F1, Charles Leclerc: Uma força escondida pronta para lutar por títulos

Por a 3 Novembro 2021 17:55

Uma das estrelas da temporada tem vindo a ser Lando Norris, que lidera a McLaren, mas também Charles Leclerc tem confirmado o que se esperava dele e mostra-se cada vez mais pronto para comandar a Ferrari na luta pelo Campeonato de Pilotos.

O jovem monegasco está apenas na sua quarta temporada na Fórmula 1, mas desde cedo mostrou ter um enorme potencial, razão pela qual a ‘Scuderia’, que o tinha apoiado ao longo da sua carreira nas fórmulas de promoção, o rapidamente colocou num dos seus carros após um ano de estreia com a Sauber.

Claro que, uma coisa, é ter potencial, outra é alcançá-lo, sobretudo numa equipa como a Ferrari em que, mesmo quando não se luta por títulos ou vitórias, a pressão é avassaladora, o que muitas vezes esmaga pilotos com maiores fragilidades mentais.

Porém, desde que ingressou na formação de Maranello, Leclerc absorveu toda a pressão à sua volta e mandou Sebastian Vettel, que era o líder da equipa aquando da sua chegada, para o desemprego, assumindo-se rapidamente como o piloto de quem se esperava mais no seio da equipa transalpina.

Olhando para a classificação deste ano do Campeonato de Pilotos a sua classificação não é verdadeiramente impressionante – está na sexta posição com apenas cinco pontos e meio de vantagem para o seu colega de equipa, Carlos Sainz, e a vinte e um de Lando Norris, o líder pontual dos homens do segundo pelotão.

Porém, se olharmos de uma forma mais analítica para a temporada destes três pilotos, veremos que o monegasco tem assinado performances impressionantes.

Para além disso, Leclerc, na sua luta interna com Sainz, bateu-o por dez vezes nas treze corridas em que ambos terminaram e nas três ocasiões em que espanhol terminou no pódio, o monegasco ou não estava em pista, ou tinha sido penalizado por montar a sua quarta unidade de potência, deixando a ideia de que beneficiou da ausência do seu colega de equipa para ficar entre os três primeiros.

Já na única vez que subiu ao pódio, terminando sem segundo em Silverstone, o jovem piloto da Ferrari apenas beneficiou do abandono de Max Verstappen, tendo de bater Valtteri Bottas, o seu colega de equipa e os dois McLaren, sublinhando a sua performance.

Em qualificação, o domínio de Leclerc face a Sainz é ainda mais evidente, tendo se superiorizado ao espanhol em doze das quinze ocasiões em que ambos não tiveram penalizações por ter montado unidades de potência.

Vamos analisar alguns Grandes Prémios cujos resultados acabam por mascarar a classificação deste trio ou em que Leclerc assinou performances notáveis.

GP da Emilia Romagna

Numa pista húmida, Charles Leclerc estava a assinar uma prestação notável, rodando em segundo, depois do erro de Lewis Hamilton, que perdeu quase uma volta, o que o deixava fora da luta por um lugar no pódio.

Mais significativo, o monegasco tinha uma vantagem de mais de trinta e cinco segundos para Lando Norris.

Porém, na trigésima segunda volta, George Russell e Valtteri Bottas protagonizarem um violento acidente e a corrida foi interrompida com bandeiras vermelhas, o que supriu a vantagem que o monegasco tinha para o inglês da McLaren e voltou a colocar o britânico da Mercedes em contenção por um lugar no pódio.

Com uma ponta final de corrida com a pista mais seca, Leclerc, que estava no segundo posto, não tinha armas para suster os ataques de Norris, terceiro, e Hamilton, segundo, caindo para quarto.

Sem as bandeiras vermelhas, o piloto da Ferrari facilmente terminaria no segundo posto, seguido de Norris e de Sainz.

GP do Mónaco

Em Monte Carlo Leclerc cometeu o seu grande erro da temporada. Com carro para fazer a pole-position, no mínimo garantir um lugar na primeira linha, o monegasco assegurou a melhor posição da grelha de partida, mas acabou por bater nas ruas da sua cidade durante a sua segunda volta lançada da Q3.

Se foram os danos causados pelo seu acidente, só a Ferrari saberá com segurança, mas a verdade é que Leclerc não pôde arrancar para o seu Grande Prémio devido a questões técnicas no seu monolugar, assistindo ao segundo posto de Sainz e a um terceiro de Norris, quando um lugar no pódio estaria seguramente ao seu alcance, quem sabe a vitória.

GP da Grã-Bretanha

Esta foi uma das melhores prestações da temporada do piloto do Mónaco.

