Balanço da Fórmula 1: Corrida a corrida até aqui

Por a 29 Agosto 2019 09:26

Fique com o essencial das 12 corridas até aqui realizadas. Faltam mais nove…

AUSTRÁLIA – BOTTAS VENCE, FERRARI DESILUDE

Saída de Barcelona como “campeã de inverno”, a Ferrari chegou a Melbourne e levou um verdadeiro “banho” da Mercedes nos treinos livres e na qualificação, com a diferença a ficar em mais de meio segundo. O desespero tomou conta da Ferrari e tudo se precipitou: Vettel foi mandado parar na volta 14 para trocar de pneus sem justificação aparente. O alemão tinha feito a sua volta mais rápida da corrida imediatamente antes de entrar para as boxes, a par de 10 voltas sempre no segundo 29, e não se viam sinais de degradação dos pneus. Claro que foi o desespero que levou os rapazes de Mattia Binotto a precipitarem-se para uma paragem serôdia que tinha, também, na manga, o secreto desejo de arrastar a Mercedes. E não é que a equipa de Toto Wolff “engoliu a isca e o

anzol”? Assistindo, estupefactos, à paragem cedo de Vettel, mandaram parar Lewis Hamilton. Foi um erro que abriu a porta da vitória a Valtteri Bottas e a Max Verstappen. Vettel durou uma mão cheia de voltas até perceber o erro cometido pela Ferrari, erro esse ampliado por um carro a piorar com o esvaziar do depósito, que o condenou na parte final da corrida. Quanto a Hamilton, as coisas não correram melhor, pois a passagem agressiva por um corretor estragou o fundo plano do Mercedes, desequilibrando o carro.

Mas a verdade é que Vettel nunca esteve em condições de lutar pelo pódio, quanto mais pela vitória. Já Hamilton estava em condição oposta, mas foi prejudicado pela estratégia. E as coisas não foram piores para Lewis Hamilton porque Max Verstappen não teve tempo útil para apanhar o campeão do Mundo. Para a equipa de Milton Keynes, as paragens inopinadas de Sebastian Vettel e de Lewis Hamilton foram a oportunidade que esperavam: prolongaram a presença de Verstappen em pista até que o holandês tinha Hamilton a quase 20 segundos e Vettel a mais de 20 segundos, tendo essa vantagem crescido para lá dos 21 segundos quando o Red Bull parou nas boxes. Com uma paragem perfeita e uma volta de saída das boxes muito veloz (ganhou 2 segundos à volta de saída de Hamilton!), Verstappen começou a encurtar distância, e com os pneus traseiros do Ferrari a derreterem-se como gelo ao sol, a Red Bull assegurava o pódio, com uma ultrapassagem sem problemas que deixou Hamilton com o coração nas mãos. Mas o holandês já não tinha tempo para apanhar o britânico.

BAHRAIN – MECÂNICA TRAIU FERRARI, VETTEL ERRA

O que se passou no Bahrain, depois do descalabro da Ferrari na Austrália, deixou quase toda a gente boquiaberta: a Ferrari mandou na pista árabe colocando a Mercedes e a Red Bull de joelhos. E a estratégia passava por duas paragens nas boxes, algo que tina acontecido pela última vez no Grande Prémio da Alemanha de 2018, embora numa corrida à chuva. E a verdade é que Ferrari chegou, andou e deu uma verdadeira tareia a toda a gente… nos treinos. Apagadas as luzes vermelhas, Leclerc cedeu ao nervosismo de sair, pela primeira vez, da pole position, falhou o arranque e foi passado por Vettel e Hamilton. O que se passou a seguir quase acabava com as unhas dos estrategas de Brixworth e de Maranello. Charles Leclerc, alardeando uma classe enorme, primeiro passou por Hamilton com categoria e depois fez o mesmo a Vettel. Cumpridas as duas ultrapassagens, subiu para um patamar de ritmo que ninguém foi capaz de igualar até à primeira paragem. Voltavam os sorrisos aos homens de vermelho e as rugas de preocupação aos da Mercedes. Esquecido o monegasco, a Mercedes queria um “mano a mano” entre Vettel e Hamilton, ciente que o alemão sob pressão tem tendência a ceder. Tentou nas duas trocas de pneus, mas as coisas não correram bem, porém Vettel conheceu inesperadas dificuldades com as borrachas da Pirelli e Hamilton encostou-se ao piloto da Ferrari. Os pneus funcionavam e o britânico resolveu o problema “no braço”: apanhado numa zona de DRS, Vettel foi passado por Hamilton e voltou a não ter discernimento

