CRÓNICA: “Dantes é que era…”

Por a 5 Abril 2017 11:13

Tenho um amigo ‘nisto’ do mundo dos automóveis que quando ouve alguém a dizer antes é que era bom diz logo que “o que as pessoas têm saudades era do tempo em que eram novos…”. Hoje em dia, percorrer um pouco as caixas de comentários, seja aqui ou na China, a ‘conversa’ é sempre a mesma. “Antes é que era bom”. Seja por causa do som dos motores, ou da qualidade das corridas. Até posso aceitar – pois lembro-me bem dos 5 cilindros do Audi Sport Quattro S1 a ecoar na Serra de Sintra, ou dos V8 3.5 dos Fórmula 1 no GP de Portugal de 1988 que vi pela primeira vez no Estoril ao vivo, ou mais tarde os V10 ou V12 – que o som faz parte do desporto motorizado e ajuda ao entusiasmo e à emoção, mas já não concordo com quem faz finca pé: “Já não é F1”, parecem “cortadores de relva”, etc, etc. Se não é o som, é a qualidade das corridas, dantes é que era, como se no passado todas as corridas de F1 tivessem sido extrapoladas do fabuloso embate de Gilles Villeneuve contra Rene Arnoux em Dijon 1979. No passado houve muitas corridas aborrecidas como há hoje em dia. Para não ir mais longe, lembram-se das épocas de 2007, 2008, 2010 e 2012 da F1, e das respetivas decisões de campeonatos. O domínio da Mercedes dos últimos três anos é tudo menos novidade na F1. Muitos dizem que as corridas de MotoGP é que é, pois são fantásticas, mas em pista onde cabem quatro motos, cabe um F1. É verdade que há muito para melhorar na F1, mas não é tão má quanto alguns parecem querer pintar. O que há de sobra é gente que nunca está contente com nada…

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI

6 comentários

  1. MVM

    5 Abril, 2017 at 15:13

    Não podia estar mais de acordo. Dantes (eu vejo GPs desde 1980), as corridas emocionantes eram a excepção, não a regra. Tal como agora. Pouco mudou neste aspecto. Lembro-me, assim de repente, da época de 1984, quando as corridas eram imensamente aborrecidas e a única dúvida era se o GP seguinte ia ser ganho pelo Prost ou pelo Lauda, o que se repetiu em 1988 e 1989 com o Prost e o Senna.
    Continuo a dizer que o adepto verdadeiro – o que exclui os fanboys de um piloto, seja este quem for – encontra motivos de interesse em todas as corridas. Há sempre momentos de pilotagem fantásticos, mesmo que seja na luta pelo 10.º lugar.
    Os tempos mudam e temos de aceitar a mudança – mesmo que ela implique abrir mão de tudo aquilo a que estávamos habituados e que não gostemos do que os tempos novos trazem. Eu não tenho saudades nenhumas dos carros-asa e dos chassis de alumínio, embora os carros com 3,50m de distância entre eixos e os narizes fálicos me façam alguma espécie.
    Há um aspecto importante para além da memória curta dos adeptos: vivemos num tempo em que se valoriza a gratificação instantânea. Queremos tudo imediatamente e à nossa vontade e temos pouca tolerância para tudo o que não preencha estes requisitos. Isto leva a que queiramos que todos os GPs sejam decididos com lutas roda com roda e por diferenças de milésimas de segundo – o que, por acontecer muito raramente, induz frustração nos ‘millenials’ que querem tudo já e à vontade deles. O que tem o efeito de os responsáveis desportivos procurarem aumentar artificialmente o interesse das corridas, quase sempre com resultados desastrosos.

  2. Speedway

    5 Abril, 2017 at 20:01

    Um dos aspectos em que antigamente era realmente melhor tem a ver com a quantidade e qualidade do plantel. Havia muito mais equipas e carros (principalmente nos anos 70, 80 e 90). Agora, por amor da Santa, quem assistiu a GPs desses anos e assiste a GPs de agora, não tem nada a ver uma coisa com a outra. O espectáculo hoje é muito mais pobre, isto no que diz respeito ao aspecto técnico – desportivo propriamente dito. E não é apenas na F1. O mesmo se passa nos protótipos, formulas de promoção,campeonatos americanos etc. É muito triste ver corridas de carros com as bancadas cheias…de cadeiras vazias! É uma desilusão, quer se queira quer não. É que nessas épocas o automobilismo era um desporto de massas em todo o lado. Os tempos são outros, etc etc, ninguém contesta. Em países como o nosso,o futebol tornou-se um polvo desmesurado e demencial ( claro que o pão e circo boleiro tem um objectivo claro, e nem vale a pena ir por aí…aqui), secando tudo o resto à volta.
    São factos objectivos, não é saudosismo, que se fosse também tinha todo o direito a sê-lo !

  3. [email protected]

    5 Abril, 2017 at 22:04

    Proponho um Prós e Contras na RTP1 sobre este tema, de um lado os “Antigamente é que era” do outro os “Agora é que é bom”….LOL

    • Iceman07

      6 Abril, 2017 at 4:38

      Os argumentos dos “agora é que é bom”:
      – O som dos carros é menos barulhento, e não faz tão mal aos ouvidos.
      – Não há mortes (o Jules Bianchi não conta, a culpa foi da chuva e do tractor!)
      – A transmissão é em HD e 4K, enquanto que antes era a preto e branco e 4:3
      – Os pilotos são mais “gangsters” e usam brincos até as pernas. Antes era só pilotos de fato e gravata (espera lá, e o James Hunt? Ahh mas esse era o único que era diferente!)

  4. [email protected]

    5 Abril, 2017 at 22:25

    Cada era do desporto motorizado tem a sua golden age, um momento que todos concordam ter sido marcante nas suas vidas e o melhor que já presenciaram em termos de competição, portanto não adianta nada escolher esta ou aquela como a melhor porque é impossível e algo de subjectivo…..Daqui a 10 ou 20 anos ainda vamos olhar para os F1 ou os LMP1 com saudade e saudosismo.

    • MVM

      5 Abril, 2017 at 22:32

      Exactamente! Nós não conseguimos avaliar objectivamente a época em que vivemos. É como se estivéssemos muito perto de um objecto enorme que não conseguimos ver na sua totalidade. Só a história pode dizer o que a década de 2011 a 2020 realmente valeu. É possível que, no futuro, as pessoas digam que no tempo do Vettel e do Hamilton é que era bom.

Deixe aqui o seu comentário

últimas F1
últimas Autosport
f1
últimas Automais
f1
Ativar notificações? Sim Não, obrigado