Leclerc aproveitou o incidente entre Lewis Hamilton e Max Verstappen na primeira volta para liderar a corrida. O monegasco dominou completamente Valtteri Bottas, mas na antepenúltima volta não conseguiu suster a recuperação do inglês, terminando em segundo lugar.

O piloto da Ferrari esmagou Lando Norris num circuito em que se esperava que a McLaren fosse mais forte que a equipa italiana.

Leclerc beneficiou do abandono de Verstappen para terminar em segundo, mas o terceiro lugar era seu de pleno direito.

GP da Hungria

Este foi um do Grandes Prémios em que a sorte abandonou o monegasco, ao passo que Carlos Sainz pôde subir ao pódio pela segunda vez este ano.

Leclerc foi uma vítima inocente da azelhice de Lance Stroll, que falhou a travagem para a primeira curva, lançando o Ferrari número dezasseis para o abandono.

Se levarmos em consideração que o piloto do Mónaco arrancava de sétimo e Sainz de décimo quinto, facilmente percebemos que em condições normais, Leclerc conseguiria um resultado muito melhor que o seu colega de equipa.

Pela segunda vez, o espanhol terminava entre os três primeiros precisamente quando o monegasco não estava em pista. Lando Norris foi também uma vítima do erro crasso de Valtteri Bottas, ficando igualmente em branco.

GP da Bélgica

A prova foi um não-evento, dado que as condições climatéricas impediram que houvesse uma verdadeira corrida. A Ferrari teve dificuldades em ter um carro competitivo em Spa-Francorchamps e nenhum dos seus pilotos conseguiu entrar na Q3.

No entanto, Lando Norris parecia ser capaz de lutar pela pole-position, mas um despiste acabou por colocar um ponto final na sua prestação na qualificação.

Tal como Leclerc no Mónaco, o inglês errou, quando deveria maximizar o potencial que tinha ao seu alcance.

GP da Rússia

De alguns pontos de vista, Norris e Leclerc foram duas das estrelas da prova de Sochi.

O inglês liderou grande parte da corrida e o monegasco recuperou de décimo nono, de onde arrancou por ter montado a sua quarta unidade de potência da temporada, para oitavo e parecia ser capaz de suplantar Max Verstappen nos momentos finais da corrida.

Porém, a chuva caiu na pista russa na ponta final da prova e estes dois pilotos foram os últimos a parar nas boxes para montar intermédios, atrasando-os definitivamente na classificação – o piloto da Ferrari para décimo quinto e o da McLaren para sétimo.

Aqui, Sainz saiu-se melhor, lendo melhor a pista para ascender ao terceiro lugar final.

GP da Turquia

Em Istambul Leclerc esteve, uma vez mais, num nível claramente superior relativamente aos seus adversários mais directos.

Numa pista húmida, que exigiu intermédios ao longo de toda a prova, o monegasco, já com o novo sistema híbrido da Ferrari, conseguiu acompanhar Bottas e Verstappen, apesar de ter um carro afinado para seco.

Um pódio estava claramente ao seu alcance, mas juntamente com a Ferrari, decidiu apostar em realizar toda a corrida apenas com um jogo de pneus e tentar vencer, o que não deu o resultado esperado, caindo para o quarto posto.

Lando Norris teve uma prova anónima, vendo a bandeira de xadrez em sétimo, tendo estado sob a ameaça de Carlos Sainz, que arrancou de penúltimo depois de ter também ele montado a sua quarta unidade de potência, já com o novo sistema híbrido da “Scuderia”.

GP dos Estados Unidos da América

Este terá sido, provavelmente, o epítome da temporada de Charles Leclerc.

O monegasco andou ao longo das cinquenta e seis voltas da prova nos limites do seu monolugar, destacando-se de uma forma decisiva dos McLaren e do seu colega de equipa, deixando Daniel Ricciardo a quase vinte e quatro segundos e ficando a apenas dez de Sérgio Pérez.

A prestação do piloto da Ferrari não foi sublinhada por um pódio, mas isso deveu-se à superioridade técnica de que os três que ficaram à sua frente gozaram.

Não bastas as vezes as prestações do monegasco passaram despercebidas por ter à sua frente pilotos com carros mais bastante competitivos, que o impediram de ascender ao pódio, mas a excelência do jovem de vinte e quatro anos da Ferrari foi bem firmada.

Era já habitual ver o monegasco a ultrapassar as limitações do seu carro em qualificação, basta recordar algumas prestações do ano passado, mas também em corrida tem vindo a provar ser um rolo compressor, não deixando nada por explorar, um sinal claro dos grandes pilotos.

O seu talento natural está assente na sua força mental, que está acima de qualquer dúvida, basta recordar como susteve os ataques de Hamilton e Bottas em Monza, durante o Grande Prémio de Itália de 2019.