suficiente para o deixar passar e voltar a apanhar mais à frente, pois o Ferrari era superior assim que os pneus começavam a funcionar. Tentou evitar até ao limite a ultrapassagem e acabou a fazer um pião – lembram-se de Monza e Suzuka, lado a lado, com Hamilton e Verstappen? – que, posteriormente, lhe destruiu a asa dianteira. Pouco depois seria o motor do carro de Leclerc a ter um problema grave e assim se esfumava uma dobradinha Ferrari e uma vitória que poderia ter caído no colo de Vettel depois do problema do monegasco. Bottas esteve irreconhecível e dedicou-se à luta com Max Verstappen, que acabou por ganhar devido às dificuldades da Red Bull.

CHINA – GP 1000… CHOCHO

Celebrou-se no GP da China o GP 1000 da história da competição, mas ninguém ajudou à festa. A prova foi um enorme bocejo com o domínio absoluto da Mercedes e de Lewis Hamilton. Exatamente ao contrário daquilo que foi o Grande Prémio da Austrália de 1990 (disputado em Adelaide), uma tremenda festa com uma corrida emocionante, disputada há mais de 28 anos (fará 29 anos no dia 4 de novembro) e com Nelson Piquet a ficar na história da Fórmula 1 ao ganhar o GP 500 do Mundial de F1, ao volante de um Benetton, suportando os ataques de Nigel Mansell, ao volante de um Ferrari. Quinhentas provas depois, chegou-se às 1000 corridas de Fórmula 1 disputadas (independentemente da polémica com o número certo ou errado) e o calendário contorceu-se para que a efeméride caísse no palco grandioso do circuito de Xangai, tendo como pano de fundo o Grande Prémio da China. Porém, este GP 1000 foi tão cinzento como o céu que cobriu o circuito, sem a emoção necessária à celebração de tão importante marco na história da mais importante competição de monolugares. Todos os carros tinham o logótipo “GP 1000” e quase todos os pilotos tinham o mesmo

logótipo no capacete e metade do plantel apresentou-se com capacetes alusivos à efeméride, aproveitando a abertura da FIA que autorizou uma mudança extra no desenho do capacete para além das duas autorizadas por época.

Foram feitas moedas comemorativas, posters e um programa especial, além de uma festa para os adeptos que teve pouco mais de um milhar de pessoas a assistir. A cereja no topo do bolo foi a prova de domingo, como já referimos, sensaborona e com o domínio absoluto da Mercedes, com a Ferrari a não ter resposta para a casa alemã e a justificar tudo com “falta de performance”. xatamente tudo ao contrário daquilo que tinha sucedido no GP 500 na Austrália, em 1990.

AZERBAIJÃO – FERRARI DESNORTEADA

Tudo correu mal à Ferrari em Baku. Quando tudo estava alinhado para serem os melhores, um acidente de Charles Leclerc anulou a melhor chance que a Ferrari tinha para obter a pole position e, sem um “reboque”, Sebastian Vettel nada podia fazer face aos Mercedes, conseguindo apenas manter à distância o Red Bull de Max Verstappen. Esta foi a primeira pancada que a esperança da Ferrari em quebrar a senda de vitórias da Mercedes sofreu. A segunda foi um tiro no pé dos estrategistas da Ferrari. Havia, apenas, duas táticas possíveis: a primeira dependente de um Safety Car, a segunda na eventualidade de não haver um Safety Car. A primeira permitia que a flexibilidade fosse maior e consoante a hora da entrada em pista do Mercedes AMG GT poderiam ser usados os pneus mais macios ou os médios. A segunda não tinha absolutamente nenhuma flexibilidade e dizia: arrancar com pneus macios e terminar com pneus médios. O que é que a Ferrari pensou? Pegaram no livro das estatísticas e verificaram que nas duas edições do GP do Azerbaijão, em 2017 e 2018, um total de cinco situações de Safety Car foram registadas, três em 2017 – às 12º, 18ª e 20º voltas e ainda uma bandeira vermelha – e duas em 2018 (logo na primeira volta e à volta 40ª, o acidente entre os dois Red Bull). Perante isto, sendo a lógica algo mais que uma batata, o pensamento foi… lógico: haverá pelo menos um Safety Car e largando Charles Leclerc do 9ª lugar (depois da desclassificação de Kimi Räikkönen) vamos prolongar os pneus médios; depois de um Safety Car colocamos os macios e ganhamos uma janela para a vitória, dependendo da recuperação de Leclerc.

