Andreas Seidl: A reerguer a McLaren

Por a 2 Setembro 2019 10:50

O fim do ano de 2018 não poderia ter chegado mais tarde para a McLaren. A equipa que outrora dominou a Fórmula 1 teve um ano quase de ‘terror’ em 2018, ficando atrás de Haas e Renault no campeonato de construtores.

Andreas Seidl foi o homem contratado para ajudar a equipa e se estivéssemos a falar de ciclismo, pela frente teria uma montanha das mais altas. Grande e penosa! Mas até aqui, Seidl parece estar prestes a superar o desafio e com isso a McLaren está este ano bem melhor.

A McLaren Racing tem vindo a fazer uma reestruturação, que dura já há mais de um ano, com o seu CEO, Zak Brown a ‘jogar’ um longo jogo de xadrez, enquanto tenta pôr as peças certas nos lugares certos.

Eric Boullier (diretor de corrida) saiu, bem como Tim Goss (Diretor Técnico) e Matt Norris (Diretor de Engenharia), o que comprova o abanão que Zak Brown provocou na estrutura da McLaren.

Para os seus lugares chegaram Gil de Ferran, antrigo vencedor das Indy500, bem como Pat Fry, que ocupou o lugar de James Key, e Andrea Stella.

Em janeiro deste ano, finalizou as contratações, com Andreas Seidl, por muitos apontado como o responsável pelo sucesso da Porsche no LMP1 do WEC. Parecia ser alguém capaz de mudar a McLaren. Outras equipas tentaram, mas não conseguiram contratá-lo.

Ele queria voltar à F1 – pois já tinha estado na BMW Sauber até 2009 – e queria que fosse com a McLaren.

Zak Brown apelidou a contratação como “significativa”. Só ele saberá realmente se acreditava que seria tão importante como tem sido.

A McLaren está atualmente em quarto lugar no campeonato de construtores – resultado conquistado com bons desempenhos em pista – e embora nem sempre sejam os quartos melhores em pista, são, sem dúvida a melhor equipa do ‘meio-campo’ da F1.

Mas Seidl não recolhe qualquer tipo de créditos por esta reviravolta: “A atmosfera positiva na equipa estava lá quando eu comecei, devido ao grande passo em frente que todos deram durante o inverno. Muitas das mudanças que o Zak [Brown] iniciou no ano passado estão a dar resultados agora” diz Seidl.

Seidl admite a surpresa com a forma da McLaren: “Ninguém poderia estar à espera deste ‘salto’ já este ano, especialmente considerando que estávamos a lutar na parte de trás da grelha com a Williams em Abu Dhabi”.

O alemão diz que a atmosfera positiva dentro do Centro de Tecnologia da McLaren lhe deu um espaço vital para avaliar a disposição do terreno antes de fazer qualquer mudança: “Demorei mesmo algum tempo nos últimos meses a conhecer a equipa, a conhecer as pessoas e a compreender como era a equipa, com quem estava a trabalhar, porque é importante para mim obter a melhor imagem possível e compreender onde estão os pontos fortes e fracos dentro da equipa”, disse.

“O que estamos a fazer agora é elaborar um plano claro de como queremos abordar o futuro como equipa. Isto acontece em paralelo com a época em curso. Estou contente com a situação atual – temos 82 pontos agora, no ano passado tínhamos 62 no final da época. Mas é importante não nos deixarmos levar por isso. Ainda há um longo caminho a percorrer. Não há magia. É importante que continuemos esta tendência positiva como equipa”.

Com isso em mente, Seidl diz que a McLaren planeia “continuar a trazer atualizações” para os monolugares na segunda metade da temporada, que foi retomada em Spa-Francorchamps, Bélgica.

Enquanto isso já trabalham no McLaren do próximo ano. “Nós mudámos muito cedo, já temos algumas pessoas concentrados no carro do próximo ano. Voltámos ao tempo normal de fazer as coisas em termos de conceito inicial, depois de anos em que tivemos coisas como uma mudança de unidade motriz que foi bastante tardia ou mudanças de pessoal.

O carro deste ano também começou muito tarde. Ao olhar para o futuro estou bastante otimista que possamos dar o próximo passo com o carro no ano que vem, mas, ao mesmo tempo, temos que ser realistas”, disse Seidl.

