F1: A Mercedes construiu um carro… que não entende

Por a 27 Março 2024 08:41

A Mercedes entrou numa espiral muito negativa desde o final da temporada de 2021, quando Lewis Hamilton perdeu o título mundial para Max Verstappen no GP de Abu Dhabi. É obviamente uma coincidência, mas desde aí a equipa alemã não tem conseguido o mesmo nível de desempenho que nos anos anteriores.

Como se sabe, logo a seguir a esse ‘negro’ acontecimento na história da F1, não que Max Verstappen não merecesse o título – qualquer um dos dois o merecia – mas pela forma como lá chegou, houve uma mudança de regulamento técnico: A Fórmula 1 introduziu um novo regulamento técnico em 2022, que visava tornar a competição mais equilibrada. As mudanças afetaram significativamente o design dos carros, e a Mercedes teve claramente mais dificuldades do que outras equipas para se adaptar às novas regras. Desde essa mudança a Mercedes nunca mais foi a mesma.

Poderia pensar que o erro se quedava a 2022 e que o iriam corrigir no ano seguinte. Engano!

Estamos em 2024 e a Mercedes continua a sofrer do mesmo mal, ainda que este ano a um nível menor, mas que para já está a ter os mesmos efeitos em termos de números.

Agora, Toto Wolff admite querer “dar um murro no nariz” após o duplo abandono da Mercedes na Austrália com os austríaco a ter dificuldade em ver os aspetos positivos depois de ambos os pilotos da Mercedes se terem retirado do Grande Prémio da Austrália, com tudo isto a fazer parte de outro início de época muito difícil para a equipa. Toto Wolff admite que a situação é “difícil de aceitar, muito difícil”.

“Estaria a mentir se dissesse que, a qualquer momento, me sinto positivo e otimista em relação à situação”, continuou. “Mas é preciso ultrapassar os pensamentos negativos e dizer ‘vamos dar a volta a isto’. Hoje a sensação é muito, muito brutal.”

Embora a Mercedes tenha passado por dois anos difíceis no desporto desde a introdução dos regulamentos de efeito de solo em 2022, a equipa sediada em Brackley parecia mais otimista antes de 2024, depois de ter optado por mudar o conceito do carro.

No entanto, depois de terminar em segundo lugar na classificação dos construtores do ano passado, a equipa parece agora ter ficado mais para trás na sua tentativa de reduzir a diferença para a Red Bull – a Mercedes é atualmente a quarta na classificação dos construtores, a 71 pontos da Red Bull após três corridas: “Começámos esta época com a convicção de que este carro é melhor do que o do ano passado”, disse Wolff. “Depois, olhamos para o ano passado [na Austrália], onde o [Charles] Leclerc se despistou e o [Carlos] Sainz foi quarto, mas foi relegado para fora do top 10 devido à penalização, mas na pista foi quarto.

“A McLaren foi 17ª, 18ª, 19ª e agora está 40 segundos à nossa frente. É óbvio que, por um lado, quero dar um murro no meu nariz. Por outro lado, é também um testemunho de que, quando as coisas correm bem, é possível dar a volta por cima muito rapidamente e só temos de continuar a acreditar.

“Mas, neste momento, é uma altura muito difícil.”

Wolff acredita que o problema da equipa está na compreensão do seu carro e não na organização, o que significa que continua a acreditar que é a pessoa certa para o cargo de Diretor de Equipa.

“Como co proprietário deste negócio, preciso de garantir que a minha contribuição é positiva e criativa”, explicou Wolff. “Por isso, seria o primeiro a dizer: se alguém tiver uma ideia melhor, diga-me, porque estou interessado em dar a volta a esta equipa o mais rapidamente possível. E terei todo o gosto em dar o meu contributo e ver o que pode ser ou quem pode ser.

“Temos um problema de física, não um problema filosófico ou organizacional, porque não engolimos um comprimido idiota desde 2021. É que não compreendemos alguns dos comportamentos do carro, que no passado teríamos sempre compreendido.

“Olho-me ao espelho todos os dias em relação a tudo o que faço e, se achar que devo fazer a pergunta ao diretor ou ao treinador, acho que é uma pergunta justa, mas não é o que sinto neste momento que devo fazer”.

Apesar dos problemas, Wolff elogiou os pilotos por serem “super”, com Hamilton a ser saudado como sendo “tão bom quanto pode ser” e Russell rotulado como um “lutador”. O Diretor da Equipa concluiu sobre as contínuas dificuldades da Mercedes em pista: “Temos de resolver isto.”

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