A estratégia era inteligente e Leclerc não deixou de fazer o seu trabalho, deixando claro que era possível andar depressa com os pneus médios. Com Sebastian Vettal incapaz de replicar os tempos do seu colega de equipa, os Mercedes de Valteri Bottas e Lewis Hamilton conseguiram ganhar 10,5 segundos aos Ferrari. Esta vantagem amealhada com aparente facilidade deixou os dois pilotos da Mercedes ao abrigo de um “undercut” de Vettel e deu à equipa liderada por Toto Wolff liberdade para decidir qual dos W10 parava primeiro, pois não havia necessidade de proteger nenhum dos seus pilotos do ataque do Ferrari. Por isso, a Mercedes fez tudo “by the book”, ou seja, primeiro entrou Bottas, na volta seguinte Hamilton. A Ferrari ainda tentou uma ação desesperada, parando mais cedo Vettel, mas o estrago estava feito. Leclerc acabou por não fazer parte destas contas pois esteve 34 voltas em pista com os pneus macios e faltou o Safety Car que o condenou a ficar atrás de Verstappen.

ESPANHA – QUINTA “DOBRADINHA” DA MERCEDES NUM DOMÍNIO SEM CONTESTAÇÃO

A Mercedes igualou o recorde da Ferrari ao conquistar a quinta “dobradinha” consecutiva, desta feita em Espanha, com Lewis Hamilton a ficar na frente de Valtteri Bottas, deixando claro que o avanço da Ferrari nos testes de pré-temporada tinha sido fogo fátuo. E tudo começou na largada, pois durante os treinos tinha ficado claro que nem Ferrari e menos ainda a Red Bull tinham condições para incomodar os Mercedes. Valteri Bottas reclamou a pole position, mas falhou no arranque e ofereceu ao seu colega de equipa, em bandeja de prata, mais uma vitória. A culpa não morreu solteira e a embraiagem foi apontada como responsável pelo mau arranque do finlandês. Uma vitória dominante, imperial, que contou com a presença de Dieter Zetsche, o CEO da Daimler. Foi a última corrida a que o responsável máximo da Daimler (e entusiasta da F1) assistiu, pois para o seu lugar entrou Ola Kallenius. Zetsche foi o grande impulsionador da presença da Mercedes na Fórmula 1 e sempre apoiou de forma intransigente a presença da casa de Estugarda na competição. Este executivo de 66 anos levou para casa a memória de um pódio com dois ‘flechas de prata’ e o banho de

champanhe oferecido por Hamilton e Bottas. Para a Ferrari, foi mais um fim de semana de horror, pois trouxe muitas novidades para o circuito de Barcelona e… nada resultou. A sobreviragem crónica manteve-se e o SF90 revelou-se dramaticamente lento nas curvas. Vettel ficou fora do pódio e Leclerc limitou-se a seguir o seu companheiro de equipa, recolhendo os pontos do quinto lugar, apenas na frente de Pierre Gasly.Com cinco corridas disputadas, parecia claro que a hierarquia estava definida: Mercedes longe de todos com o domínio absoluto, Ferrari a seguir, mas com a Red Bull Honda a soprar-lhe no pescoço.

