40 anos sem Colin Chapman, O primeiro grande mago da Fórmula 1

Por a 17 Dezembro 2022 15:30

A imagem de um boné negro lançado ao ar em euforia por um homem de negro, ao mesmo tempo que um carro cruzava a linha de meta debaixo da bandeirada de xadrez, faz parte do imaginário da F1. Esse homem era Colin Chapman – o mago da Lotus e dos carros impossíveis tecnologicamente. Recordamo-lo 40 anos após a sua morte a 16 de dezembro de 1982.

Anthony Colin Bruce Chapman nasceu num subúrbio de Londres, a 9 de maio de 1928 e cresceu no Hotel Railway, onde o seu pai trabalhava. Sem nada de relevo na sua infância, o acontecimento mais interessante foi quando conheceu Hazel, aquela que viria a ser a sua mulher, num baile, em março de 1944. Mesmo antes de casarem, dez anos mais tarde, foi ela quem lhe emprestou as 25 libras esterlinas, com que fundou a Lotus Engineering Co., Ltd., em 1952. Na verdade, desde muito cedo que Colin se sentiu atraído pelas máquinas.

Graduou-se em engenharia civil em 1948 e foi na universidade que aprendeu a voar, tendo sido mesmo durante um curto espaço de tempo oficial de voo na RAF. A aviação manteve-se como uma paixão durante toda a sua vida, mas na realidade aquilo que mais praticou foi a construção de carros. O primeiro foi uma adaptação livre de um Austin Seven de 1930, com que correu em corridas de endurance. A partir de 1954 pode devotar-se por inteiro à Lotus Engineering e à equipa Lotus, que tinha acabado de formar como apêndice ligado à competição. A F1 chegou com naturalidade, em 1958 e, a partir daí, nunca mais parou. As polémicas também não, nomeadamente sobre a segurança e a resistência dos seus carros. Seja como for, ninguém lhe retira o mérito de ter feito alguns dos melhores monolugares da F1, como o Lotus 25, o 49, o 72 e o 79 e de ter ganho campeonatos de Pilotos e Construtores.

Viu e chorou a morte de alguns dos seus pupilos, em especial Jim Clark, com quem teve um relacionamento especial. Foi ele também o pioneiro no sponsoring na competição, com a marca Gold Leaf, em 1969, e na execução do efeito de solo nos monolugares de F1, uma década mais tarde.

Atribui-se a Colin Chapman o efeito solo na Fórmula 1, sendo muitas vezes apelidado de pioneiro nesta matéria. Conta a história, que Chapman terá tido uma epifania em 1975 e colocou Peter Wright a trabalhar, pondo em marcha o projeto que acabaria por se tornar o primeiro carro com efeito de solo na Fórmula 1: o lendário Lotus 78, desenvolvido em 1977 e pilotado, por exemplo, por Mario Andretti.

Mario Andretti, na entrevista concedida ao Auto Motor und Sport em 2022, “desmistificou” a tese da ideia ser apenas de Chapman. “A ideia surgiu da minha experiência com o March 701 de 1970. Os flancos pareciam asas. Durante um teste em Kyalami, removemos os flancos para reduzir o arrasto. De repente, o carro ficou leve na frente”, explicou o antigo piloto, acrescentando que anos mais tarde, quando pilotou pela Lotus, “contei-lhes a história dos flancos na March. (…) Colin Chapman sugeriu que construíssemos flancos grandes em todo o comprimento da distância entre eixos e o selassem à pista para direcionar o ar para a asa. Por isso, o primeiro carro de efeito solo não foi uma ideia brilhante, mas a evolução de uma ideia que a March teve muitos anos antes. Claro que ninguém nunca disse nada sobre isso. Não se queria dar os louros à March”.

Quando Chapmam morreu, subitamente, em dezembro de 1982, vítima de ataque cardíaco, o seu nome estava ligado ao escândalo De Lorean. Por isso, a lenda manteve-se e houve quem dissesse que ele não morreu de facto, mas fugiu, na clandestinidade, para o Brasil. Depois da sua morte, a Lotus nunca mais foi o que era e desapareceu misericordiosamente na década de 90.

Na foto: Jim Clark escuta os conselhos de Colin Chapman, um dos grandes vultos da história da F1

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