Tem vindo a cometer alguns erros, quem não se lembra do seu despista do ano passado na pista italiana, mas estes advêm do facto de ter um carro fraco nas mãos e de ter de espremer todas as gramas de performance dele, suplantando até os seus limites, mas quando tiver um carro capaz de dar expressão ao seu talento, estes erros serão rapidamente eliminados, como se tem vindo a verificar ao longo desta temporada.

O ar angelical do monegasco esconde um piloto com uma vontade férrea de vencer blindada por uma força mental que terá pouco paralelo em toda a grelha de partida.

Se até este ano se sabia que Leclerc tinha potencial para lutar por títulos, as suas performances deste ano asseguram que a Ferrari tem um piloto pronto para lutar de igual para igual com Lewis Hamilton e Max Verstappen… Agora só falta um carro…

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driver-on-track
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2 anos atrás

vamos ver o futuro….

rosbergruinedthe8th
rosbergruinedthe8th
2 anos atrás

Apesar de não estar de acordo da maneira como este jornalista está a tirar mérito aos pódios do Sainz, é evidente que o Leclerc é um claro candidato a campeão se tiver um bom carro nas mãos. Parece-me que a Ferrari tem um diamante que se bem polido, lhes trará muitos frutos. Verstappen, Leclerc e Russell mostraram este ano que são claros candidatos a futuros campeões do mundo. Norris parece-me uns furos abaixo destes três. Cumprimentos

Last edited 2 anos atrás by rosbergruinedthe8th
Scuderia Fast Turtle
Scuderia Fast Turtle
2 anos atrás

Força escondida desde quando?

Acho que toda a gente sabe o potencial dele tal como o Norris.

Estes artigos do Girao… É cada um.

O que se passa com os motores da Mercedes?

Os truques da Mercedes?

Mazepin na rádio, o bad boy.

Ele é jornalista de carteira ou saiu lhe nos cereais?

Last edited 2 anos atrás by Fast Turtle
Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
2 anos atrás

Escondida? Já está bem à mostra. Já provou que com um bom carro ganha corridas, quer dizer,s e não for empurrado para fora com a proteção dos comissáiso a Max. lol

norton_folk2021_gmail_com
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Reply to  Frenando_Afondo™
2 anos atrás

Tipo GP dos EUA em 2015?

João Duarte
Reply to  norton_folk2021_gmail_com
2 anos atrás

Uma coisa invalida a outra?

norton_folk2021_gmail_com
norton_folk2021_gmail_com
Reply to  João Duarte
2 anos atrás

Tipo GP da Bélgica em 2014?

917/30
2 anos atrás

CL tem mostrado que é “world champion material” desde o 1º dia, pelo que a “força escondida” tem sido mais que visível…o facto de ter destruído Vettel na Scuderia confirma isso mesmo! Sobre Leclerc/ Sainz, sem dúvida que o monegasco é melhor piloto mas convém não esquecer uma coisa, Sainz está no seu 1º ano na equipa, é um ano de adaptação, enquanto CL vai no seu 3º ano na Ferrari, factor que tem que se ter em conta quando se compara as prestações dos dois pilotos.

Last edited 2 anos atrás by Haters...coisa mais estúpida não há!
NOTEAM1
NOTEAM1
Reply to  917/30
2 anos atrás

Precisamente. O Sainz está a ter uma excelente temporada de estreia na Ferrari, mas há margem para melhorar, até pela idade que tem.

NOTEAM1
NOTEAM1
2 anos atrás

Mais um bom artigo. Nem sempre a frieza dos números justifica tudo, cada caso é um caso e é sempre fundamental entender o contexto. Já em 2020, na temporada passada, como um dos piores Ferrari das últimas temporadas, o Leclerc fez “magia” por mais que uma vez e subiu inclusivamente ao pódio por mais que uma vez, mais do que conseguiu esta época com um carro bem mais competitivo, o que não deixa de ser curioso Evidentemente que, após fazer uma análise mais profunda e competente, facilmente se percebe que o seu nível competitivo está um passinho acima do ano… Ler mais »

Last edited 2 anos atrás by NOTEAM1 NOTEAM1
João Duarte
2 anos atrás

Finalmente um artigo que faça uma justa avaliação. Precisa de uma época a lutar pelo campeonato para explodir definitivamente. Em talento está ao nível dos melhores, precisa de lutar taco a taco com os melhores para crescer o que falta. Espero que a Ferrari finalmente no próximo ano lhe dê um carro em condições. Faz-me lembrar o Max de há uns tempos (quando não estava na luta pelo campeonato) na forma de não querer saber se acaba em 2º ou em 5º ou mais para trás, quando o que lhe interessa é acabar em 1º, se tiver de arriscar para… Ler mais »

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