MÓNACO – HAMILTON IMPERIAL FACE A VERSTAPPEN

“O Lewis salvou-nos hoje!” Foi com esta singela frase que Toto Wolff explicou o que se passou no GP do Mónaco. Lewis Hamilton mostrou nervos de aço e um sangue frio fora do comum para suportar em mais de 50 voltas a pressão intensa de Verstappen, não cometendo um único erro mesmo quando ao volante de um Mercedes inferiorizado por pneus já muito desgastados. E tudo porquê? Por um erro tático da Mercedes que acreditou que os pneus médios durariam bem mais do que sucedeu na realidade. Um erro feio que fez Hamilton sofrer tratos de polé nas últimas 20 voltas da corrida, com pneus quase sem borracha e com uma subviragem horrível nas curvas lentas. E enervado por andar tantas voltas atrás do Mercedes, Verstappen lançou um ataque desesperado a duas voltas do final, mas como diria no final o campeão do Mundo, “ainda nos tocámos, mas ele nunca conseguiria passar!” E a verdade é que não passou e o britânico venceu pela terceira vez no Principado, uma vitória no braço e depois de um erro tático da Mercedes. Hamilton “safou” James Vowles, o estrategista da Mercedes, que esteve desinspirado no Mónaco. Penalizado em cinco segundos por ter

saído das boxes de forma perigosa (unsafe release), Verstappen tudo fez para passar e fugir a Hamilton, para tentar ganhar. Com estes cinco segundos, o holandês caiu para quarto, deixando no pódio Sebastian Vettel e Valteri Bottas, porém, ambos incapazes de se imiscuírem na luta pela vitória.

CANADÁ – POLÉMICA ENVOLVE HAMILTON E VETTEL

Se nos treinos livres a Mercedes e a Ferrari dividiram o protagonismo, o “muro dos campeões”, ex-libris do circuito da ilha de Nôtre Dame, reclamou estatuto ao “apanhar” Lewis Hamilton e Max Verstappen. Na qualificação, a Ferrari esteve muito bem e Sebastian Vettel conquistou a pole position, sendo o intruso na qualificação perfeita da Scuderia, o Mercedes de Hamilton, que ficou na frente de Charles Leclerc. Bottas foi apenas sexto. Na Renault rejubilava-se, pois Daniel Ricciardo chegava a quarto na grelha, aproveitando os azares de Max Verstappen. Algumas coisas aconteceram na corrida, mas tudo se resume à volta 48, quando Vettel perdeu a traseira do Ferrari, subiu pela escapatória e regressou à pista na frente de Lewis Hamilton, com este a tentar passar entre o muro exterior da chicane e o Ferrari, tendo de travar para evitar um acidente. O colégio de comissários desportivos, com Emanuelle Pirro como convidado, decidiu seguir o livro das regras, deixando de fora a regra não escrita do bom senso, e penalizaram o piloto da Ferrari com cinco segundos, por “retorno perigoso à pista”. Acabava aqui a luta pela vitória e qualquer chance de Vettel em contrariar o domínio da Mercedes. Uma vitória oferecida de mão beijada pelos comissários desportivos que foi duramente criticada por Vettel – chegou a trocar as placas no final da prova – que cruzou a linha de meta em primeiro e esteve (contrariado e só convencido depois de alguma argumentação mais musculada) no pódio do Circuito Gilles Villeneuve. Charles Leclerc ficou com o terceiro lugar e um desaparecido Valteri Bottas acabou no quarto lugar, na frente de Max Verstappen e de Daniel Ricciardo, num sexto lugar festejado como uma vitória pela Renault.

FRANÇA – UM LONGO BOCEJO GANHO POR HAMILTON

As menos de 135 mil pessoas que passaram pelo Paul Ricard deixavam antever que o GP de França seria algo inenarrável. Muito calor e um domínio absoluto da Mercedes, traduzido nos treinos e na qualificação, com Hamilton a fazer a pole position. Porém, todos tinham grande preocupação com a temperatura do asfalto, que estava, literalmente, a derreter os pneus. Apesar disso, tudo decorreu sem problemas e o maior animador da prova foi Daniel Ricciardo, piloto que foi capaz de encaixar duas penalizações de cinco segundos: uma por ter levado Lando Norris a sair de pista e outra por ter passado para lá dos limites de pista para passar por Kimi Räikkönen. O que deu direito a uma reação forte do australiano: “Quero que eles se f…!” Quanto a Lewis Hamilton, ganhou

