E se a maioria dos F1 fosse Mercedes ‘B’ ou Ferrari ‘B’?

Por a 7 Maio 2018 15:48

Por José Manuel Costa

A aproximação entre Toto Wolff, Niki Lauda (pela Mercedes) e Maurizio Arrivabene (Ferrari) é daquelas coisas que deixa, de certeza, “a pulga atrás da orelha”. Na ocasião não foi dado grande destaque, mas recordo que nas transmissões da F1 na Sport TV, ter referido que para 2021 seria muito importante a correlação de forças na F1 para desenhar o futuro da disciplina.

Recordo que na altura lembrei que a questão do teto orçamental dificilmente seria aceite pelas equipas milionárias e que relações privilegiadas entre formações oficiais e equipas do final do pelotão iriam ditar o rumo das negociações.

Ora, passadas algumas semanas, eis que a reunião entre a Mercedes e a Ferrari, imediatamente depois de terem ficado a conhecer as linhas que vão guiar os regulamentos de 2021, deu frutos.

Todos sabem que a Ferrari tem “na mão” a Haas – a ligação é bem mais que a de um fornecedor de motores – e a Sauber também está atrelada à Ferrari por via do patrocínio de uma das marcas do FCA Group (Fiat Chrysler Automobiles), no caso a Alfa Romeo. Toto Wolff veio, agora, a terreiro dizer que a Mercedes está aberta a forjar uma relação mais próxima, à imagem daquela que existe entre a Ferrari e a Haas, destacando a Williams. Escolha inocente? Longe disso!

Lawrence Stroll, pai do jovem Lance Stroll, já estourou milhões na equipa criada por Frank Williams e Patrick Head e hoje dirigida por uma cada vez mais distante Claire Williams. Os mais resultados dos últimos anos e um errático comportamento da administração da equipa, levaram o cada vez mais influente Lawrence Stroll a perder a paciência e a pedir uma maior integração com a Mercedes para tentar resolver os problemas do chassis de 2018, projetado já debaixo da direção de Paddy Lowe.

Ora, quem foi a equipa que mais pugnou pela existência do teto orçamental, dizendo mesmo que “se ele não for imposto é o fim da equipa”? A Williams e Claire Williams!

Perdido o patrocínio da Martini após o final de 2018, a única âncora disponível é, agora, o milionário Stroll. Mas o canadiano não quer ser o único a despejar dinheiro na fogueira e por isso segredou à Mercedes a disponibilidade para alinhar-se ao lado da casa alemã na luta contra o teto orçamental. Principal entrave a isso? Claire Williams!

A filha de Sir Frank Williams quer manter a equipa independente e com a perceção geral que a Williams é um construtor.

“Penso que o sistema de colaboração entre a Ferrari e a Haas tem funcionado para os dois lados. É um caso interessante e onde as sinergias são muitas e tem funcionado bem para a Haas” referiu Toto Wolff e perante as indecisões da Williams (e fúria de Lawrence Stroll), o responsável máximo da Mercedes na F1 acabou a dizer que “o sistema de parceria deles tem funcionado e, claro que nós teremos de ir nessa direção, seja com a Williams seja com a Force India.” Ficou a promessa da escolha, mas para 2019 já que como Wolff referiu “estamos a meio de uma dura luta pelo título de 2018 e temos de estabelecer prioridades.” Ideia que reforçou quando lembrou a todos que “podemos pensar nisso para 2019, temos capacidade para isso.”

Claro está que Toto Wolff não quis tomar partido e deixou no ar que até podem ser as duas equipas a terem um incremento de participação da Mercedes. “Não estamos assim muito longe disso. O demónio são os detalhes! Não tem nada a ver com produção ou tecnologia, mas sim evitar que percamos o foco em nós. Temos de fazer as coisas da maneira certa!”

Até porque “será um projeto a longo prazo que não terá um impacto direto logo em 2019, pois são precisos dois ou três anos para as coisas progredirem e chegarem onde desejamos. E, claro, Toto Wolff acabou por abrir o jogo e, conforme tenho vindo a dizer, a questão do teto orçamental está ligado a esta abertura da Mercedes.

“Se fizermos as coisas de forma certa, todos podem ser beneficiados. Mas tem de ser feito de forma correta para que não hajam distrações e que as sinergias sejam mesmo reais e palpáveis. Não é uma coisa trivial” rematou Wolff.

Enfim, o que se pode ler nas entrelinhas é que a Mercedes já dá como inevitável o teto orçamental, mas vai tentar com a ajuda da Ferrari “contar” espingardas e tentar adiar o mais possível. Quando isso se tornar uma inevitabilidade, as sinergias entre as equipas debaixo deste “acordo” vão permitir que Mercedes e Ferrari continuem a gastar 300 milhões de euros/ano (sem contar com contratos de pessoal e pilotos e comunicação), 100 milhões por cada uma das equipas que se escondem debaixo das asas de Ferrari e Mercedes.

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