Balanço da Fórmula 1: A melhor Mercedes de sempre

Por a 29 Agosto 2019 09:24

Mercedes e Lewis Hamilton nunca tiveram uma primeira metade de temporada tão produtiva como em 2019: em 12 provas a Mercedes venceu 10 e deixou duas para a Red Bull, com o cinco vezes campeão do mundo a ganhar oito corridas, o seu melhor registo de sempre. Como diz o título deste balanço de meio de temporada, a Mercedes domina sobre tudo e sobre todos

Não será necessário olhar para a classificação do Mundial de Fórmula 1 para concluir o óbvio: a Mercedes está mais dominadora que nunca. Mas a armadura da equipa alemã sediada em Brackley tem algumas fissuras que fomos identificando ao longo da temporada. Umas expostas pelos adversários, outras reveladas pela casa alemã através de Toto Wolff ou dos seus engenheiros.

Claro que o mérito é todo de uma estrutura muito bem oleada – que perdeu Niki Lauda, um não executivo, mas com tremenda importância junto de técnicos e de pilotos –, mas não podemos deixar passar em claro o rotundo falhanço da Ferrari e dos seus pilotos. A saída de Maurizio Arrivabene e a promoção de Mattia Binotto a líder técnico e desportivo – recuperando uma forma de estar dos anos 60 com Mauro Forghieri – fez muito mal à Scuderia e a maré negativa da Ferrari desaguou numa primeira metade de campeonato sem uma única vitória e com os títulos a serem uma possibilidade matemática. O que é um contra-senso, já que a Ferrari tinha (tem?!) o melhor carro do plantel. Mas quando o piloto principal tropeça nos atacadores vezes demais e o mais jovem mostra talento, mas é fustigado pelo vento do azar e castigado pela sua irreverência e inexperiência, fica difícil a uma equipa enleada nas suas próprias indecisões lutar pelo que quer que seja. Sentada num chassis de primeira água e com um motor Honda que, finalmente, surge fiável e poderoso, a Red Bull deu asas ao talento de Max Verstappen. Este não se fez rogado e ganhou “em casa” no Red Bull Ring e venceu na Alemanha por ter nas mãos o carro que menos sofreu com a canícula que se abateu sobre a prova germânica. E pelo caminho ainda limitou o recorde de vitórias sem pole position a sete corridas, depois de se sagrar o 100º piloto a rubricar uma pole position no Grande Prémio da Hungria.

O fosso entre estas três equipas e as restantes está maior e a grande surpresa da primeira metade da temporada é segurada pela McLaren. Após anos a arrastar-se no final do pelotão, eis que em 2019 abriu-se o sol para a equipa de Woking, e com Carlos Sainz e Lando Norris em excelente forma, a equipa liderada por Zak Brown é a quarta melhor, tendo enorme vantagem para o seu fornecedor de motores, a Renault. Pelo meio ainda temos a Toro Rosso, com Alexander Albon e Daniil Kvyat a darem muito boa conta do recado e a aproveitarem as qualidades do motor Honda para darem nas vistas – Kvyat é o único fora dos pilotos das três primeiras equipas a conseguir um pódio! –, posicionando-se atrás da McLaren.

Profunda desilusão tem sido a Renault e homens como Christian Horner ou até a comunicação da Honda Racing não perderem uma oportunidade de fazer miseráveis os dias de Cyril Abiteboul no comando da Renault. Horner vai lançando farpas e aquando da vitória de Max Verstappen na Áustria, a Honda Racing lançou uma assassina publicação dizendo: “o motor da GP2 já ganha”. Daniel Ricciardo não tem sido uma mais-valia – parece desmotivado e focado em ficar com as migalhas que possam cair da mesa das equipas da frente (leia-se as saídas de Bottas, Vettel ou até de Gasly) -, estando desiludido com a performance do motor, mas sobretudo com o chassis, num carro que está a anos luz dos McLaren, para não dizer dos outros lá da frente. E matematicamente não

tem já possibilidades de lutar pelo título, o que é sempre uma machadada forte nos argumentos para manter a marca do losango na Fórmula 1.

Talvez por isso tenha sido chamado Alain Prost a assumir os destinos da Renault, o “professor” que foi mestre ao volante, mas com a sua Prost F1 nem por isso. Veremos na segunda metade da temporada como as coisas se vão desenrolar. Igualmente abaixo da expectativa de quase todos está a Alfa Romeo. A equipa suíça recebeu Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi, mas parece que o maior desafogo financeiro e a qualidade de um ex-campeão do mundo e de um piloto da “cantera” da Ferrari não significaram avanços substantivos. O sétimo lugar reflete algumas dificuldades com o chassis e alguns azares durante a temporada. “Emprestado” pela Ferrari, Simone Resta regressou a Maranello e a Alfa Romeo recebeu um veterano da aerodinâmica, Alessandro Cinelli, vindo, claro, da Ferrari. Na cauda do pelotão estão a Racing Point Force India, a Haas e a Williams. Se no caso da Williams nada surpreende, apenas fica a tristeza de ver uma das equipas mais carismáticas da Fórmula 1 a sobreviver no final do pelotão, com um excelente piloto (George Russell) e um polaco que por muito que se tenha compaixão por ele e simpatia, já deveria ter terminado os seus dias de piloto de monolugares. Sortudo, Robert Kubica conseguiu pontuar no GP da Alemanha, devido às penalizações infligidas aos Alfa Romeo.

No caso da Haas e da Racing Point, a desilusão não é menor. Os americanos continuam a ter o irrascível e divertido Guenther Steiner como responsável, mas as longas discussões com Romain Grosjean e Kevin Magnussen não surtem efeito e os dois continuam a tudo fazer para afundar, ainda mais, uma Haas que não tem estado à altura do que se espera de uma equipa com laços próximos à Ferrari e com ambições a chegar aos primeiros lugares. Já a equipa resgatada das mãos de Vijay Mallya e de Subrata Roy parece que ficou afetada com a inesperada abundância financeira. Deixou de ser aquela equipa eficaz que com pouco fazia muito e hoje não vai além de um pálido oitavo lugar. Sergio Pérez e Lance Stroll não têm tido vida fácil e os resultados deixam isso bem claro.

UM CAMPEONATO EM CONSTANTE MUDANÇA

Se o domínio da Mercedes só foi colocado em causa um par de vezes e acabou por verter em favor da casa alemã, a verdade é que a competição esteve em constante mudança e depois de algum tempo em que as corridas não tinham grande piada, a fase final da primeira parte da temporada de 2019 foi eletrizante e muito interessante. Por isso mesmo, vamos recordar o que foram estes 12 grandes prémios realizados até agora, analisados pelo seu AUTOSPORT. Pode ler, também, todos os dados estatísticos da competição até agora, num balanço completo e profundo daquilo que tem sido o Mundial de Fórmula 1 de 2019.

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