Aston Martin: Mais um nome icónico a chegar à Fórmula 1

Por a 1 Fevereiro 2020 18:40

O bilionário Lawrence Stroll comprou parte substancial da Aston Martin e nem pestanejou: em 2021 o nome da casa de Gaydon será o nome da sua Racing Point que abandona o longo nome de 2020 por um mais singelo Aston Martin F1. Vamos contar-lhe como tudo aconteceu e lembrar que a Aston Martin já esteve na Fórmula 1.

Por José Manuel Costa

FOTO: Sean Bull Design ( https://www.seanbulldesign.com/ )

O bilionário pai de Lance Stroll tem uma tendência para fazer as coisas em grande e depois dos rumores que o apontaram como o comprador de parte do capital da Aston Martin, chegou-se à frente e começa por injetar 379 milhões de euros na empresa para melhorar o ‘cash flow’ e compromete-se a pagar 4,764 euros por ação num total de 45,6 milhões de ações ordinárias da empresa (16,7%) do capital da Aston Martin, avaliados em qualquer coisa como 238 milhões de euros. O total da participação da “Yew Tree Overseas Limited”, o consórcio liderado por Lawrence Stroll (que inclui o presidente da JCB, Anthony Banford, o ex-patrão da Power Corp Canada, Andrew Desmarais e o milionário da moda de Hong Kong, Star Chou) pode chegar a 20%, depois do negócio fechado.

Segundo algumas fontes próximas do negócio, Lawrence Stroll avançou como sempre faz nos seus negócios: colocou o dinheiro onde tem a boca e arrematou esta fatia do capital que o coloca no conselho de administração com cargo executivo. E quando se falou de Fórmula 1 nem pestanejou: encetou conversas com a Red Bull para acabar com o contrato de parceria com a equipa de Milton Keynes – a casa de bebidas austríacas já anunciou, oficialmente, que no final de 2020 acaba o acordo de patrocínio, mas as duas empresas vão ficar unidas até que o último hipercarro Valkyrie seja entregue – passando a Racing Point F1 a chamar-se Aston Martin F1.

Aliás, o documento entregue na Bolsa de Londres, diz, claramente, “a Aston Martin Lagonda rubricou um acordo legal sob o qual a equipa Racing Point F1 passará a chamar-se Aston Martin F1 com efeito a partir de 2021. Este é um contrato com uma duração inicial de 10 anos, passando a Aston Martin Lagonda a ter uma participação económica na equipa.”

O acordo de patrocínio da Aston Martin a partir de 2021 e terá um período inicial de quatro anos prorrogável mediante determinadas condições já acordadas. Quanto à Racing Point, tudo ficará na mesma, ou seja, Sergio Perez tem um contrato de longa duração com Lawrence Stroll e o filho do bilionário, Lance, naturalmente vai continuar, acreditamos, até ao final da sua carreira. O bilionário canadiano tem um acordo de longa duração com a Mercedes para o fornecimento de motores e acredita-se que os laços entre as duas equipas se vão reforçar. Primeiro, porque a Daimler tem uma ligação técnica com a Aston Martin, via o fornecimento de mecânicas AMG para os modelos da casa de Gaydon. E não custa nada pensar que Lawrence Stroll possa dar o nome Aston Martin aos propulsores da casa de Estugarda.

Com este negócio leonino do bilionário canadiano, a Racing Point será, a partir de 2021, a equipa oficial do construtor britânico. Ou seja, alem dos logótipos da caa de Gaydon, o carro deverá receber o tradicional verde, mas a “Pantera Cor de Rosa” ainda não disse a sua última palavra na Fórmula 1, pois a BWT, a empresa austríaca de águas minerais, continua com alguns milhões para gastar (foram quase 40 milhões pagos em 2019 à Racing Point) e Stroll pode querer ficar com esse dinheiro.

Muitas questões estão a ser levantadas sobre a presença no Mundial de Endurance (WEC), mas pelas informações recolhidas junto se algumas fontes, o desenvolvimento do Valkyrie sob as novas regras “hypercar” para o WEC continua e o projeto para esta competição não conhecerá recuos sendo articulado com a Red Bull Advanced Technologies, empresa subsidiária da Red Bull F1 Team.

