F1: As conclusões de Sakhir

Por a 27 Fevereiro 2023 09:40

Como é habitual, depois dos testes de pré-temporada, as dúvidas continuam a ser muitas quanto à competitividade das equipas, mas, ainda assim, é possível tirar algumas conclusões, que passamos a partilhar com os nossos leitores.

Foram três dias de testes em que as equipas e os pilotos conheceram as respetivas máquinas que terão ao seu dispor ao longo da temporada que tem o seu início no próximo de fim-de-semana e a primeira ideia a reter foi o elevado nível de fiabilidade dos monolugares de 2023.

Sete equipas cobriram mais de quatrocentos voltas ao longo das três jornadas e mesmo a Mercedes completou trezentas e noventa e oito.

A McLaren, que teve mais uma vez um mau teste no Bahrein, foi equipa com menos voltas realizadas, 332, o que ainda assim é um número impressionante, apesar de ser menos cinquenta e duas que a Aston Martin, que foi responsável pela primeira das duas bandeiras vermelhas da semana.

A formação de Woking voltou a sentir problemas de sobreaquecimento dos travões dianteiros, o que criou problemas nos suportes dos ‘guarda-lamas’ frontais do MCL60, questão que será resolvida ao tempo do primeiro Grande Prémio da temporada. A McLaren foi quem mais desiludiu ao longo da bateria de testes, esperando-se que tenha um início de temporada dificil. Os responsáveis da estrutura inglesa admitem que chegaram a esta altura do ano com um conceito que não apresenta o maior potencial de desenvolvimento, prometendo um carro completamente revisto a tempo do Grande Prémio do Azerbaijão, a quarta etapa da temporada que se realiza no final de Abril. Para além disso, a McLaren não conseguiu atingir os seus objetivos de eficiência aerodinâmica. Ao longo dos testes de Sakhir a equipa de Woking não realizou qualquer ‘performance-run’, o que a atirou para a oitava posição entre as equipas, mas a verdade é que a formação que se esperava poder ver a aproximar-se das ‘Três Grandes’ começará, muito provavelmente, a temporada no meio do Segundo Pelotão, tendo até dificuldades em se bater com a Alfa Romeo e a Haas, estando distante da Aston Martin, que se perfila como a mais bem preparada atrás das ‘Três Grandes’.

Outra conclusão que se pode tirar da sessão de testes dos últimos dias foi que todas as equipas conseguiram colocar em pista carros mais rápidos que os que tinham o ano passado nos ensaios de Sakhir, apesar de as alterações regulamentares, com uma maior altura ao solo das extremidades dos flancos, que tinham um custo de cerca meio segundo por volta.

Mesmo a Alpine, que andou os três dias a esconder o seu jogo, foi mais rápida este ano que no ano passado. A equipa do construtor francês esteve longe dos holofotes, não tendo sequer realizado uma volta numa configuração próxima de qualificação, o que a deixou como a mais lenta das três jornadas a uns massivos 2,3s da marca realizada por Sérgio Pérez, que colocou a Red Bull como a mais rápida. No entanto, os membros da Alpine mostram-se muito confiantes e sem preocupações, garantindo que estão aonde querem estar, o que ao olhar para os objectivos traçados pelo responsáveis da equipa, significa estar no topo do segundo pelotão. Porém, a não ser que tenha escondido muito bem o potencial do A523, a formação do construtor gaulês terá uma dura tarefa para bater a Aston Martin, que ao longo dos três dias de testes mostrou-se muito competitiva em diversas condições, sobretudo pelas mãos de Fernando Alonso.

O AMR23 é um projeto bem-nascido, não sendo o melhor tempo realizado pelo carro inglês um reflexo da sua verdadeira capacidade, e dificilmente não será o líder do Segundo Pelotão, podendo até ir mais além. A Mercedes está numa situação melhor que a que tinha no ano passado, tendo erradicado o ‘porpoising’ do seu monolugar, o que lhe garante uma boa base de trabalho para a temporada que se avizinha. No entanto, a equipa dos ‘Flechas Negras’ não tem ainda no W14 um carro capaz de se bater de igual para igual com o Red Bull RB19 Honda ou o Ferrari SF-23, podendo até ter a oposição do Aston Martin AMR23.

A marca assinada por Lewis Hamilton, a segunda da semana, deixou Alonso muito distante, mas foram realizadas em condições muito distintas, o que escurece um pouco a imagem. No entanto, em simulação de corrida, o espanhol foi ligeiramente mais rápido que o inglês e o carro do construtor britânico mostrou uma melhor capacidade de gestão dos pneus, o que poderá indiciar que a Mercedes está ao alcance da Aston Martin neste início de temporada.

Outra equipa que deu um grande salto competitivo foi Williams, que o ano passado tinha, geralmente, o carro mais lento do plantel. O FW45 é um claro passo em frente relativamente ao seu antecessor, tendo um comportamento muito mais são, mas continua a evidenciar uma falta generalizada de apoio aerodinâmico. A Williams está mais próxima dos pontos, mas continuará na cauda do pelotão em luta com a AlphaTauri e com a McLaren, enquanto esta não resolver os problemas do seu monolugar.

Na extremidade oposta da grelha de partida, a Red Bull é, para já, a grande favorita ao triunfo na primeira prova da temporada. O RB19 Honda RBPT é uma máquina infernal, sendo um passo em frente em todas as áreas relativamente ao se antecessor e, nas mãos de Max Verstappen, parecia irrepreensível, sem qualquer vício. Foi Pérez que marcou o tempo do novo carro de Milton Keynes, mas o mexicano mostrou algumas dificuldades inicialmente e, nem sempre, foi capaz de evitar erros.

A Ferrari é a única equipa capaz de ameaçar o favoritismo da Red Bull. O SF-23 foi apenas o quarto carro mais rápido da semana, mas o momento em que Charles Leclerc realizou a melhor marca do monolugar de Maranello estava muito calor, não sendo verdadeiramente representativo. Para além disso, os homens liderados por Frédéric Vasseur parecem calmamente confiantes, apesar da aparente vantagem técnica da Red Bull, o que poderá indicar que a Ferrari não usou todo o potencial do seu carro. No entanto, no que diz respeito à gestão de pneus, o monolugar de Milton Keynes parece estar ainda ligeiramente melhor que o de Maranello, podendo este ser o óbice que poderá impedir Leclerc e Carlos Sainz de se bater de igual para igual com Verstappen e Pérez.

Porém, as respostas serão dadas dentro de uma semana e, como é costume, só na qualificação teremos uma ideia clara do potencial de cada uma das equipas… vamos esperar para ver…

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