A importância de um piloto norte-americano na Fórmula 1

Por a 1 Dezembro 2021 16:28

A Fórmula 1 está em crescimento nos Estados Unidos da América, o Grande Prémio realizado em Austin foi um sucesso, e no próximo ano teremos duas provas em terras do “Tio Sam”, mas falta ainda a última peça – um piloto que possa gerar paixões entre os americanos.

Desde que a Liberty assumiu o controlo de todos os aspectos comerciais da categoria máxima do desporto automóvel que o mercado norte-americano foi apontado como uma prioridade, uma escolha perfeitamente normal, dado ser ainda o maior do mundo e desde então têm sido dados passos firmes e sustentados que tem vindo a aumentar a visibilidade do mundo dos Grandes Prémios nos Estados Unidos da América.

O engajamento dos adeptos americanos através das redes sociais tem sido importante, assim como acções como a recente parceria entre a Fórmula 1 e a NBA, mas foi o documentário “Drive to Survive”, que deu a possibilidade aos fãs de conhecer mais sobre as personagens e os bastidores da categoria, o que foi determinante para que a última prova realizada em Austin tivesse sido um sucesso comercial, com quase quatrocentas mil pessoas a passar pelos portões do Circuit of the Americas ao longo dos três dias do evento.

Para cimentar a sua posição nos “States”, a FOM assegurou um contrato para um segundo Grande Prémio, a prova que será realizada em Miami, e está a negociar um terceiro evento nos Estados Unidos da América, que deverá ser realizado em Las Vegas a médio prazo.

Com três provas no país do “Tio Sam” a Fórmula 1 espera ter lá uma presença ainda mais intensa e assídua, criando um maior impacto mediático e gerando maior interesse.

Mas se todos os passos dados até agora têm sido seguros e sustentados, falta ainda um último degrau para que a categoria máxima do desporto automóvel ‘rebente’ no El Dorado – um piloto americano na grelha de partida.

O último piloto oriundo da América a marcar presença na Fórmula 1 foi Alex Rossi, mas este, integrado na Marussia/Manor entre 2014 e 2016 e sem qualquer perspectiva de resultados de relevo, não teve como gerar interesse no seu país, sendo quase desconhecido até ter começado uma carreira de sucesso na IndyCar.

O mesmo se pode dizer de Scott Speed que foi piloto da Toro Rosso em 2006 e em parte de 2007, mas o americano nunca conseguiu resultados, mostrando-se algo desalinhado com as exigências da Fórmula 1.

Na verdade, desde Mario Andretti, Campeão do Mundo de 1978, que os Estados Unidos da América não uma estrela por quem puxar e capaz de poder dar sucessos a um povo habituado a ganhar dezenas de medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos, por exemplo.

A Fórmula 1 precisa que um piloto americano assuma o manto deixado pelo mais famoso dos Andretti e ainda não foi reclamado por ninguém, devido à falta de um sucessor à sua altura.

O ideal seria alguém que saísse da NASCAR directamente para a categoria máxima do desporto automóvel. Esta série americana é um dos campeonatos mais vistos no seu país de origem, sendo os pilotos conhecidos do grande público.

A entrada de um deles no mundo dos Grandes Prémios suscitaria um profundo interesse entre os adeptos americanos.

Contudo, os homens que fazem parte da categoria americana dificilmente arriscariam dar um salto para o desconhecido, até porque as exigências são bastante distantes e os pilotos são bem remunerados, para além de a Cup Series ser um fim em si mesmo, ou seja, o pináculo para a maior parte dos pilotos que assumem esta carreira.

Outra possibilidade que poderia ser interessante para a Fórmula 1 era um piloto já de créditos firmados dar o salto da IndyCar para o mundo dos Grandes Prémios.

As duas competições não são completamente diferentes, havendo uma grande aproximação entre ambas no que diz respeito àquilo que exigem aos seus pilotos, tendo até há havido alguns que deixaram a competição americana para a mais importante competição da FIA – Juan Pablo Montoya, Alessandro Zanardi, Sebastian Bourdais, só para nomear alguns.

Existe até um nome da IndyCar que tem sido aventado como possibilidade – Colton Herta.

O americano chegou mesmo a ser dado como uma hipótese para um dos monolugares da Sauber / Alfa Romeo em 2022, aquando da tentativa frustrada de Michael Andretti em controlar a equipa helvética.

O americano, caso todo o negócio tivesse sido levado a bom porto, teria realizado a primeira sessão de treinos-livres de sexta-feira do Grande Prémio dos Estados Unidos da América, no que seria um excelente golpe publicitário para a Fórmula 1 e para o próprio piloto.

No entanto, com o sucumbir das negociações entre a Andretti e a Sauber, Herta viu as suas possibilidades substancialmente reduzidas de poder chegar aos Grandes Prémios.

