De pilotos a patrões (Parte II)

Por a 4 Fevereiro 2023 17:45

Na história da F1, não são raros os casos de pilotos que, chegando a uma certa fase na sua carreira, procuram por novos desafios, desenvolvendo talentos do outro lado do muro das boxes. Selecionámos alguns dos mais emblemáticos, seja por causa dos pilotos, seja por causa das equipas

Bruce McLaren

Equipa: Bruce McLaren Motor Racing

Bruce fundou a equipa em 1963 para participar na Tasman Series com o chassis Cooper T70, que ele próprio desenhou. O primeiro McLaren, o M1, estreou-se em 1964 nas corridas americanas de sport-protótipos. O primeiro monolugar, o M2B, foi usado na F1 em 1966. Isto abriu caminho para a construção de carros para clientes. Em 1967, a McLaren estreou-se na Can-Am e ganhou cinco campeonatos consecutivos, com Bruce, Denny Hulme e Peter Revson, até 1971. Em 1968, a McLaren ganhou o seu primeiro GP com o patrão Bruce ao volante, na Bélgica. Começou também a construir carros para F2, F5000 e IndyCar, que colecionaram vários sucessos durante os anos. Bruce McLaren morreu em 1970, testando um carro de Can-Am em Goodwood, mas Teddy Mayer continuou a gerir a equipa e o negócio de construção até 1980, quando Ron Dennis comprou a estrutura de F1.

Jackie Oliver

Equipa: Arrows GP International

Antigo piloto da Lotus, BRM e Shadow na F1, piloto desta última também em Can-Am e F5000, além vencedor de Le Mans em 1969 com a Porsche, Oliver já se tinha transferido para trás do muro das boxes quando liderou um grupo de exílio da Shadow para a sua nova equipa, a Arrows. O prime

iro carro construído, saído da pena do projetista Tony Southgate, que também veio da Shadow, era uma cópia do carro da sua antiga equipa, o que gerou alguns problemas em tribunal. A Arrows demonstrou em várias ocasiões ter andamento para ganhar corridas (em 1980, 81, 85, 88 e 97), mas estabeleceu o recorde de maior número de Grandes Prémios sem vitórias, nada menos que 382. A equipa foi vendida a Tom Walkinshaw em 1996, mas Oliver permaneceu até 99, fechando as portas no início de 2003.

Jack Brabham

Equipa: Motor Racing Developments

Quando vei para a Europa, Brabham inscreveu os seus próprios carros, mas foi só em 1961 que começou a construí-los aliando-se a Ron Tauranac para formar a Motor Racing Developments, construindo carros de F. Júnior. Em 1962, surgiu o primeiro carro de F1, o BT3, que inscreveu com a sua própria equipa, a Brabham Racing Organisation (na época, considerada uma entidade separada do construtor). Em 1964, começou a ganhar corridas, e em 1966 Brabham tornou-se o primeiro piloto a ser campeão com o seu próprio carro. Pelo caminho, construiu também carros de sport, F2, F3 e Indycar, sendo um dos principais construtores da F2 durante alguns anos. Brabham retirou-se da competição no final de 1970 e vendeu a equipa a Tauranac. Este vendeu-a no final de 1971 a Bernie Ecclestone, por motivos financeiros. Ecclestone continuou na F1 e deixou de construir carros para clientes.

Dan Gurney

Equipa: Anglo American Racers

Depois de criar a All American Racers em 1964 na Califórnia, em parceria com Carroll Shelby, Dan Gurney estabeleceu a Anglo American Racers em Surrey, na Inglaterra, fazendo um carro de F1, o Eagle Mk. 1, em 1966, em parceria com a Weslake Engineering, que fornecia o motor. Embora tenha sido vencedor de um GP em 1967, o Eagle ficou para trás quando chegou o motor Ford Cosworth DFV. Gurney acabou com a operação inglesa no final de 1968 (pelo caminho fazendo algumas corridas já com a McLaren), passando a dedicar-se à construção apenas do outro lado do Atlântico, essencialmente na F5000 e na IndyCar. Nos anos 80, a AAR trocou a IndyCar pelo Campeonato IMSA, onde foi a equipa oficial da Toyota até ao final de 1992.

Emerson Fittipaldi

Equipa: Fittipaldi Automotive

Wilson e Emerson Fittipaldi já tinham experiência na construção e carros no Brasil antes de virem para a Europa. Mas foi só em 1974 que Wilson (Emerson ainda estava na McLaren) encomendou o design de um carro de F1 ao também brasileiro Richard Divila, batizado com o nome Copersucar. Emerson finalmente juntou-se à equipa em 1976, substituindo o seu irmão mais velho como piloto, e começou a obter resultados melhores. Foi só em 1977 que os irmãos Fittipaldi levaram a estrutura da equipa para a Inglaterra, os carros passaram a chamar-se Fittipaldi quando trocaram de patrocinador, e em 1980 fundiram-se com a estrutura da Walter Wolf Racing. Emerson e Keke Rosberg conseguiram alguns pódios, mas mudanças na estrutura, a guerra FISA/FOCA e um Emerson desmotivado levaram ao fecho da equipa no final de 1982.