facilmente a corrida na frente de Valteri Bottas, com a Ferrari a colocar Leclerc no pódio. A Red Bull, claramente sem fôlego no motor Honda, ainda conseguiu colocar Verstappen na frente de Vettel. O alemão saiu de França com a moral em baixo, já que além de ter de reconhecer que não tinham ritmo para os Mercedes, ainda viu o seu jovem colega de equipa fazer bem melhor que ele.

ÁUSTRIA – MERCEDES BATIDA PELA RED BULL

Não foi sangue, suor e lágrimas, mas, para ganhar, Max Verstappen despejou litros de suor e Toyoharu Tanabe, diretor técnico da Honda, chorou ao ver o seu trabalho, finalmente, recompensado com uma excelente vitória da Red Bull. Para a Honda, o sucesso do piloto da Red Bull significou o fim de um jejum de 13 anos, após a vitória de Jenson Button no GP da Hungria de 2006. A primeira vitória do ano residiu, claro, no talento e inesperada maturidade de Max Verstappen, mas muito também no descalabro da Mercedes. A corrida de Spielberg decidiu-se na primeira dúzia de voltas depois da paragem nas boxes. Até à volta 43 não aconteceu nada, Charles Leclerc dominava e a Ferrari estava a tentar capitalizar a vitória numa das pistas onde o SF90 não conhece problemas. A casa de Maranello ainda deu um tiro no pé com Vettel, mas as coisas estavam a correr de forma perfeita com o monegasco. A verdade é que a nona corrida da temporada de 2019 estava a ser mais uma procissão até que surgiram as paragens nas boxes. No que toca à estratégia, dizia a lógica que a sequencia médios-duros era a mais indicada. Porém, a Ferrari apostou na sequencia macios-duros para Leclerc e apesar das críticas feitas aos italianos, o monegasco manteve os pneus macios em forma ao durante longas 22 voltas, deixando os homens da Mercedes a coçar a cabeça. Quanto a Max Verstappen, tudo começou do avesso: no arranque falhou e caiu para sétimo após a largada, devido à eletrónica ter mexido na embraiagem. Pior as coisas ficaram para o holandês quando sentiu o motor perder potência e pediu para mudarem o mapa do motor. A Ferrari dominava em todos os aspetos, a Mercedes soçobrava e Verstappen estava enrolado nos seus problemas. Enfim, tudo parecia encaminhar Leclerc para a primeira vitória e a Red Bull para uma desilusão na prova caseira. Mas faltavam 28 voltas para o final da corrida e a diferença entre Charles Leclerc e Max Verstappen estava nos 10,5 segundos, com Leclerc a ter “guarda de honra”, com Bottas e Vettel entre ambos. Parecia que estava tudo pronto para terminar mais uma corrida chata e sem interesse, pois com pneus novos Verstappen ganhava apenas 2,4 segundos em metade da distância que faltava para o final. Com um carro surpreendentemente rápido em reta e com capacidade para andar atrás de outros monolugares, Max Verstappen aproveitou os pneus menos desgastados do Red Bull e começou a trepar na classificação.

O motor Honda não se queixava com o calor, enquanto na Ferrari tiveram de reduzir de forma moderada a performance do motor. Na Mercedes, ficaram com um Fórmula 2 nas mãos! Com um Red Bull eficaz e com o motor Honda sem queixas do calor, Verstappen passou por toda a gente e, finalmente, numa luta roda com roda, o holandês passou por Leclerc e ganhou o Grande Prémio da Áustria, no Red Bull Ring. Uma vitória espetacular que teve em Max Verstappen o maior “culpado”. Foi ele que, com uma maturidade inusitada, poupou pneus e conseguiu passar por Vettel, Bottas e Leclerc. Mas a Mercedes (pelo que sofreu com o calor) também teve quota parte no sucesso. Porque, olhando friamente, foi a Mercedes que se anulou na Áustria, com os problemas de sobreaquecimento, o problema na asa dianteira do carro de Hamilton e a necessidade de reduzir de forma dramática a performance do motor na fase final da corrida. Na Ferrari, foram duas voltas a mais que impediram que a estratégia desse certo e Charles Leclerc celebrasse a sua primeira vitória.

