As melhores histórias da F1 em 2015

Terminou mais uma época do Mundial de Fórmula 1, num ano marcado pelo tricampeonato de Lewis Hamilton, boas lutas em pista entre o campeão e o seu colega de equipa, Nico Rosberg, mas também pelo aumento da competitividade da Ferrari, na mesma escala em que a Red Bull caiu. A McLaren reavivou a sua parceria com a Honda, mas fez história pela negativa, já que a temporada culminou como a pior de sempre da história de Woking, desde 1980. Recordemos alguns dos momentos da temporada…

GP da Austrália

O Mundial de F1 começou sem Fernando Alonso, fruto do seu estranho acidente nos testes de Barcelona, mas com Charlize Theron, com a bela atriz, do filme Mad Max: Estrada da Fúria, por exemplo, a marcar presença em Melbourne. O arranque começou sem surpresas, vitória da Mercedes, mas com altos e baixos na Ferrari. Vettel estreava-se na Ferrari com um pódio e Kimi Raikkonen entrava em 2015 com uma roda mal apertada: “Sorry, Kimi…”, ouviu-se da boxe. No pódio, Arnold ‘Exterminador’ Schwarzenegger debitava o inevitável: “I’ll be back…” Estava dado o mote…

GP da Malásia

Foi curioso o bate boca entre Nico Rosberg e Sebastian Vettel ainda na conferência de imprensa do GP da Austrália. Dizia o alemão da Mercedes: “É bom que os rapazes de vermelho se cheguem para mais perto… desde que não seja perto demais”. Respondeu o alemão da Ferrari: “Terminas 30 segundos na frente e esperas que nós fiquemos mais perto? Mas vais abrandar?” A conversa continuou, Rosberg insistiu “Quero que as pessoas se divirtam a ver a corrida, no circuito e na TV, se tu (olhando para Vettel) estiveres um pouco mais perto” Vettel replicou: “Se não te importares e abrires a tua boxe, e todos pudermos ver o que se passa…”. Rosberg fez tanta questão de ‘chamar’ a para mais perto, que a Ferrari fez-lhe a vontade. No final da corrida de Sepang, era Vettel que gritava – triunfante – no rádio: “Grazie, grazie, grazie, Forza Ferrari…”. Segunda corrida do alemão na Ferrari, primeira vitória…

GP da China

Época desastrosa até aqui da Red Bull, terceira corrida, mais um desastre, e só o abandono de Max Verstappen evitou nova derrota face à Toro Rosso. Primeiros sinais de confusão na Mercedes, com Rosberg a acusar Hamilton de não ter andado suficientemente depressa no segundo stint, permitindo a aproximação de Vettel: “não sou eu que tenho que gerir a corrida dele” respondeu Hamilton.

GP do Bahrein

Como muito bem disse Maurizio Arrivabene no final da corrida, “o Kimi está de volta!”. Bela corrida do finlandês, graças também a uma estratégia audaciosa, conquistando o seu primeiro pódio desde o longínquo GP da Coreia de 2013 e logo no segundo lugar na frente de Nico Rosberg. No pólo oposto, Pastor Maldonado envolveu-se em mais incidentes num só dia do que muitos pilotos num ano inteiro: errou a posição na grelha, foi penalizado, tocou em Massa nas primeiras voltas, saiu várias vezes de pista e com um problema de software à mistura acabou só na frente dos Manor. De resto, o GP valeu pelo fogo-de-artifício no final.

GP de Espanha

Lewis Hamilton distraiu-se com o longo hiato entre o GP do Bahrein e Espanha. Foi até Las Vegas ver o fantástico combate de boxe entre Mayweather e Pacquiao e desconcentrou-se: “o meu principal inimigo sou eu, não o Nico ou qualquer outro piloto, pois tenho de garantir que me mantenho concentrado no grande objetivo de vencer o Mundial; se o conseguir estarei em muito boa posição, se não, só vou tornar a minha vida mais complicada.” Rosberg venceu e relançou campeonato…

GP do Mónaco

Com o glamour habitual e o melhor jogador do Mundo do futebol a assistir, Cristiano Ronaldo, ‘borrada’ do ano no pitwall da Mercedes com a decisão de chamar Lewis Hamilton às boxes para uma inútil troca de pneus: “Perdi esta corrida, não perdi, rapazes?” questionava o inglês pela rádio perto do final da corrida. Um erro inacreditável da Mercedes! Outro facto quente do Mónaco foi o acidente de Max Verstappen, que parecia mais o condutor de fim de semana que nem carta tinha ainda, ao invés do piloto espetacular e futuro Campeão do Mundo de F1 que já mostrou poder vir a ser…

GP do Canadá

Com Al Pacino a ver, Lewis Hamilton vingou-se das duas derrotas anteriores. Chegou a Montreal determinado, dominou os acontecimentos e venceu sem espinhas. Duas equipas de topo como a Red Bull e McLaren, andavam pelas ruas da amargura. Não é nada fácil, mas em Montreal, não vimos Daniel Ricciardo a rir, mas sim muito zangado e frustrado com a falta de andamento do RB11-Renault. Na Mclaren-Honda, mais um duplo abandono, o segundo do ano. Lentos, pouco fiáveis e com o consumo de gasolina mais elevado de todo o plantel, era isto o motor Honda. Mas o chassis da McLaren também estava longe das expetativas.