O jovem de vinte e um anos é já conhecido nos “States” e a sua entrada na Fórmula 1 conseguiria levar o pináculo do automobilismo até aos adeptos americanos, mas na situação actual, sem que Andretti consiga ingressar na categoria, dificilmente o poderemos ver numa grelha de partida de um Grande Prémio.

Outro piloto americano com pretensões em chegar à Fórmula 1 é Logan Sargeant.

O jovem de vinte anos tem vindo a disputar nas últimas temporadas o Campeonato FIA de Fórmula 3 com resultados interessantes e, recentemente, foi integrado na academia da Williams, uma equipa com ligações à américa através dos seus donos.

Sargeant estrear-se-á no próximo fim-de-semana na Fórmula 2, dando mais um passo rumo à Fórmula 1 e poderá até encontrar um lugar na Williams no espaço de dois a quatro anos, mas sendo um piloto formado na Europa, é um perfeito desconhecido no seu país e só bons resultados na categoria máxima o poderia tornar numa estrela no Estados Unidos da América, o que poderá não ser um dado adquirido.

As perspectivas de termos um piloto americano gerador de interesse pela Fórmula 1 a curto médio / prazo, como se vê, não fantásticas, mesmo com o esforço da FOM em marcar uma presença mais forte no mercado do país do “Tio Sam” e isso poderá ser um entrave ao crescimento sustentado da categoria, dado que dificilmente poderá lá haver uma evolução da importância da maior competição da FIA sem alguém por quem os adeptos locais possam torcer e que possa congregar paixões.

Mas veremos quais os passos dados nos próximos meses por Stefano Domenicali e os seus homens no que diz respeito a este assunto.

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Scb2
Scb2
2 anos atrás

Interessante seria ir buscar palavras do Alex Rossi este ano que falava como é praticamente impossível ao um piloto da escola americana chegar à F1: a pressão na escada de acesso à F1 é intensa, a política também e os pilotos passam muito tempo longe de casa, enquanto na américa é um ambiente familiar e relaxado. Por isso ele, e mesmo Colton Herta vieram para a europa, mas a maioria prefere ficar na américa e sonham com a Nascar ou com a Indy 500. Neste momento dificilmente (para não dizer impossível) um piloto da Indy vai para a F1 e… Ler mais »

RedDevil
RedDevil
Reply to  Scb2
2 anos atrás

Há aqui uma pequena “confusão” nas idas/vindas da F1 para a Indy…
O Montoya e o Bourdais vieram da Indy para a F1 mas o Zanardi não… o Zanardi esteve primeiro na F1, foi para a Indy e depois regressou à F1…
Não sei como é que se esqueceram do Jacques Villeneuve, o qual foi campeão do mundo em 97. Também esteve (pouco tempo) o Michael Andretti em 93 na McLaren. Ambos vindos da Indy…

Scb2
Scb2
Reply to  RedDevil
2 anos atrás

Foi o que disse (ou queria dizer). O Zanardi correu na F1 e depois foi pra Indy. O Bourdais fez testes e esteve para ser contratado pela Arrows ainda em 2002 mas esta faliu. Fez testes pela Renault mas esta preferiu o Montagny (piloto testes/reserva). Depois em 2006 fez vários testes pela Toro Rosso para onde vai em 2007. Não cai de paraquedas.

ruimssousa
ruimssousa
Reply to  RedDevil
2 anos atrás

Talvez não tenha sido referido o Jacques Villeneuve por ele ser canadiano.

RedDevil
RedDevil
Reply to  ruimssousa
2 anos atrás

e os outros são americanos? nenhum dos 3 é… a questão é vir da Indy para a F1…

Zé Bellof
Zé Bellof
2 anos atrás

Falta aqui um bom piloto norte americano que apesar de nunca ter ganho nenhum GP foi sempre competitivo e se não estou em erro o piloto dos States com mais GP’s disputados na F1. Eddie Cheever

RedDevil
RedDevil
Reply to  Zé Bellof
2 anos atrás

O Cheever não veio da Indy… fez a escola de monolugares europeia…

Zé Bellof
Zé Bellof
Reply to  RedDevil
2 anos atrás

Sim correto, mas o artigo é sobre pilotos norte americanos que passaram na F1 e era injusto não mencionar o Cheever. Aliás quando saiu da F1 também foi para a Indy ou Champ Car.

can-am
can-am
2 anos atrás

Isso sempre se falou( há séculos!).O problema é:onde é que eles estão? O automobilismo americano é essencialmente o mundo NASCAR. As corridas de open whell que até aos anos 70 eram o máximo,perderam muito o peso com as guerras USAC/ INDY, INDY /CHAMP, CHAMP/IRL.e com mr Bernie e FIAs sempre a minar para que esse mundo nunca pudesse fazer concorrência com a europeia F1. Hoje o campeonato Indy é bom,mas não tem muito a ver como que foi há 50 anos etc. O Alexander Rossi ( origem italiana), foi o último americano a experimentar a F1.Mas,por mais GPs que façam… Ler mais »

Last edited 2 anos atrás by Speedway
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