Uma das primeiras tarefas na agenda de Seidl foi atender à estrutura organizacional da equipa. Durante a era de Ron Dennis, a equipa usou uma estrutura matriz, na qual as responsabilidades eram distribuídas por diferentes pessoas. Seidl queria torná-la mais simples e mais definida: “Eu gosto de ter uma organização simples e tradicional de automobilismo”. James Key dirige a engenharia, e Seidl promoveu Piers Thynne a diretor de produção.

No que toca às corridas, Andrea Stella é chefe de desmpenho e Paul James o ‘team manager’. “Esta é a minha equipa de chefes”, acrescenta Seidl.

“Juntamente com toda a equipa, temos de trabalhar no futuro agora. Já usei estruturas semelhantes no passado, porque para mim é importante que a estrutura seja fácil de entender para todos e que tenhamos responsabilidades claras e caminhos curtos para tomar decisões”, diz o alemão.

Andreas Seidl também está interessado em dar à equipa a liberdade de ultrapassar os limites, de expressar ideias sem medos, de correr riscos, mesmo que nem sempre resultem: “É importante para mim que o meu pessoal também esteja claramente ciente do apoio que recebem de mim, e também da liberdade – isso é sempre algo que tive com os meus chefes no passado. É aqui que posso dar o meu melhor e contribuir”.

Seidl acrescenta: “Está a funcionar muito bem. Todos nós temos a mesma abordagem comum de como queremos trazer a equipa de volta aos sucessos, o que é muito bom. Na situação em que nos encontramos agora temos de recuperar o atraso, por isso temos de incentivar as pessoas a correr riscos, mas, ao mesmo tempo, também temos que aceitar que de vez em quando as coisas vão correr mal.

Precisamos de ter a certeza que não temos uma cultura de culpabilidade na equipa, de que temos esse espírito de ir sempre mais além das expetativas. O que também é muito bom é que eu tenho o apoio do Zak e dos acionistas, e a liberdade de trazer o meu estilo, como eu quero liderar as operações na F1”.

Há uma armadilha em que muitos assumem um novo projeto, em que se esforçam muito e muito rapidamente para impressionar e instigar a mudança – e, na maioria das vezes, isso não funciona muito bem. Seidl adotou uma abordagem diferente, em que fez pequenos ajustes e ofereceu a sua opinião onde ele achou útil. Felizmente, recebeu tempo por parte dos acionistas, que entendem que é isso mesmo que a McLaren precisa para voltar ao topo.

“Podemos melhorar em todas as áreas. A curto prazo, queremos continuar a desenvolver. No próximo ano, queremos dar o próximo passo em termos de desempenho do carro”. Depois, há mais projetos de longo prazo, como a construção de um novo túnel de vento, que levará cerca de dois anos para ser construído.

Outro dos muitos traços impressionantes de Seidl é o seu desejo de “transparência e clareza”. Isso ficou evidente na sua forma de lidar com a situação de Fernando Alonso. Durante a sua passagem pela McLaren, que se estendeu por vários anos como piloto, Alonso tornou-se quase maior que a equipa.

Não há dúvida do seu talento em pista, mas a sua presença tornou-se numa distração, sobretudo quando saiu da F1 no final do ano, mas regressou para testar o carro no Bahrein em 2019.

Rapidamente, Seidl acabou cortou o problema ‘pela raíz’ e protegeu a equipa ao contratar Carlos Sainz e Lando Norris – que têm sido uma das duplas mais fortes de 2019. Primeiro, confirmou que Alonso não voltaria a testar este ano, e depois assegurou que a McLaren se tornaria na primeira equipa a confirmar a sua formação de pilotos para 2020.

E assim foi, Carlos Sainz e Lando Norris renovaram e as dúvidas sobre Fernando Alonso dissiparam-se.

Instantaneamente, a estabilidade e o apoio do público reforçaram a confiança de Sainz e Norris e anularam uma potencial distração.

A sombra imponente de Alonso já não pairava sobre eles. Com isto, uma mensagem foi enviada para a equipa: o sucesso do projeto não será apenas um homem, mas um esforço coletivo.

Há um longo caminho a percorrer para que McLaren recupere as glórias do seu ilustre passado e levará meses, possivelmente anos, para que os planos que Seidl e da sua equipa estejam implementados e deem frutos.

Mas, pela primeira vez em mais de uma década, a McLaren parece ter uma base sólida – e a força de trabalho certa – sobre a qual construir.

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