GP da Áustria

Num fim de semana de sonho para as redes sociais, grande susto logo na primeira volta com o acidente Kimi Raikkonen e Fernando Alonso, felizmente sem consequências, mas com muito tempo de antena. Nos minutos seguintes, o Twitter ‘abanou’ 14.000 vezes e a foto do McLaren em cima do Ferrari foi partilhada mais de 1.000. Em resumo, ‘twittou-se’ mais no minuto a seguir ao acidente que nos dez a seguir à vitória de Rosberg. É assim a ‘nova’ realidade da F1… Bem antes disso, o Twitter e o Facebook ‘tremeram’ de tanto rir, com as partilhas das imagens reais, e inventadas de um Maurizio Arrivabene distraído quase a ser atropelado no pitlane pelo Williams de Felipe Massa.

GP da Grã-Bretanha

Grande corrida com a ajuda da chuva! A decisão de Lewis Hamilton parar logo quando a chuva apertou, deu-lhe vantagem, pois passou os dois homens da Williams, que tinham feito uma partida canhão, duma assentada. Mas na Williams havia sorrisos amarelos. Satisfeitos com o andamento do FW37 no piso seco, mas também uma gritante falta de liderança estratégica e um péssimo desempenho dos monolugares com piso molhado deitou tudo a perder e duma possível e inesperada vitória a Williams passou para posições secundárias. Para quem parecia poder ganhar a corrida…

GP da Hungria

Para alguns, a melhor corrida do ano. Antes, a dor do desaparecimento de Jules Bianchi, que tinha perdido a vida na semana anterior. A vitória de Sebastian Vettel foi um bom tributo à memória de Jules Bianchi: “Merci Jules, estarás sempre nos nossos corações” disse Vettel quando cruzou a meta. Quem continua a dizer que é difícil ultrapassar em Hungaroring, não deve ter visto esta corrida, tanta e tão boa foi a ação. Grande luta entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, com o inglês a sair-se mal, mas os Mercedes tiveram demasiados incidentes para uma corrida só e nenhum dos seus dois pilotos ficou incólume. Há dias assim! Para além disso, não foram muitas as vezes que se viram dois Ferrari na cabeça do pelotão. O acidente de Nico Hulkenberg na reta da meta foi assustador, com peças a ficarem presas debaixo do monolugar que ficou sem forma de travar, mas tudo acabou bem… Destaque ainda para a Mclaren-Honda, que com o quinto lugar de Fernando Alonso teve o seu melhor desempenho do ano. E único!

GP da Bélgica

O domínio de Lewis Hamilton foi claro e a numa pista de alta velocidade como Spa-Francorchamps, a Mercedes esteve perfeita, colocando os seus oito carros entre os onze primeiros da grelha e ficou com cinco dos seis primeiros classificados da corrida. Ao colocar o Lotus no pódio, Romain Grosjean mostrou que merece carro melhor. Logicamente aproveitou o rebentamento do pneu de Vettel. A Pirelli viu rebentar dois pneus seus num único fim de semana, ambos em zonas que se percorrem a mais de 300 km/h. Nada bom para a imagem nem a confiança. Vettel chegou a dizer que se tivesse rebentado 300 metros antes estava ‘lixado’… Dos McLaren-Honda, David Coulthard disse em direto na BBC: “Só para clarificar, isto não é uma repetição em câmara lenta – isto é o andamento dos McLaren-Honda em reta…” No filme também ficou mal a Williams, que montou um pneu errado no carro de Massa. Alguém daltónico?

GP de Itália

O GP de Itália foi tão calmo para Lewis Hamilton que o único momento de tensão para o inglês só aconteceu… depois da corrida. A FIA convocou a Mercedes pois o Delegado Técnico detetara uma irregularidade na pressão do pneu traseiro esquerdo do W06 de Hamilton. Tudo acabou bem, e não se sabe muito bem se os assobios no pódio eram para Hamilton ou para a frustrante corrida que fez a Ferrari, claramente sem capacidade para a Mercedes, apesar do segundo lugar do pódio. Hamilton podia ir de férias cinco semanas, faltar a Singapura e Japão e voltar em Sochi, que ainda estaria na frente do Mundial!

GP de Singapura

Corrida marcada por uma inusitada invasão de pista. Aproveitando a distração dos Comissários e uma abertura nas redes, Yogvitam Pravin Dhokia, um cidadão inglês de 27 anos, foi tirar fotografias para a pista. Foi preso, condenado a seis semanas de cadeia. Segundo Vettel: “tive que olhar bem mas vi uma pessoa a tirar fotografias. Espero que tenha ficado boa, pelo menos que fique focada”. A corrida foi magistralmente ganha por Sebastian Vettel, que realizou uma primeira volta absolutamente espetacular. Quando viu que Hamilton teve problemas, voltou a fazer nova volta canhão e sentenciou de vez a corrida.

