na pista a uma hora diferente da dos nossos concorrentes”.

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