F1: A pista será a grande prova da Ferrari

Por a 16 Fevereiro 2023 15:59

A Ferrari encara a temporada de 2023 com esperança, depois de um Inverno positivo, esperando poder lutar pelos títulos deste ano, mas algumas questões terão de ser provadas em pista.

Em Maranello respira-se confiança, admitindo os técnicos da ‘Scuderia’ que alcançaram os objectivos técnicos a que se propuseram para o presente defeso. Se levarmos em consideração que o F1-75 era um carro bem-nascido e competitivo e ‘apenas’ questões de fiabilidade, erros estratégicos e faltas pessoais dos pilotos impediram que a equipa pudesse estar na luta pelos títulos, existe alguma justificação para o estado de espírito dos homens da formação transalpina.

O F1-23 é uma evolução do seu antecessor e com este monolugar a Ferrari pretende corrigir alguns problemas que sentiu o ano passado. Um deles foi a fiabilidade o V6 turbo híbrido italiano.

A Ferrari começou a temporada passada com a melhor unidade de potência do plantel, contudo, uma série de falhas técnicas no início do Verão, que culminaram em abandonos dos seus pilotos, obrigou os técnicos de Maranello a reduzir a potência disponível para Charles Leclerc e Carlos Sainz.

Num período em que o desenvolvimento dos motores está vedado, os responsáveis pelo departamento de motores da Ferrari centraram a sua atenção em resolver as questões que provocaram as falhas clamorosas de 2022, que tinham origem no grupo turbocompressor / MGU-H.

Enrico Gualtieri, o chefe de departamento de motores da ‘Scuderia’, mostrou-se satisfeito com os progressos realizados a este nível, o que, a confirmar-se, poderá permitir a Leclerc e Sainz ter mais potência debaixo do pé direito, contudo, será a pista a confirmar se os problemas sentidos no ano passado foram realmente debelados.

Também a gestão dos pneus foi uma debilidade evidenciada pelo F1-75, sobretudo após a pausa de Verão.

Uma vez mais, o que se ouve dos lados de Maranello aponta para uma evolução a este nível, mas antes do F1-23 ser levado ao seu limite de forma consistente, dificilmente se poderá verificar a progressão apontada.

Mas mesmo que estes dois grandes problemas técnicos que travaram o desafio pelos títulos da Ferrari no ano passado tenham sido resolvidos, outras questões requerem atenção de Frédéric Vasseur, que tomou o lugar de Mattia Binotto, depois deste se ter demitido.

Para além das questões técnicas verificadas em 2022, também a estratégia da ‘Scuderia’ ficou aquém do esperado de uma equipa que pretendia lutar pelos ceptros em liça.

Normalmente, a Ferrari tomava decisões demasiado tarde, o que lhe custou algumas vitórias, enquanto que noutras ocasiões, como foi o caso da qualificação em Interlagos, assumiu opções completamente desligadas da realidade.

Vasseur já apontou que estão já implementadas algumas modificações que visam agilizar o processo de decisão, esperando que este ano a Ferrari seja mais efectiva estrategicamente. Porém, como é sabido, só em situação de corrida se poderá perceber se as alterações realizadas serão um passo em frente relativamente ao que se viu o ano passado.

Por fim, a gestão da relação entre Leclerc e Sainz poderá ser outra dor de cabeça para o francês, caso se verifique que a Ferrari tem a capacidade de lutar pelo título deste ano.

Leclerc mostrou-se, consistentemente, o mais rápido da equipa ao longo da temporada passada, mas Sainz nunca ficou muito longe do monegasco.

A opção mais sensível no início da temporada seria dar o estatuto de igualdade entre os dois, deixando que um deles se assuma de forma inequívoca como o líder da equipa e a sua melhor possibilidade para vencer o Campeonato de Pilotos, passando este a receber o apoio do seu companheiro.

No entanto, Leclerc, que é ainda visto no seio da Ferrari como o seu melhor piloto, mostrou-se bastante agastado com a forma como algumas vezes durante a temporada passada não foi apoiado pela sua equipa, muito embora estivesse bastante distante pontualmente de Sainz, passando a olhar como possibilidade sair da ‘Scuderia’ no final do seu actual contrato, que termina no final de 2024.

A entrada de Vasseur poderá acalmar o monegasco, até porque existe um respeito mútuo, mas esta será uma situação que o francês terá de gerir com pinças.

O novo chefe de equipa da Ferrari não terá uma tarefa fácil pela frente e, se no campo técnico receberá uma, aparentemente, boa herança de Binotto, na gestão da equipa e dos seus pilotos, assim como na capacidade política, terá que mostrar as qualidades que evidenciou nas fórmulas de promoção e na Sauber numa das mais imponentes estruturas da Fórmula 1 e esta é mais uma incógnita que se junta às restantes.

As expectativas são elevadas em Maranello e os títulos, que fogem à Ferrari desde 2008, são o objectivo, mas para que isso aconteça, tudo o que correu mal e que parece ter sido resolvido para este ano, ter-se-á de confirmar em pista. Algo que poderá começar a perceber-se nos testes do Bahrein.

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