O regresso da Aston Martin à F1

A marca de Gaydon já esteve na Fórmula 1 quando Lionel Martin decidiu investir nos monolugares depois de muito sucesso nos carros de Sport. Recordamos que tudo começou em 1913, há mais de uma centena de anos, quando dois londrinos decidiram construir o seu próprio carro. Robert Bramford e Lionel Martin pegaram num velho Isotta Fraschini e fizeram o primeiro Aston Martin numa garagem de Kensigton.

Com o apoio de um milionário britânico, o conde Louis Zborowski, a Aston Martin desembarcou nas corridas em 1921. Uma arvore em Monza matou o conde Zborowski, mas a marca continuou a participar na competição. David Brown foi o homem que depois da segunda guerra mundial “meteu a mão na massa” e deu à Aston Martin a dimensão competitiva que forjou a sua história nos carros de Sport.

Foi o britânico que decidiu levar a Aston Martin para a Fórmula 1 e em 1959 e 1960, a casa britânica esteve ativa. É verdade que só fez cinco provas com os modelos DB4 (1959 e 1960) e DB5 (1960), mas nunca pontuando no Mundial de Construtores, conseguiu como melhor resultado nos treinos um segundo lugar (GP da Grã Bretanha de 1959 com Roy Salvadori no circuito de Aitree com o DBR4) e, em corrida, Roy Salvadori foi duas vezes sexto classificado, no GP de Portugal 1959 (Monsanto) com o DB4 e no GP da Grã Bretanha, igualmente de 1959, e com o mesmo DB4. A Aston Martin disputou seis provas em quatro países. Em Inglaterra (1959 com Roy Salvadori (6º) e Carroll Shelby (abandono com magneto partido) e 1960 com Roy Salvadori (abandono, direção) e Maurice Trintignant (11º): Em Itália em 1959 com Roy Salvadori (abandono com motor partido) e Carroll Shelby (10º), na Holanda em 1959 com Roy Salvadori (abandono, sobreaquecimento) e Carroll Shelby (abandono, motor) e em 1960 com Roy Salvadori, que não chegou a participar devido a um desaguisado em termos de dinheiro. Finalmente, em Portugal, em 1959, Carrol Shelby terminou em 8º e Roy Salvadori foi 6º. Contas feitas, a Aston Martin fez 518 voltas e cumpriu 2646 quilómetros em corrida.

O que disseram… Lawrence Stroll

“Para além dos 600 milhões de euros de investimento, estou ansioso de trabalhar com a administração e a gestão da Aston Martin Lagonda para rever tudo e melhorar alguns aspetos da operação da empresa e do marketing. Queremos continuar a investir no desenvolvimento de novos modelos e tecnologias, para recuperar o equilíbrio da produção priorizando a procura ao fornecimento. Eu e os meus parceiros acreditamos plenamente que a Aston Martin é uma das grandes marcas de luxo globais. Acredito que esta combinação de capital e da minha experiência tanto na industria automóvel como em construir marcas globais de sucesso, será essencial para cumprirmos o potencial da Aston Martin.”

O que disseream… Andy Palmer (CEO da Aston Martin)

“O senhor Stroll oferece uma forte e comprovada experiência quer no setor automóvel quer nas marcas de luxo, o que, acredito, será de muita importância para a Aston Martin Lagonda. Claro que também anunciámos planos para o nosso envolvimento na competição em colaboração com a Racing Point. Quero aqui agradecer à Red Bull , que continuaremos a patrocinar este ano, pela sua parceria e pelo apoio que nos deu de uma forma que me permite agradecer-lhes hoje.”

O que disseram… RedBull

“Após o anúncio da Aston Martin Lagonda, podemos confirmar que o construtor britânico irá continuar a ser parceiro da equipa da Red Bull Racing até ao final da temporada de 2020. Porém, o contrato não será renovado no final deste ano. A Red Bull Racing aceitou libertar a Aston Martin da sua clausula de exclusividade na Fórmula 1, que por sua vez permitiu gerar o investimento necessário para refinanciar e encontrar alternativas dentro da competição. Agradecemos à Aston Martin o seu apoio nos últimos quatro anos, onde alcançámos 12 vitórias, 50 pódios e seis “pole position” juntos. Desejamos aos funcionários e acionistas da Aston Martin Lagonda o melhor para o futuro e o nosso foco permanece e trabalharmos juntos esta temporada de 2020 e fechar a nossa parceria em alta.”

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado