Deverá o otimismo dos donos da Fórmula 1 ser recebido com precaução?

Por a 25 Junho 2023 18:22

Em janeiro foi noticiado pela Bloomberg que o fundo de investimento público da Arábia Saudita teria proposto 20 mil milhões de dólares à Liberty Media para adquirir a Fórmula 1. Na altura, o valor da Fórmula 1 deveria cifrar-se em mais de 15 mil milhões de dólares, depois dos norte-americanos terem adquirido os direitos em 2017 por quase 4.5 mil milhões de dólares. Esta notícia levou o presidente da FIA a chamar a atenção sobre a tentativa de inflacionar o preço da F1, correndo-se o risco de todos perderem.

A popularidade a nível mundial da competição nunca foi tão grande, com a exceção talvez dos anos 80 a 90 do século passado, devendo-se sobretudo ao trabalho da Liberty Media, que quer colher, seja agora ou no futuro, os frutos do investimento. É por isso que a vontade de vender, nesta fase, é pouca.

Recentemente, o presidente e CEO da Liberty Media, Greg Maffei, deixou claro que a Fórmula 1 não está à venda, mas mesmo que hipoteticamente quisessem ir nessa direção, pediriam muito mais do que 20.000 milhões de dólares. Desmentindo a notícia de janeiro, Maffei afirmou na série ‘The Walker Webcast’, que “honestamente, 20 mil milhões de dólares não seria um preço atraente”, acrescentando que “pediria muito mais do que isso. Estamos muito otimistas sobre o futuro”.

Apesar do otimismo que o responsável máximo da empresa detentora dos direitos comerciais da Fórmula 1, há desafios que têm de ser ultrapassados. O jornalista Joe Saward escreveu que no Canadá os responsáveis das 10 equipas estiveram reunidos com o comissário da National Football League (NFL), para este dar alguns exemplos do que como os franchisados daquela competição aumentam os lucros, podendo servir de exemplo para a F1. Este encontro aconteceu com a bênção da Liberty Media.

Mas o que acontece se, de facto, a candidatura para uma 11ª equipa for aceite, tendo de haver uma decisão conjunta da FIA e F1? A entrada de um novo ‘player’ pode desequilibrar o pelotão em termos de vantagens económicas, sendo um dos motivos por estarem tantas equipas contra a possível entrada de uma nova estrutura. Há ainda o facto da F1 querer aumentar o lucro, mas existirem muitas incertezas em relação a alguns circuitos com mais história na competição e que, segundo os seus responsáveis, não seguem o mesmo padrão de crescimento da competição. Ou seja, nem todos estão a ganhar com a F1 da Liberty Media.

O mesmo Maffei apelou às equipas do pelotão da Fórmula 1 para assinarem o novo Acordo da Concórdia neste momento, ao invés de esperar que o atual termine em 2025, uma vez que a disciplina atravessa período de crescimento e expansão, sendo vista como uma resposta à possibilidade de entrada de uma equipa, pagando o valor atual de taxa. Christian Horner e Toto Wolff responderam pouco depois deste apelo, defendendo que a Liberty Media tem vindo a fazer muito pelo crescimento da disciplina, mas há que analisar com calma toda a situação.

O otimismo da Liberty Media pode esbarrar sempre nos diferentes interesses das 10 equipas e até pelo que a FIA pode querer da competição e por isso, tem que agradar ‘gregos e troianos’ ou quando precisarem, porque vão querer vender, os 20 mil milhões serão bem recebidos. Ou seja, têm de agradar a todos e fazer crescer em todos os aspetos a competição.

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