GRÃ-BRETANHA – MERCEDES E HAMILTON GANHAM COM AJUDA DA DEUSA DA SORTE

Bottas fez a pole position nas “barbas” de Hamilton, deixando a Ferrari com o terceiro lugar, para Leclerc. Já Verstappen esteve melhor que Vettel: o holandês foi quarto, o alemão apenas sexto, com Pierre Gasly na sua frente. Foi uma espécie de antevisão do que seria a corrida, com mais uma vitória de Lewis Hamilton. O britânico carregou, orgulhando a “Union Jack” tal como tinha feito Nigel Mansell depois da sua apoteótica vitória em 1982. Mas a para chegar a esta 80ª vitória da carreira e bater o recorde de primeiros lugares no GP da Grã Bretanha, contou com a ajuda da deusa da sorte. A entrada em pista do Safety Car arruinou a corrida de Valtteri Bottas, apesar destes se terem empenhado, depois, numa luta muito intensa para gaudio dos espetadores e dos telespetadores. Nessa altura, Hamilton provou ser mais forte. Mas o melhor estava guardado mais atrás.

Desenvolveu-se um intenso duelo entre Max Verstappen e Charles Leclerc, duas semanas depois de um desaguisado entre os dois que deu a vitória ao holandês. O monegasco musculou as suas ações e o resultado foi um duelo fantástico que teve o seu ponto alto no ataque de Leclerc a Verstappen na curva Stowe. Menos feliz esteve, uma vez mais, Sebastian Vettel, que acabou com a sua corrida e quase acabava com a prova de Verstappen uando acertou em cheio na traseira do Red Bull. Mais feliz estava Pierre Gasly, que finalmente conseguiu uma prestação convincente e aliviou um pouco a pressão que Helmut Marko gosta de colocar nos seus pilotos, Max Verstappen à parte. No segundo pelotão, Guenther Steiner teve de dar umas palmadas aos seus pilotos, incapazes de manter as posições e responsáveis por arruinarem a corrida da Haas logo nos primeiros metros. Contas feitas, Leclerc ficou com o degrau mais baixo do pódio, seguido de Pierre Gasly e Max Verstappen. Vettel foi 16º e ainda foi penalizado em 10 segundos por ter causado o incidente com o holandês.

ALEMANHA – CALOR E A CHUVA ABATEM MERCEDES E FERRARI

Na prova disputada em solo alemão, que celebrava os 125 anos de presença da Mercedes no desporto automóvel e a corrida 200 na Fórmula 1, a Mercedes espalhou-se ao comprido. Nos treinos, o imenso calor deu primazia à Ferrari, mas na qualificação tudo se precipitou: um problema no turbo do carro de Vettel arrumou-o no 20º lugar da grelha; uma dificuldade com a alimentação no carro de Leclerc deixou-o fora da luta pela pole position. Esta aterrava no colo da Mercedes e de um Lewis Hamilton doente e febril. Ao calor sucedeu-se a chuva e com ela a mão de todas as confusões. Muitas trocas de pneus, escolhas profundamente erradas e despistes, muitos despistes. E aqui a estrelinha da sorte de campeão protegeu Hamilton: no mesmo local onde saiu Charles Leclerc (saída que o levou ao abandono), o campeão do mundo também saiu, mas escapou com uma asa da frente partida e manteve-se em pista. Valteri Bottas não conheceu semelhante sorte e acabou também fora de prova. No meio de vários Safety Car Virtuais e da presença de Bernd Maylander com o Mercedes AMG GT, emergiu na frente Max Verstappen, com Daniil Kvyat atrás, mas longe e sem condições para fazer perigar o primeiro lugar do holandês. Entretanto, Hamilton fazia troca de pneus e, mais atrás, um piloto fazia a corrida da sua vida: Sebastian Vettel! O alemão tinha saído de 20º, mas aproveitando as indecisões de uns, os despistes de outros e a superioridade do Ferrari sobre a maioria, o piloto da Scuderia conseguiu chegar à porta do pódio. A quatro voltas do final passou por Lance Stroll e motivado pelo público alemão ainda conseguiu, a duas voltas do final, chegar ao segundo lugar ocupado por Kvyat. Uma ‘corridaça’ por parte de Sebastian Vettel, que deixou claro que a Ferrari era favorita para vencer na Alemanha. Já Hamilton voltou a ver a sorte soprar-lhe quando os dois Alfa Romeo foram penalizados, ficando com mais dois pontos no bornal, depois de uma corrida muito dura devido ao seu estado febril. Situação que ofereceu a Robert Kubica o seu primeiro ponto em 2019, o primeiro registado pelo polaco desde 2010 (quando foi 5º classificado no GP do Abu Dhabi). Lewis Hamilton, debilitado pela febre que o afetava, multiplicou os erros e perdeu muitos pontos, embora a sua liderança e o campeonato estejam longe de estar em perigo. Quanto à festa dos 125 anos de presença no desporto motorizado e do GP 200 da história da Mercedes, foi murcha devido ao resultado devastador.

