Decisão da Comissão de F1 sobre carros de 2026 tenta impedir surpresas como a Brawn GP

Por a 1 Dezembro 2023 11:14

As mudanças regulamentares que vão passar a vigorar em 2026, que vão alterar os atuais monolugares assim como as unidades motrizes, podem abrir a oportunidade para algumas surpresas e alteração de forças dentro do pelotão da Fórmula 1. Quando as regras se alteram, há sempre quem esteja muito atento para perceber onde pode tirar um coelho da cartola. A Comissão de F1, onde estão presentes todas as equipas, o representante da Formula One Management e a FIA, decidiu que os monolugares para competirem em 2026 só poderão começar a ser desenvolvidos a partir do início da temporada de 2025, numa tentativa de tornar esse ano atrativo do ponto de vista competitivo. 

O caso mais flagrante dos últimos anos em tirar partido das mudanças no regulamento técnico foi a Brawn GP, história que teve direito a um documentário de quatro partes. Na temporada de 2009, depois da venda da estrutura da Honda a Ross Brawn, a equipa com pouco meios e sem grande parte dos seus funcionários venceu os dois títulos mundiais da competição, no meio de uma guerra entre construtores e FIA/Fórmula 1 e da disputa legal em torno do desenho do monolugar que venceu oito das 17 corridas desse ano.

Brawn riscou por completo a temporada de 2008 e focou-se, juntamente com os vários engenheiros – à época ainda da Honda – no desenvolvimento do carro com as alterações regulamentares e tentou encontrar lacunas nas novas regras para tirar partido delas em pista no ano seguinte. É isso que a Fórmula 1 quer evitar agora.

Obviamente, haverá alguma equipa que se vai focar mais no carro de 2026 do que no de 2025, mas nem sempre corre bem. Recordemos o que fez a Haas em 2021 a pensar no regulamento técnico atual que entrou em vigor em 2022. A equipa norte-americana abdicou de trazer alguma coisa nova na temporada anterior ao novo regulamento, mas acabou por não conseguir lutar no meio do pelotão como era objetivo dos seus responsáveis, terminando este ano no último lugar do mundial. 

Em junho, o Presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem, pediu “carros mais leves” para 2026, algo que vai de encontro ao que querem os pilotos. No entanto, os principais protagonistas também chamaram a atenção que o regulamento já aprovado para as unidades motrizes e o pouco que sabe do pode vir a ser o regulamento técnico, podem não proporcionar carros muito mais leves.

As novas unidades motrizes vão incorporar 50 por cento de combustão interna e 50 por cento de energia elétrica que, combinadas, proporcionarão uma potência máxima de mais de 1000 cv. Também funcionarão com combustível 100% sustentável, enquanto terão apenas um único motor elétrico de 350kW, mais potente do que o atual MGU-K. Aprovado o regulamento sobre os motores em agosto de 2022, retira ainda da equação dos fabricantes o MGU-H, entre outros componentes mais pequenos. Houve ainda um especial foco para a normalização de peças, incluindo bobinas de ignição e vários sensores. Os Sistemas de Recuperação de Energia tornar-se-ão mais relevantes para os carros de estrada, o que é sempre mais apelativo para os construtores mundiais se envolverem na Fórmula 1, o que acabou por acontecer. 

Na derradeira reunião da Comissão de F1 de 2023, precisando ainda de aprovação do Conselho Mundial da FIA, ficou acordado que “não podem ser efetuados quaisquer trabalhos de desenvolvimento de um carro para a época de 2026 antes do início de 2025”.

Certo é que muita coisa muda em 2026. Motores e monolugares, que poderão voltar a ter pneus mais pequenos e deverão ser mais leves, apesar do receio dos pilotos, como referimos antes. Acertar em tudo, numa boa unidade motriz e num bom carro, apenas com um ano de trabalho para tal, será muito complicado. Não é impossível, mas é diferente do que vimos de 2021 para 2022, por exemplo.

Foto: Philippe NANCHINO/MPSA

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