GP do Japão

Segundo na grelha, Lewis Hamilton deu um chega para lá a Nico Rosberg nos primeiros metros, e ganhou o embalo que precisava para vencer esta corrida. Um triunfo indiscutível, com ‘músculo’ no arranque. No pólo oposto, a McLaren-Honda, com Alonso a comparar o motor japonês ao de um simples GP2. Curiosa foi também a transmissão televisiva, pois Bernie Ecclestone estava chateado pelo facto da Mercedes não querer fornecer motores à Red Bull em 2016 e na TV quase não se viu Hamilton e Rosberg, primeiro e segundo da corrida. Uma birra com ‘recado’ à mistura!

GP da Rússia

O abandono prematuro de Nico Rosberg ter-nos-á privado duma luta que se antevia emocionante entre os dois W06 pois o alemão estava a ser claramente mais rápido no fim de semana. Depois de ter falhado a tentativa da mesma manobra de um ano antes, que lhe deu a liderança, este ano a ‘culpa’ foi da mola do acelerador do carro de Rosberg. O fim de semana ficou marcado pelos fortes acidentes de Romain Grosjean e Carlos Sainz Jr. O espanhol passou mesmo uma noite no hospital, mas foi autorizado pelos médicos a correr. Na corrida, o francês bateu violentamente nas barreiras. Depois de novo acidente de um Toro Rosso, ficou a conhecer-se a coragem de um Comissário russo, que foi a correr ao meio da pista buscar uma peça e ainda conseguir fugir de um Ferrari que se aproximava a grande velocidade. Kimi Raikkonen e Valtteri Bottas iniciavam um combate de finlandeses com vários ‘rounds’, que deu confusão… na Finlândia, entre os adeptos.

GP dos EUA

Lewis Hamilton assegurou nos EUA o tricampeonato, numa corrida em que teve alguma sorte com o erro de Rosberg, mas que fez por merecer. Logo após a partida deu um chega para lá a Rosberg, que depois do Japão voltou a ser suplantado no ‘braço’. A corrida mudou de rumo, mas um erro de Rosberg deu mesmo a vitória e tricampeonato a Hamilton. No final, antes do pódio, a frustração do alemão era imensa, e todos vimos Rosberg a não querer ‘apanhar bonés’ e a atirá-lo a Hamilton. Campeonatos à parte, muitos dizem ser a corrida de Austin a melhor do ano, tanta e tão boa foi a ação em pista. Uma tempestade perfeita de boa F1!

GP do México

Lewis Hamilton disse no fim da corrida “Já corro há muitos anos, mas nunca vi um público assim”. Efetivamente, este GP provou a vantagem de levar a modalidade para onde há adeptos interessados. E os mexicanos mostraram o que deve ser um GP de Fórmula 1, uma verdadeira festa, com bancadas cheias dum povo entusiasta, barulhento e animado. 89.000 espectadores… na sexta-feira! Nico Rosberg começou aqui a dar a volta ao texto, e bateu Hamilton em confronto direto sem apelo nem agravo. Já Vettel resumiu na rádio o seu fim de semana: “Fiz um trabalho de merda…” e Raikkonen e Bottas prosseguiam a sua embirração mútua. Round 2!

GP do Brasil

Nico Rosberg aprendeu com as primeiras curvas de Suzuka e Austin e em Interlagos já não foi batido, dando mesmo o mesmo remédio que provara a Hamilton, que chegou ao Brasil um pouco afetado, e não devia de ser pelos estragos que infligiu no seu Pagani Zonda com que bateu às 3h30 da madrugada no Mónaco, uns dias antes. Adiou a viagem para o Brasil, supostamente por estar doente, deixando escapar que eram festas a mais e andava cansado. Nada de especial, o tri já ‘cantava’, mas com tudo isso não conseguiu vencer no país do seu grande ídolo, Ayrton Senna. Na McLaren, Alonso aproveitou mais uma falha mecânica no McLaren para apanhar um pouco de Sol e um pouco mais tarde juntou-se a Button e foi ‘festejar’ a eliminação na Q1 para o pódio. Numa época tão difícil, faz sempre falta um pouco de humor…

GP de Abu Dhabi

Nico Rosberg termina a época em grande forma, ao ponto de dizer no final que por ele começava a próxima temporada já esta semana. A forma do alemão chegou quando menos precisava, mas desta forma leva para 2016 a esperança de ter finalmente descoberto a fórmula certa para bater Hamilton. O inglês ter-se-á desleixado um pouco após o tricampeonato, mas não deixou de alfinetar o seu colega de equipa: “Ser Campeão do Mundo é bem melhor do que vencer corridas”. Compreende-se, mas vamos ver como será 2016. Para já, Toto Wolff diz que o ambiente na equipa é mau por causa da relação entre os seus pilotos. De resto a época terminou com Sergio Pérez em grande forma e algumas indefinições para serem resolvidas na pré-época. Venha depressa 2016!

José Luis Abreu