HUNGRIA – HAMILTON BATE VERSTAPPEN COM ESTRATÉGIA POUCO EVIDENTE

Costuma-se dizer que para terminar em primeiro, primeiro temos de terminar, mas há corridas que podem ficar definidas logo no início, perdendo a piada, ou nos instantes finais onde há mais emoção. A corrida disputada no Hungaroring ficou decidida quando Lewis Hamilton passou por Max Verstappen a quatro voltas do fim, depois de uma brilhante exibição de pilotagem do cinco vezes campeão do mundo na “caça” ao Red Bull do holandês, o qual tinha quebrado o enguiço ao fazer a sua primeira pole positon da carreira (tornando-se no 100º piloto a conseguir uma pole position) e estava a caminhar a passos largos para a terceira vitória de 2019. Este foi o momento da corrida, porém, a vitória foi desenhada muito antes quando Hamilton recebeu ordens para aproximar-se de Verstappen. Foi nesta altura que o campeão do mundo soube que a Mercedes ia arriscar numa segunda paragem, sendo instruído para se aproximar (fê-lo e ficou a um segundo) e fazer exatamente o oposto daquilo que o líder fizesse. Como Verstappen ficou fora, Hamilton entrou nas boxes. Estava consumada a estratégia de vitória: o Mercedes saiu das boxes com pneus médios novos e a 21 segundos do líder quando faltavam 22 voltas. Lembram-se do GP da Hungria de 1998? Foi exatamente assim que Michael Schumacher ganhou essa corrida, com a estratégia e, claro, o talento do alemão e, em 2019, do britânico. Com voltas 1,137 segundos, em média, mais rápidas que um Red Bull com pneus duros já cansados, Hamilton fez 16 voltas a fundo e encostou-se a Verstappen antes de usar o DRS para passar o holandês – que se defendeu na curva 1, mas foi impotente para travar o Mercedes – e ganhar a oitava corrida da temporada. A Ferrari esteve, sempre, demasiado longe dos Mercedes e do Red Bull do holandês, limitando os estragos, enquanto que Bottas envolveu-se num incidente com Charles Leclerc, que lhe levou a asa da frente e acabou com a corrida do finlandês. Bottas acreditava numa penalização para o Ferrari, mas a direção de prova viu imagens onde o finlandês também contribuiu para o contacto pelo que tudo ficou como incidente de corrida.

A luta entre Hamilton e Verstappen (e acreditamos que muitas mais vão acontecer!) deixou claro que o britânico não vai deixar que o holandês o empurre do seu pedestal sem que lhe mostre quem é o patrão da Fórmula 1. O GP da Hungria deixou claro que a não ser que algo de muito errado aconteça, Lewis Hamilton está com mão e meia na taça de 2019, naquele que seria o sexto título da carreira e o deixaria muito perto de bater Michael Schumacher e os sete títulos conquistados pelo alemão.

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