Graham Hill

Equipa: Embassy Hill Racing

Insatisfeito com o ambiente na Brabham, Graham Hill resolveu fundar a sua própria equipa para a temporada de 1973. Era uma pequena estrutura familiar, tanto que o antigo campeão comprou um Shadow em vez de construir o seu carro, e a equipa nem tinha nome formal, sendo conhecida pelo nome do patrocinador, os cigarros Embassy. Em 1974 Hill expandiu para dois carros, encomendados à Lola, empregando o projetista do carro para continuar a evoluí-lo, passando a chamar-se Hill GH1. Graham continuou a correr, mas uma não-qualificação no GP do Mónaco (quando era o recordista de vitórias nesta pista) levou-o a pendurar o capacete. Mesmo sem grandes resultados, Hill tinha o jovem Tony Brise sob contrato, marcando alguns pontos, mas tudo chegou ao fim quando Hill se despenhou no seu avião privado, em Londres, com toda a equipa a bordo, em novembro de 1975.

Guy Ligier

Equipa: Equipe Ligier

Guy Ligier foi um self-made-man antes de se tornar piloto de automóveis, começando nas categorias inferiores de monolugares. Em 1966 chegou à F1 como piloto privado, sem grande sucesso, mas fundou a sua primeira equipa, a Ecurie Intersport (também conhecida como Ford France) com Jo Schlesser. Quando este morreu em 1968, Ligier parou de correr e fundou uma marca com o seu nome, que começou a construir carros desportivos, participando algumas vezes nas 24 Horas de Le Mans. Em 1975, comprou os restos da Matra Sports e entrou para a F1 com um carro, atingindo sucesso rapidamente, vencendo nove corridas e até lutando pelo título de 1979 a 81. Mas quando chegou a era turbo, a sua competitividade diminiu, com alguns bons resultados ocasionais. Em 1992, Ligier resolveu parar com o seu envolvimento e vendeu a equipa a Cyril de Rouvre, passando pelas mãos de Flavio Briatore antes de ser comprada por Alain Prost em 1997.l

Alain Prost

Equipa: Prost Grand Prix

Depois de se reformar como piloto em 1993, Alain Prost manteve-se ativo na F1 como comentador televisivo, mas voltou a pensar na ideia de ter a sua própria equipa, algo que já tinha contemplado em 1989. Em 1997, acabou por adquirir a única equipa francesa em atividade, a Ligier, renomeando-a Prost Grand Prix. Apesar da sua ligação histórica à Renault, foram a Honda e Peugeot que forneceram motores à equipa. O projeto começou bem, começando logo com dois pódios de Olivier Panis, mas nos anos seguintes a equipa teve sempre dificuldades em entrar no top 10. Dívidas financeiras levaram Prost a encerrar a equipa antes de começar a temporada de 2002, chegando a existir rumores de um comprador, a Phoenix. Prost voltou às pistas, para correr em GT e provas no gelo, mas em 2014 voltou a ser sócio de uma equipa, a e.dams, na Fórmula E.

Jackie Stewart

Equipa: Stewart Grand Prix

Depois de se retirar da F1 no final de 1973, Jackie Stewart manteve-se ligado à Ford como embaixador da marca. O seu filho Paul montou uma equipa para correr em F3 e F3000 nos anos 80 e 90, até que Jackie conseguiu arranjar apoio direto da Ford para montar uma equipa de F1, estreando-se em 1997. Jackie e Paul passaram a gerir a Stewart Grand Prix em conjunto, tendo a aventura durado três anos, com um pódio de Rubens Barrichello no primeiro ano e uma vitória de Johnny Herbert em 1999. Com Paul numa batalha contra o cancro, mas o sucesso da estrutura comprovado, Jackie Stewart vendeu a equipa à Ford, que resolveu renomeá-la Jaguar (que na altura pertencia ao construtor americano), com Bobby Rahal a assumir o comando. O antigo campeão escocês, por seu lado, continuou ligado à Ford nos anos seguintes.

Aguri Suzuki

Equipa: Super Aguri F1

Aguri Suzuki fundou a sua primeira equipa, a ARTA, em associação com a retalhista japonesa de peças automóveis Autobacs, em 1997, para correr no Campeonato Japonês de GT (hoje, Super GT) e Fórmula Nippon, tornando-se uma equipa oficial da Honda e vencendo os títulos de pilotos e equipas do Super GT em 2007. Pelo caminho, envolveu-se em alguns projetos na IndyCar (em associação com Adrián Fernández) e no DTM (apoiando Katsutomo Kaneishi). A Honda apoiou depois a criação da Super Aguri F1 em 2005, entrando na F1 em 2006. Apesar de alguns pontos em 2007, com Takuma Sato, a equipa desfez-se pouco depois do início da temporada de 2008, com dívidas cada vez maiores. Os restos da equipa foram comprados por um empresário alemão, e Suzuki voltou a concentrar-se no Japão, voltando à Europa para entrar na Fórmula E.

John Surtees

Equipa: Team Surtees

Único campeão de F1 e motociclismo, John Surtees montou a sua equipa em 1966, sendo campeão da Can-Am com um Lola. O primeiro projeto desenvolvido pelo Team Surtees foi o Lola-Aston Martin que foi a Le Mans em 1967, mas o primeiro carro com o nome Surtees foi o TS5, de F5000. O TS7 de F1 surgiu em 1970, a meio da época. A equipa conseguiu mais sucesso com os F2 (Mike Hailwood foi campeão em 1972) e com os F5000 (várias vezes vice campeão), mas a partir de 1974 decidiu concentrar-se em exclusivo na F1. John Surtees deixou de pilotar em 1972 e passou a gerir a equipa, com a ajuda de Rob Walker. No entanto, o sucesso não foi repetido e a Surtees nunca ganhou uma corrida (Carlos Pace fez o único pódio, em 1973), recorrendo muito a pilotos pagantes na fase final, antes de encerrar as portas em 1978 por falta de fundos.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas AutoSport Histórico
últimas Autosport
autosport-historico
últimas Automais
autosport-historico
Ativar notificações? Sim Não, obrigado