Isidre Esteve de regresso ao Dakar: corpo mudou, mas não o espírito…

Por a 23 Dezembro 2025 11:28

Dezanove anos depois do acidente que lhe mudou a vida, Isidre Esteve regressa ao Rali Dakar em 2026 com o pacote mais competitivo de sempre: a nova Toyota Hilux DKR GR Campeã do Mundo de Rally‑Raid, adaptada para condução integral com as mãos, e um programa desportivo e tecnológico conjunto com a Repsol. Ao lado estará, mais uma vez, José María “Txema” Villalobos, que cumprirá a 10.ª presença na prova e passará ao estatuto Legend.

​Antes da lesão medular sofrida na Baja Almanzora em 2007, Esteve somou 10 participações no Dakar africano em motos, com duelos memoráveis frente a nomes como Coma, Despres, Sainct e Meoni, e dois quartos lugares (2001 e 2005) a roçar o pódio. A estreia em automóveis, em 2009, custou‑lhe um ano inteiro acamado devido a feridas de pressão causadas pelo banco, mas o catalão recusou desistir e regressou em 2017 com um “cojín inteligente” desenvolvido para proteger a sua saúde.

Em 2018 e 2019, Esteve voltou a aproximar‑se do top‑20, com dois 21ºs lugares que ainda hoje são o seu melhor resultado nos carros, e desde então tem trabalhado em conjunto com a Repsol na introdução de combustível 100% sustentável em competição. Fora dos troços, o seu exemplo de superação e otimismo materializa‑se na Fundació Isidre Esteve, que gere com a mulher, Lídia, ajudando diariamente pessoas com deficiência.

Nova Hilux DKR GR: mais performance, mais acessibilidade

Para 2026, o piloto de Oliana dispõe daquela que considera ser “a unidade mais competitiva” que já guiou: a nova DKR GR Hilux, vencedora do título mundial de Rally‑Raid (W2RC) após triunfos na África do Sul, Portugal e Marrocos. O carro, desenvolvido pela Toyota e adaptado pela Guidosimplex, integra a categoria Ultimate (ex‑T1+), a mais exigente do Dakar, com um motor V6 biturbo e conformidade total com o novo regulamento FIA ao nível de dimensões e desempenho.

A transformação mais decisiva está no posto de condução:

Acelerador frontal integrado no volante, acionado com as palmas das mãos.

Sistema de travagem traseira ativado pelas pontas dos dedos.

Após um teste recente, Esteve sublinhou a direção “muito sensível”, um carro que “corre, trava, segura nas curvas” e lhe permite ir “mais ao limite, mais rápido e com maior segurança”. O espanhol destaca ainda que esta é a mesma especificação com que Lucas Moraes se sagrou campeão mundial, algo que o coloca “tecnicamente na linha de partida nas mesmas condições dos melhores da grelha”.

Ambição desportiva e tecnológica para 2026

No plano desportivo, Esteve assume que o objetivo passa por “tirar alguns segundos por dia à classificação geral” com o novo carro, mas sem alimentar projeções artificialmente optimistas num pelotão onde mais de 25 pilotos oficiais e seis marcas estão envolvidas ao mais alto nível. “Estar à frente de alguns deles seria extraordinário”, admite, lembrando que, ao contrário dos tempos das motos com a KTM, “agora a concorrência em carros é brutal”.

Com a experiência acumulada, um carro de topo e uma estrutura consolidada, o catalão defende que é preciso “sair rápido desde o primeiro dia e dar o máximo em cada jornada”, convicto de que “tem todas as ferramentas e o apoio necessários” para comprovar “de que é capaz”.

Txema Villalobos: 10.º Dakar e estatuto Legend

Ao lado de Esteve estará, desde 2017, José María “Txema” Villalobos, mecânico catalão que passou de homem das ferramentas a navegador de referência no seio da estrutura Repsol Toyota Rally Team. Antes de se sentar no banco do lado direito, Txema já tinha participado em seis edições como mecânico, alimentando desde sempre o sonho de seguir o exemplo do seu ídolo, Ari Vatanen.

Conhecido no bivouac pela capacidade de encontrar soluções improváveis em plena especial – desde acionar limpa‑pára‑brisas manualmente a “trucar” o motor de arranque nas dunas –, o co‑piloto garante que, no dia a dia, continua a ser “mais tímido e campechano” do que as façanhas sugerem. Em 2026, ao completar o 10.º Dakar, torna‑se Legend e admite que se sentiria “super contente” se conseguisse superar o histórico 21.º lugar, obtido “com aquele BMW que preparava em casa”.

Com a nova Hilux DKR GR, a dupla chega ao Dakar “com vontade de desfrutar e dar um passo em frente”, embora consciente de que a edição de 2026 será “mais difícil do que nunca” devido ao elevado número de carros oficiais e ao nível global da grelha. Txema sublinha a importância de “acertar na navegação” e estar “super concentrado”, lembrando que, ao contrário de muitos co‑pilotos, não compete ao longo de toda a temporada.

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