A dança dos chefes de equipa na Fórmula 1

Por a 13 Dezembro 2022 16:20

Desde que começou a ser avançada a possibilidade de Mattia Binotto sair da Ferrari que o mercado de chefes de equipa tem estado mexido, mas ontem a Williams espoletou uma movimentação que só terminou hoje com mudanças em quase cinquenta por cento das equipas.

Depois da saída do italiano do leme da ‘Scuderia’ era esperado que fosse Frédéric Vasseur o timoneiro do barco de Maranello, mas talvez fosse inesperada a repentina saída de Andreas Seidl da McLaren para ocupar o lugar do francês na Sauber, o que levou à promoção de Andrea Stella no seio da formação de Woking.

Já a saída de Jost Capito da Williams, que levou por arrasto François-Xavier Demaison, foi tão inusitada quanto inesperada.

A entrada de Vasseur na Ferrari era aguardada e marca uma ruptura no modus operandi da ‘Scuderia’ desde a saída de Jean Todt, que passava por promover pessoas da sua própria organização ou da sua zona de influência para liderar a equipa.

Esta alteração evidencia que John Elkann e Benedetto Vigna pretendem uma alteração no modo de funcionamento da equipa de Fórmula 1 da Ferrari, precisando de um homem fora da organização para liderar uma mudança que não se prevê que seja uma revolução, antes uma gradual, uma vez que o legado de Binotto deixa um departamento técnico muito competente, tanto do lado dos motores como do chassis, como se pode verificar com a competitividade evidenciada pela o F1-75.

No entanto, a saída de Vasseur da Sauber acabou por ter impacto na McLaren, que viu sair Seidl para a equipa suíça. A formação de Hinwil, hoje conhecida como Alfa Romeo, será a representante da Audi a partir de 2026, quando a marca de Ingolstadt entrar na Fórmula 1 com a sua própria unidade de potência.

Esperava-se que o construtor germânico quisesse colocar na estrutura helvética homens da sua confiança e Vasseur teria o seu posto de CEO e chefe de equipa a prazo devido a este facto velado.

Segundo Zak Brown, a saída do alemão estava já prevista, depois deste ter avisado o americano que sairia da equipa no final do seu atual contrato, que termina em 2025, mas a Ferrari acabou por espoletar uma antecipação do cenário em três anos.

Isto demonstra bem o poder que a Audi já tem na Sauber e na Fórmula 1, sendo o Seidl o homem que escolheu para dirigir a sua aventura na categoria máxima, como demonstra o comunicado distribuído pela marca alemã apenas oito minutos após o anúncio da formação helvética a mostrar a confiança no novo CEO da estrutura de Hinwil – como é evidente esta contratação foi indigitada pelos alemães, que apostaram num nome conhecido do Grupo Volkswagen.

No entanto, Seidl não ocupa totalmente o vazio deixado por Vasseur, uma vez que não assumirá o cargo de chefe de equipa.

Espera-se nas próximas semanas que seja revelado o nome do titular deste cargo, mas seguramente que será alguém da confiança da Audi.

A McLaren decidiu promover Stella, que até agora desempenhava o papel de director executivo depois de entrar na equipa em 2015, acompanhando Fernando Alonso, quando este deixou a Ferrari.

O italiano é um dos homens de confiança de Brown, que apontou que este seria a escolha para o lugar quando Seidl deixasse a McLaren como planeado, em 2025.

Com esta promoção o americano aposta na continuidade, dando sequência ao trabalho iniciado pelo alemão em 2019 e que, muito embora tenha visto a formação de Woking perder posições no Campeonato de Construtores dos dois últimos anos, tem vindo a dar frutos competitivos, assistindo-se a uma aproximação consistente das três equipas da frente.

Se apesar de tudo estas movimentações, muito embora inesperadas, não são extremamente surpreendentes, já a saída de Capito da Williams foi inusitada.

O alemão, também com ligações ao Grupo Volkswagen, entrou na Williams em Dezembro de 2020 com o intuito de fazer progredir a histórica equipa que estava de joelhos tanto competitivamente como organizacionalmente.

Ao longo do ‘reinado’ do alemão assistiu-se a uma evolução da equipa, mas 2022 revelou uma quebra ao nível dos resultados relativamente à temporada passada, o que poderá não ter caído bem na Dorilton Capital, a dona da Williams, que deveria esperar um salto competitivo com a introdução do novo regulamento técnico.

Ainda assim, nada fazia prever a saída de Capito, que escolheu os pilotos para a próxima temporada – mantendo Alex Albon e promovendo Logan Sargeant, que fazia parte da academia da equipa.

Ainda mais revelador da quebra de confiança no alemão por parte dos homens do topo é o facto de FX Demaison, também oriundo da Volkswagen e levado por Capito para assumir a função de diretor técnico, ter saído com este.

É notório que a Dorilton Capital pretende uma mudança profunda no funcionamento da Williams, desejando um corte com o que se passou nos últimos meses, muito embora mantenha Sven Smeets, também contratado por Capito e com ligações à Volkswagen, como director desportivo.

Esta foi uma movimentação completamente separada da dança de cadeiras realizada hoje, pelo menos, aparentemente, estando a formação de Grove neste momento sem chefe de equipa e director técnico.

Isto demonstra que ou a decisão de rescindir com Capito e Demaison não fez parte de um plano amadurecido ou que os nomes dos seus substitutos não podem ser ainda anunciados… Veremos nas próximas semanas.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Destaque Homepage
últimas Autosport
destaque-homepage
últimas Automais
destaque-homepage